Lenín Moreno vivia em Genebra, longe da política, quando o então presidente do Equador, Rafael Correa, propôs que ele se candidatasse a sua sucessão nas eleições de 2017. Havia anos que Moreno não se dirigia aos equatorianos, e sua conta no Twitter estava desatualizada. Ao aceitar a candidatura da Aliança País, ele começou uma intensa campanha para colocar sua popularidade em dia, o que o levou, segundo uma reportagem do "New York Times", a comprar seguidores para melhorar sua posição e divulgar suas opiniões com maior repercussão através da rede social.
A reportagem, publicada no último fim de semana, revela que a conta @Lenin adquiriu dezenas de milhares de seguidores e retuítes para impulsionar sua campanha eleitoral no ano passado. O jornal americano cita como fonte anônima um assessor da Presidência. Nem Moreno nem sua equipe de assessores se pronunciaram para confirmar ou desmentir oficialmente que o mandatário tenha sido sido cliente da empresa Devumi, dedicada a criar e vender perfis falsos a políticos, artistas, jornalistas ou personalidades públicas que querem incrementar sua repercussão nas redes sociais.
As informações visíveis no perfil do Twitter indicam que ele abriu sua conta em outubro de 2012, apenas um ano antes de deixar o cargo de vice-presidente que ocupou, desde 2007, no primeiro governo de Correa. De sua primeira gestão, não restam quaisquer mensagens, já que os mais de 1.500 tuítes que acumula são posteriores a 26 de julho de 2016. Em outubro daquele ano, Moreno aceitou a proposta de se candidatar à sucessão de Correa.
Atualmente, o presidente equatoriano vem tendo aumento nos seguidores no Twitter. Em abril de 2017, um dia depois de ganhar o segundo turno, ele tinha pouco mais de 260 mil seguidores, e agora soma 586 mil. Moreno, no entanto, ainda está longe da popularidade de Correa, com quem mantém um embate tanto no terreno real quanto no virtual. O ex-presidente, que dedicou os últimos meses a fazer oposição ao que considera uma "traição" ao seu legado, tem 3,3 milhões de seguidores e anos de experiência em explorar o poder de difusão das redes sociais.
O jornal "EL PAIS" consultou a Presidência na segunda-feira sobre quanto dinheiro foi gasto na compra de seguidores e de onde esses recursos vieram, mas nenhuma resposta foi recebida.
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