O almoço na casa da dona Djanira começa pela horta. Desde pequena criou o hábito de ter alimentos frescos, que tira da terra. Cresceu, casou, teve filhos e nunca deixou de lado o cultivo. Hoje, é responsável por um projeto pioneiro que une um sistema híbrido de produção de hortaliças e peixes.
Ela mora no interior de Jerônimo Monteiro, Região Sul do Estado, na localidade de Fazenda Gironda, a 30 quilômetros da sede do município. E foi lá, que um professor do curso de Engenharia de Aquicultura, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) a encontrou. Ele veio aqui, fez a horta e perguntou se eu cuidava, desde então, colhi muito alface e agora é cebolinha e tomate. Nunca tinha visto uma cebolinha crescer e ficar tão bonita assim, disse a agricultora.
Mas essa horta que a dona Djanira é responsável há oito meses, é um pouco diferente do que estava acostumada. É um sistema de Aquaponia, ou seja, a união da produção de hortaliças no sistema de hidroponia - cultivo na água - e criação de peixes, no caso dela, são tilápias.
Projeto
A ideia foi desenvolvida no Laboratório de Aquicultura Sustentável do Ifes/Campus de Alegre. Professor e alunos desenvolveram um sistema que é sustentável, com canos de pvc, caixa d ' água, bombas e filtros, chegaram a um sistema hídrico, de baixa manutenção e custo. O primeiro foi implantado em um lar de Idosos, ainda em 2019, mas foi desativado temporariamente por causa da pandemia.
Agora, o projeto foi implantado no campo, e a dona Djanira foi a escolhida para avaliar a funcionalidade do sistema, fora de um ambiente urbano. A gente ainda está verificando a durabilidade do bambu, se vai ser eficiente e quais problemas pode oferecer. Quando terminar esse ciclo, vai ser possível avaliar o custo total dele, explicou Thiago.
Como funciona
O sistema é uma integração da criação de peixes junto com plantas. O ciclo começa dentro do tanque onde ficam os peixes. A água dos peixes junto com dejetos e restos de ração, vão para uma caixa que funciona como um decantador. Dela, passam por dois biofiltros, que transformam a amônia gerada desse processo em nitrato, por um ação e bactéria, e essa água filtrada vai para o sistema de hidroponia. Gerando assim, um ciclo completo.
Essa transformação da amônia em nitrato é menos tóxica para os peixes e é altamente nutriente para as plantas, que o absorvem de forma mais eficiente, com isso crescem mais rápido. E quando essa água volta ao tanque de peixes, não é tóxica para os animais, explicou Thiago.
Alunos
Os alunos são fundamentais nesse projeto, são eles que fazem o controle. Vão visitar a propriedade a cada 15 dias e fazem a análise da água para garantir que esteja dentro dos níveis permitidos.
A gente vem para ver a saúde dos peixes e monitorar se estão bem. Fazemos a análise de água e colheita das plantas, e quando tem algum problema, a Dona Djanira avisa e a gente vem!, disse Leonardo Periard, estudante do curso de Engenharia em Aquicultura.
O projeto ainda vai levar mais seis meses para ficar pronto e ser levado a outros locais. Mas uma coisa é certa, ele é sustentável e está em equilíbrio com o meio-ambiente.
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