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Produtor larga vida na cidade e dá exemplo de sustentabilidade

Produtor larga vida na cidade e dá exemplo de sustentabilidade

O apicultor Zé Henrique aprendeu com as abelhas a cuidar do meio ambiente e, neste ano, garantiu o primeiro lugar na categoria Produtor Rural no Prêmio Biguá

Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 17:01

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Sr. Zé Henrique, cultivador de abelhas, ganhou o Prêmio Biguá de Sustentabilidade na categoria Produtor Rural.
Sr. Zé Henrique em um de seus manejos de abelhas. (Gustavo Ribeiro)

Imagina você trocar a vida na capital, com bom salário, apartamento e conforto para recomeçar tudo do zero. Foi exatamente o que fez José Henrique Gravel, que há 20 anos veio com a esposa e as duas filhas, para a localidade de São Felipe, interior de Guaçuí. Sem saber nada da vida no campo!

“Nasci em Guaçuí, mas fui embora para Vitória aos dois anos de idade, quando trabalhava lá, tinha um salário muito bom, e aí, decidi vir pra roça. Foi assim que tudo começou”, contou o produtor rural.

Na época, a esposa, Tânia Gravel, não gostou nada da mudança. Chegou na propriedade querendo voltar. “Fui criada na cidade, tivemos nossas duas filhas e um certo conforto. Tinha certeza que com seis meses estaria de volta”, disse Tânia. Porém, a previsão dela não se concretizou. Ainda bem que não, pois menos de um mês depois a Tânia estava apaixonada pela nova vida.

Sr. Zé Henrique, cultivador de abelhas, ganhou o Prêmio Biguá de Sustentabilidade na categoria Produtor Rural.
Sr. Zé Henrique e sua esposa, Tânia Gravel, no manejo das abelhas em São Felipe. (Gustavo Ribeiro)

Quando a família veio para o sítio, o cenário era bem diferente. Para onde olhava era apenas pasto ou plantação de café. No meio a casa, feita de estuque e madeira. A residência centenária ainda é a mesma, porém o que se vê envolta é bem diferente. O pasto deu lugar a uma mata nativa.

“Viemos para cá e tudo era só pasto, começamos com café, depois fomos para o leite e queijo. Até que chegamos na produção de abelhas”, contou Zé Henrique. Foram esses pequenos insetos o motivo da grande transformação dessa família.

Apiário

Cinco anos após a chegada da família à propriedade, veio a ideia de começar a produção de mel. No entanto, ninguém conhecia nada sobre as abelhas, apenas que elas davam mel. Então, o casal começou a entender mais como esse inseto era importante na natureza, uma vez que desempenham o papel fundamental da polinização. Esse foi o pontapé inicial do projeto Polinizando Sustentabilidade.

“Quando começamos a criar abelhas, logo veio a ideia que precisaria de alimento para elas. Então, veio a ideia de plantar árvores nativas, palmitos e outras plantas, tudo pra que as abelhas ficassem nessa área, tivessem alimento para que a produção de mel não fosse prejudicada”, explicou José Henrique.

Sr. Zé Henrique, cultivador de abelhas, ganhou o Prêmio Biguá de Sustentabilidade na categoria Produtor Rural.
Sr. Zé Henrique no cultivo de abelhas, em São Felipe, interior de Guaçuí. (Gustavo Ribeiro)

Hoje, 80% da renda do sítio vem da apicultura, além do mel, produzem cera, pólen e a colméia também tem valor comercial. Criar abelhas, fez com que a Dona Tânia voasse, literalmente, para fora do país. “Fui representar o estado e o Brasil em um congresso na Argentina, onde tivemos a oportunidade de aprender mais”, contou.

Sustentabilidade

Todo esse aprendizado, reflete na propriedade, que tornou-se sustentável e um exemplo para outros produtores da região. A diversificação de cultivos e a recuperação da mata nativa, fez com que mais nascentes voltassem a brotar. Além disso, as abelhas voam apenas dentro da área do sítio, sem ter contato com plantas que contenham algum tipo de defensivo agrícola.

Sr. Zé Henrique, cultivador de abelhas, ganhou o Prêmio Biguá de Sustentabilidade na categoria Produtor Rural.
Área do sítio onde encontram-se as abelhas do Sr. Zé Henrique. (Gustavo Ribeiro)

“Quando a gente pensa em sustentabilidade são três eixos que a definem, o ambiental, social e econômico. Esse tripé tem que estar equilibrado, aqui na propriedade da família Gravel. O trabalho aqui está em um nível diferenciado”, explica o extensionista do Incaper, Maxsuel Assis

Pra vida toda

Depois de 20 anos do recomeço, o casal tem certeza que foi a melhor decisão que tomaram na vida. Os dois aprenderam a viver em comunidade com as abelhas e o projeto polinizando sustentabilidade levou benefícios aos vizinhos que também têm mais água em suas propriedades. Agora, você acha que o casal Gravel voltaria pra cidade?

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“Não! De jeito nenhum isso aqui é meu mundo, é qualidade de vida, olha isso aqui, com essa pandemia, tudo que nós fizemos pela natureza. Olho para o lado e sei que tudo que a gente faz, não é só pra mim. Ao invés de criticar quem corta uma árvore, eu tenho que ir lá e plantar duas. Estou colhendo só um pouco, isso aqui não é pra mim, é para quem vai vir ainda”, finaliza Tânia.

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