Publicado em 17 de novembro de 2025 às 08:03
A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi considerada culpada de crimes contra a humanidade e condenada à morte por um tribunal em Bangladesh.>
O tribunal especial considerou Hasina responsável por ordenar uma repressão violenta aos protestos liderados por estudantes em 2024, durante os quais a ONU estima que até 1.400 pessoas morreram, a maioria por disparos das forças de segurança.>
Assim que a sentença de morte contra Sheikh Hasina foi anunciada, aplausos foram ouvidos dentro e fora do tribunal, como relatou Arunoday Mukharji, repórter em Daca, capital do país.>
Hasina classificou a decisão do tribunal como "tendenciosa e politicamente motivada" em um comunicado. Ela foi julgada à revelia e vive exilada na Índia desde que foi deposta do poder.>
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O processo contra a ex-premiê girou em torno das acusações de que ela ordenou e supervisionou uma repressão violenta para tentar se manter no poder diante das manifestações de 2024.>
A crise começou meses antes, quando Hasina venceu um quarto mandato consecutivo em uma eleição boicotada pela oposição e criticada como fraudulenta. Protestos estudantis contra o sistema de cotas no funcionalismo público — visto por muitos como um mecanismo de favorecimento político — rapidamente se ampliaram para um movimento nacional pedindo sua renúncia.>
À medida que as ruas explodiam em atos, Hasina endureceu o discurso, chamou os manifestantes de terroristas e autorizou prisões em massa. Um áudio vazado, cuja autenticidade ela nega, sugeria que a primeira-ministra teria instruído forças de segurança a usar armas letais contra civis desarmados.>
Alguns dos episódios mais sangrentos ocorreram em 5 de agosto de 2024, quando a líder fugiu do país e multidões tomaram sua residência oficial. Apenas naquele dia, pelo menos 52 pessoas foram mortas em ações policiais, segundo investigações de direitos humanos.>
Promotores afirmam que Hasina e seus principais assessores dirigiram um esquema de violência sistemática, que incluía o uso de munição real para dispersar protestos, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados ligados ao Awami League (seu partido político). A ex-premiê nega todas as acusações e diz nunca ter ordenado disparos contra civis.>
No mesmo tribunal, ela responde a uma segunda acusação de crimes contra a humanidade por desaparecimentos forçados durante seu governo, além de enfrentar um processo separado por corrupção. Seus aliados do Awami League também negam essas acusações.>
O julgamento ocorreu em um tribunal especial em Daca, sob um esquema rígido de segurança e diante de grande atenção pública. Hasina foi julgada à revelia, já que permanece exilada na Índia desde que foi deposta. Apenas um dos réus — o ex-chefe de polícia Abdullah al-Mamun — compareceu pessoalmente à sessão; o ex-ministro do Interior também foi julgado à distância. A corte leu detalhadamente todas as acusações, descrevendo a escala da violência atribuída ao governo durante a repressão aos protestos de 2024.>
Segundo correspondentes presentes, a sala do tribunal estava lotada e, quando a sentença de morte foi anunciada, aplausos irromperam tanto dentro quanto do lado de fora do prédio, obrigando os juízes a pedirem ordem. >
Críticos da ex-premiê haviam organizado uma manifestação próxima ao tribunal e celebraram o veredicto enquanto ele era lido. O processo, chamado de "farsa" por Hasina e descrito por ela como um "tribunal canguru", é parte de uma série de casos que o governo interino move contra antigos integrantes do Awami League.>
Filha de Sheikh Mujibur Rahman, líder da independência de Bangladesh e primeiro presidente do país, Hasina iniciou sua trajetória política como ícone pró-democracia nos anos 1980 e rapidamente se tornou uma figura central da vida pública. >
Ela governou Bangladesh em três períodos e acabou se tornando a premiê mais longeva da história nacional, sobrevivendo a atentados, prisões e à rivalidade feroz com partidos opositores. Nas últimas décadas, porém, enfrentou acusações de sufocar a oposição, controlar instituições e permitir abusos generalizados de forças de segurança.>
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