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Irã anuncia que vai superar limite de enriquecimento de urânio

Irã anuncia que vai superar limite de enriquecimento de urânio

"Nível de enriquecimento não será mais 3,67. Nós deixaremos esse compromisso de lado e ultrapassaremos o quanto quisermos, o quanto necessitarmos", disse o presidente

Publicado em 3 de julho de 2019 às 18:36

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Irã anuncia que vai superar limite de enriquecimento de urânio nos próximos dias. (Reprodução/Facebook | Arquivo)

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, anunciou nesta quarta-feira (3) que o país vai ultrapassar o limite de enriquecimento de urânio, estabelecido no acordo nuclear de 2015, a partir deste domingo (7).

"Nosso nível de enriquecimento não será mais 3,67. Nós deixaremos esse compromisso de lado e ultrapassaremos o quanto quisermos, o quanto necessitarmos. Nós vamos elevar para acima de 3,67", disse Rouhani, de acordo com a agência de notícias IRIB.

As potências europeias afirmam que a violação do acordo por Teerã aumentará as chances de um conflito entre o Irã e os Estados Unidos. As relações entre os dois lados estão tensas desde que o presidente americano, Donald Trump, retirou os EUA do acordo.

A principal medida americana foi proibir países aliados de importarem petróleo iraniano. A commodity é a principal fonte de renda do país.

O urânio enriquecido a 3,67% é considerado adequado para a geração de eletricidade e era o máximo permitido pelo acordo. Para fabricar bombas, o urânio enriquecido precisa ter 90% de pureza.

Rouhani acrescentou que a decisão é reversível. "Todas nossas ações podem ser revertidas à condição anterior em uma hora, por que estão preocupados?", disse o presidente iraniano.

Ele ainda anunciou que, caso os países europeus signatários do tratado não protejam o comércio iraniano, Teerã começaria a reativar a partir de domingo seu reator de água pesadas em Arak.

A França reagiu rápido à manifestação de Rouhani, avisando que o Irã não ganharia nada deixando o acordo e dizendo que "desafiar o acordo só aumentaria as tensões, que já estão altas".

Apesar disso, o país persa insiste que não está violando o trato e cita termos que permitem a uma parte do acordo temporariamente abandonar alguns de seus compromissos se considerar que o outro lado não está respeitando sua parte.

Na sexta (28), os países europeus tentaram convencer o Irã a desistir de romper os limites impostos pelo acordo, mas, segundo o diplomata iraniano Abbas Araqchi, ministro-adjunto de Relações Exteriores, enviado do país a uma reunião de emergência em Viena, houve "progresso, mas [que] ainda não atende às expectativas do Irã".

Apesar de ter abandonado o acordo, Washington exigiu que os países europeus garantissem que o Irã continuasse a cumprir os pontos do tratado. O Irã diz que isso não é possível, a menos que os europeus ofereçam ao país meios de receber os benefícios econômicos previstos pelo pacto.

Para seguir cumprindo o documento, Teerã quer que suas exportações de petróleo sejam restauradas para o nível de abril de 2018. Após a reunião desta sexta, a China disse que continuará a importar petróleo iraniano apesar da pressão americana.

O confronto entre EUA e Irã tomou dimensão militar nas últimas semanas, com Washington culpando Teerã por ataques a navios petroleiros no Golfo, o que o Irã nega.

Em seguida, o país abateu um drone americano que sobrevoava o estreito de Hormuz, por onde passam cerca de 20% do petróleo consumido no mundo. Washington disse que a aeronave estava em espaço aéreo internacional, mas o Irã sustenta que estava em espaço aéreo iraniano.

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Depois, Trump ameaçou bombardear alvos no Irã, mas desistiu no último momento ao ser informado de que os ataques poderiam tirar a vida de 150 pessoas.

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