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Líderes mundiais adotam palavras e política de Trump

Líderes mundiais adotam palavras e política de Trump

Em países como Nigéria e Síria, a retórica do presidente americano é usada para promover uma agenda centrada na violência e na desinformação

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 12:16

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Donald Trump. (Evan Vucci)

O presidente Donald Trump usou sua posição pública para espalhar uma mensagem populista com uma linguagem muitas vezes despida de sutilezas diplomáticas, e humilhando os adversários.

Sua linguagem foi incorporada por líderes de outros países que a usam para justificar as próprias ações e promover políticas do mesmo teor.

EXÉRCITO NIGERIANO ABRE O FOGO CONTRA MANIFESTANTES

Em uma coletiva no dia 1.º de novembro, Trump sugeriu que os soldados americanos poderiam atirar contra migrantes se estes os atacassem com pedras. 

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Se eles jogarem pedras contra nossos soldados, nossos soldados vão revidar. Falei para eles que considerassem as pedras uma arma de fogo

Donald Trump
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Mais tarde, Trump explicou o que queria dizer: "Isso não significa que atirarão neles".

Mas menos de 24 horas depois de suas primeiras declarações, o Exército nigeriano postou um vídeo dos comentários no Twitter a fim de justificar os tiros disparados por seus soldados causando a morte dos manifestantes que jogaram pedras, no início da semana. Posteriormente, o exército deletou a mensagem, mas um porta-voz defendeu seu uso.

A Nigéria informou que três manifestantes foram mortos no confronto ocorrido na capital, Abuja. Mas segundo grupos de defesa dos direitos humanos mais de 40 pessoas morreram naquele protesto e em outros dois.

GRITOS DE "FAKE NEWS"

Desde a campanha presidencial de 2016, Trump normalmente costuma minimizar as críticas gritando que não passam de "notícias falsas". Ele também usou o termo para semear a desconfiança em relação aos principais veículos de informação.

Em resposta a um relatório da Anistia Internacional de 2017, segundo o qual seu governo foi responsável por milhares de mortes ocorridas nas prisões.

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Vocês podem forjar qualquer coisa, hoje em dia. Estamos vivendo na era das notícias falsas

Bashar al-Assad, presidente da Síria
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Falando ao jornal "The New York Times", em dezembro, um representante do alto escalão da polícia de Mianmar negou a existência de um grande número de muçulmanos, a minoria rohingya. "Não existe nenhum rohingya", declarou o oficial U Kyaw San Hla, definindo a afirmação como "notícia falsa". Os militares realizaram ataques brutais contra os rohingya, e usaram o termo "notícia falsa" para esquivar-se de eventuais investigações.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de Israel, forte aliado de Trump, agora recorre frequentemente à alegação de "notícias falsas" para denunciar seus críticos.

O governo de direita da Polônia também adotou a expressão. O presidente Andrzej Duda, que limitou a liberdade de imprensa, postou uma mensagem no Twitter em janeiro apoiando o uso do termo por Trump.

EXTREMA DIREITA NA EUROPA

Desde que centenas de milhares de pessoas entraram na União Europeia em 2015 pedindo asilo, a migração tornou-se uma das questões mais desagregadoras do Continente. Ao discuti-la, os políticos populistas e de direita da Europa descobriram muitos pontos em comum com Trump.

No dia 2 de novembro, Theo Francken, ministro da imigração da Bélgica, seguidor entusiástico de Trump nas redes sociais, destacou a sugestão de Trump de dar fim ao direito à cidadania com base no nascimento nos Estados Unidos como medida a ser copiada. "Muito se poderia dizer a favor desta ideia", inclusive na Bélgica, ponderou.

Matteo Salvini, líder da Liga, partido de direita da Itália, subiu ao poder com uma plataforma contra a imigração. Este ano, em sua campanha ele adotou o slogan "Italianos em primeiro lugar", retomando o "America First" de Trump.

BRASIL E ISRAEL

O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, aumentou o número de correligionários com lemas como "Vamos fazer o Brasil grande" que lembra o slogan da campanha de Trump. Sua recente eleição assinalou uma guinada radical para a direita no país, uma das maiores democracias do mundo.

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Bolsonaro, cuja posse acontecerá em 1.º de janeiro, afirmou que apoia uma das ações de Trump - e quer a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. E como Trump, Bolsonaro criticou asperamente a ONU por extrapolar suas atribuições.

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