De alimentos para escolas da região a commodities que abastecem países da Europa e Ásia. Do local para o global, esse é o alcance de produtos capixabas feitos por gente da terra que, unida pelo cooperativismo, faz chegar em diferentes municípios, Estados ou países, o fruto do trabalho no ramo agropecuário, em especial da agricultura familiar do Espírito Santo.
A abrangência e a variedade das cooperativas capixabas já são reconhecidas por quem compra e vende produtos de origem agropecuária. Café, leite, queijo, peixe e até a pimenta-do-reino movimentam algumas cooperativas capixabas e suprem a demanda interna e, outras, a nacional e internacional.
No mercado local, os mais diversos setores são atendidos, e os pequenos produtores da agricultura familiar ganham força ao se juntarem em uma atuação solidária. É o caso da Cooperativa de Empreendedores Rurais de Domingos Martins (Coopram). Com a produção de bebidas artesanais, grande variedade de hortifruti, carnes e peixes, os cooperados podem vender seus produtos para diferentes públicos, com destaque para o de alimentação escolar.
Por meio de chamadas e editais, os mais de 200 cooperados abastecem escolas das redes estadual e municipais no Espírito Santo, além de instituições de outros Estados, como unidades do Exército, em Minas Gerais, e uma faculdade de São Paulo. O carro-chefe da Coopram é a piscicultura, atividade forte na região de Domingos Martins. Segundo o presidente Darli Schaefer, são mais de 10 toneladas de peixes vendidos por semana, o equivalente a cerca de quatro toneladas de filé, um dos produtos destinados à alimentação escolar.
Ainda no âmbito local, também se destacam as gigantes do ramo de laticínios. A Selita, marca capixaba tradicional no segmento, está há 82 anos no mercado atendendo não só à demanda do Espírito Santo, mas também do Sul da Bahia e do Rio de Janeiro. A variedade de itens é uma característica da cooperativa, que produz leite e derivados, tais como queijos, manteiga, iogurte, doce e requeijão.
Para manter o padrão de qualidade e atendimento sempre em alta, o presidente Leonardo Monteiro aponta as ações tomadas na cooperativa. A Selita trabalha com pesquisas de mercado procurando, nesse contexto, atender os consumidores com produtos que são definidos por eles, e isso nos coloca sempre em evidência no mercado, ressalta.
Para ampliar a capacidade de produção, a Selita está construindo um novo parque industrial, com uma área de cerca de 30 mil metros quadrados e capacidade de receber até 800 mil litros de leite por dia. Tudo isso para expandir a distribuição e atender às demandas do mercado.
Também no segmento de laticínios, a Veneza é outra cooperativa de destaque e uma das mais renomadas marcas do Espírito Santo, atendendo à demanda interna e, ainda, à de outros Estados da região Sudeste e a Bahia. Recentemente incorporada à Coopeavi, uma das maiores cooperativas capixabas, a Veneza mantém o padrão de qualidade nos mais diversos setores, com sua produção de queijos, manteiga, requeijão, doce de leite, num total de 50 itens.
A atuação da cooperativa fortalece a atividade leiteira, prestando todo o apoio e benefícios aos cerca de 700 cooperados produtores de leite, como assistência veterinária, programas de assistência técnica de produção intensiva, insumos de qualidade a preços acessíveis, projeto de recria de bezerras de melhoramento genético, subsídios para plantio e corte de alimento volumoso para vacas, entre outros.
E todo esse suporte resulta na produção. Atualmente, de uma média de 170 mil litros de leite captados por dia, 70 mil litros são usados para leite empacotado, 75% destinados para a produção de queijos e outros 25%, para outros derivados.
Conhecido por ser um dos maiores produtores de café do Brasil, o Espírito Santo se destaca tanto no mercado interno quanto no externo. Exemplo disso é a Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul). Formada por 165 cooperados de sete municípios da região Sul do Estado, a cooperativa fornece café em grãos para indústrias de São Paulo e Paraná, e ainda comercializa um produto especial no Espírito Santo.
Segundo o presidente da Cafesul, Renato Theodoro, a própria cooperativa realiza concursos para eleger os melhores cafés e com eles prepara uma edição especial, vendida para supermercados e cafeterias no Sul e Grande Vitória. O Casario e o Póde Mulheres, este feito exclusivamente por produtoras, são reconhecidos por certificado internacional. Além do prestígio local, as marcas também são reconhecidas nacionalmente.
A embalagem do Casario foi premiada em 2019 como o melhor design de embalagem de café do Brasil na Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte. A área de marketing da OCB/ES nos ajudou a desenvolver esse design, assim também como o da Póde Mulheres, valoriza Theodoro.
O café capixaba também atende às demandas do exterior. Produzido e colhido no chamado cinturão produtivo de conilon nos Estados do Espírito Santo e Bahia, o grão produzido e comercializado pela Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) já pode ser visto e consumido nos mercados americano e europeu.
A base sólida e regular de produção é fruto da grande capacidade produtiva da Cooabriel. Afinal, são mais de 6 mil famílias cooperadas. Para a cooperativa, o atendimento técnico junto aos produtores associados promove uma difusão de tecnologias e conhecimentos e representa um incremento de produtividade e qualidade.
O resultado desse trabalho pode ser representado em números. Em 2019, foram 1,51 milhão de sacas de cafés comercializados, totalizando um faturamento de R$ 637 milhões. Para manter o nível de produção, diversos investimentos são realizados juntos aos cooperados. De acordo com a Cooabriel, estão disponíveis três programas de assistência técnica aos cooperados, com 15 departamentos técnicos.
Outro produto capixaba de sucesso no exterior é a pimenta-do-reino. Produzida, beneficiada e exportada pela Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), no Norte do Espírito Santo, a especiaria é enviada para mais de 25 países em todo o mundo, com concentração na Europa e Ásia.
São mais de 350 cooperados da região de São Mateus, que produzem a abastecem a cooperativa, que conta com sua própria estrutura de beneficiamento, antes de enviá-la para o exterior. Em 2020, serão mais de 3 mil toneladas exportadas, segundo o presidente da cooperativa, Tomas Silveira.
Vendemos insumos, damos assistência, palestras e demais informações para os cooperados. Buscamos o produto na propriedade, fazemos todo o serviço de logística, e vendemos. Como a cooperativa é mais transparente, tem que mostrar os resultados, balancetes, o cooperado tem a segurança de não estar sendo enganado. Como ele é dono também, tem o direito de saber quanto está ganhando, é uma negociação mais transparente, finaliza Silveira.
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