Publicado em 18 de novembro de 2025 às 12:04
Um porta-voz do governo da Alemanha disse nesta terça-feira (18/11) que o chanceler Friedrich Merz lamentou não ter tido tempo durante sua passagem pelo Brasil para conhecer "a beleza natural deslumbrante" da região amazônica.>
A declaração foi dada após a BBC News Brasil procurar o governo alemão para comentário sobre a repercussão da fala de Merz a empresários em um evento na Alemanha no dia 13 de novembro, na qual ele comparou de forma depreciativa o Brasil com o seu país.>
Merz disse — depois de sua passagem pela Conferência da ONU para Mudanças Climáticas (COP30), em Belém — que seu país era um dos "mais bonitos do mundo" e que todos os jornalistas alemães que estiveram COP30 em Belém ficaram felizes de ir embora da cidade.>
"Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: 'Quem de vocês gostaria de ficar aqui?' Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, a noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos", disse o chanceler (cargo equivalente a primeiro-ministro).>
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Em nota à BBC News Brasil nesta terça-feira, um porta-voz de Friedrich Merz respondeu: "O chanceler lamentou que, devido à falta de tempo, não tenha podido viajar até a orla da Amazônia e vivenciar em primeira mão a beleza natural deslumbrante da região".>
"Contudo, ele pôde vislumbrar a magnitude dessa paisagem na noite de sua visita, durante um passeio de barco no Rio Guajará, no Delta do Amazonas", afirmou o porta-voz.>
E acrescentou: "O chanceler expressou seu profundo respeito pela conquista de organizar uma conferência internacional tão importante em Belém.">
Na nota, o porta-voz destacou que na breve visita à Belém, o chanceler alemão prometeu uma contribuição significativa ao fundo florestal proposto pelo governo brasileiro e que manteve uma conversa produtiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.>
"Em sua coletiva de imprensa em Belém, ele descreveu o Brasil como um importante país parceiro da Alemanha. O Brasil é o país latino-americano com o qual mantemos uma parceria estratégica e é, de longe, nosso maior parceiro comercial na América do Sul", disse o porta-voz do chanceler.>
"Há também mais de um milhão de falantes de alemão no Brasil, e mantemos laços estreitos nas áreas de política cultural e educacional, bem como de cooperação científica.">
Na segunda-feira, após a repercussão das falas de Merz, o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, disse que o Brasil é "um país maravilhoso" e lamentou não poder ficar mais tempo após a COP.>
Ela publicou na sua conta no Instagram uma foto em que aparece pescando na Amazônia.>
Na imagem, Carsten Schneider destaca sua fala, em português: "Brasil é um país maravilhoso, com um povo acolhedor e bom anfitrião. Pena que não poderei ficar mais tempo após a COP. Teria algumas ideias, por exemplo, pescar com os meus amigos da Amazônia". Essa declaração aparece em alemão no texto da postagem.>
As falas de Merz haviam provocado indignação em algumas autoridades brasileiras.>
O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), publicou em suas redes sociais um vídeo chamando de "arrogante e preconceituosa" a fala de Merz.>
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também reagiu à declaração em suas redes.>
"Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia. Um discurso preconceituoso do chanceler alemão", escreveu Barbalho na rede social X (ex-Twitter).>
Merz esteve na Cúpula dos Líderes em Belém, onde participou de um encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).>
O chanceler anunciou a participação da Alemanha no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).>
"Vamos contribuir com quantia considerável", disse Merz, durante entrevista coletiva. O valor, contudo, não foi confirmado.>
O fundo é uma das apostas do governo brasileiro em relação ao financiamento de ações para o combate às mudanças climáticas. O lançamento oficial do fundo foi feito na última semana e a expectativa do governo é de que ele possa, no longo prazo, arrecadar até US$ 125 bilhões.>
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