A primeira-ministra britânica, Theresa May, confirmou nesta sexta-feira (7) sua renúncia da liderança do partido Conservador, o primeiro passo para ela deixar o comando do governo.
Há dois anos e 330 dias no cargo, May teve seu governo marcado pelas indefinições sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o brexit.
No fim, a incapacidade de obter a aprovação do Parlamento britânico ao acordo de divórcio que ela negociou durante dois anos com Bruxelas obrigou May a pedir dois adiamentos para o brexit, o segundo deles até 31 de outubro.
Essa demora minou seu apoio dentro do partido, em especial a ala eurocética, que acusava a primeira-ministra de ter feito concessões demais à União Europeia.
Com o impasse instalado, ela anunciou em 24 de maio que renunciaria a liderança de seu partido nesta sexta, após o fim da visita de Estado do presidente americano Donald Trump ao Reino Unido.
A renúncia aconteceu por meio de uma carta enviada ao comitê que representa os parlamentares do partido e não há nenhum evento agendado para marcar a data.
May continuará como como primeira-ministra até que os conservadores escolham um novo líder, que precisará ter seu nome aprovado pelo Parlamento para assumir a chefia de governo.
Como a coalizão entre conservadores e o partido norte-irlandês DUP tem maioria na Casa, a tendência é que isso ocorra com certa facilidade.
"Pelo resto de seu tempo no cargo, ela seguirá trabalhando em uma agenda doméstica que colocou no coração de sua liderança", disse a porta-voz de Theresa May a jornalistas nesta sexta.
A disputa pelo comando do partido vai começar na próxima semana e mais de uma dezena de parlamentares devem se inscrever.
Até o momento, o favorito para sucedê-la é o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, que no plebiscito de 2016 foi um dos principais líderes a favor da saída do país da União Europeia.
A vitória do brexit na votação fez o então primeiro-ministro, David Cameron -favorável a permanência no bloco- renunciar e May, sua secretária do Interior (cargo equivalente a ministro), venceu a disputa para sucedê-lo.
A vitória foi recebida com alguma surpresa na ocasião porque May também tinha defendido a permanência do país no bloco durante a campanha do plebiscito.
Por isso, ao assumir ela abriu seu governo para defensores do brexit e o próprio Johnson virou seu secretário de Relações Exteriores -ele deixaria o cargo em julho de 2018 em meio a desavenças com May sobre as negociações com Bruxelas.
Para tentar se fortalecer no cargo, May convocou eleições antecipadas em junho de 2017, mas a ideia deu errado.
O resultado da votação mostrou um crescimento da oposição trabalhista e os conservadores acabaram perdendo sua maioria no Parlamento -ela só conseguiu permanecer no cargo porque costurou um acordo com o DUP.
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