Neste ano de tantos desafios, as empresas com políticas socioambientais mostram-se na vanguarda de uma sociedade que não se interessa mais por marcas sem compromisso com o que é de fato importante. Durante o período mais intenso de isolamento social, causado pela pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas passaram a rever diversas ações e seus efeitos no dia da dia.
Com menos carros nas ruas, por exemplo, o nível de poluição do ar diminuiu e alguns passaram a observar o quanto sofre o meio ambiente num período de normalidade. Além disso, também se tornaram mais evidentes as diferenças sociais quando mais de 85,2 milhões de brasileiros precisaram se aglomerar nas filas de banco para receber o auxílio emergencial.
A professora do Departamento de Administração da Ufes, formada em Publicidade e Propaganda e especialista em Gestão Empresarial, Flávia Meneguelli, aponta que as empresas que verdadeiramente se importam com suas causas saem na frente. O resultado, de acordo com a especialista, é que essas ações geram mais valor à marca.
Hoje há consumidores que vão aos supermercados e leem os rótulos para saber mais informações sobre o produto que estão consumindo, como, por exemplo, se foi testado em animais. Eles pesquisam como é o relacionamento da empresa com os seus funcionários e as causas em que atua. Ter um posicionamento socioambiental não é uma tendência, mas sim uma obrigação da empresa, avalia.
A diretora de criação da Aquatro Comunicaçao & Marketing, Sylviene Cani Guaitolini, observa que já se foi o tempo em que empresas eram resumidas apenas a seus produtos ou serviços. Hoje, o valor de uma companhia engloba, principalmente, seu propósito e as causas que abraça. Adotar políticas socioambientais no espaço corporativo, atesta Sylviene, é de extrema importância para transmitir uma imagem ética e responsável frente aos exigentes consumidores, cada vez mais engajados com essas pautas.
Esse movimento das empresas se tornarem marcas ambientalmente responsáveis teve início nos anos de 1990, mas não perdeu a importância nos tempos atuais, segundo a professora Aparecida Torrecilas, do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda. Pelo contrário, essas práticas incorporadas nas organizações, de acordo com a especialista, ganharam ainda mais força.
De repente, esses termos 'responsabilidade ambiental' e 'sustentabilidade' entraram no vocabulário das empresas às vezes, sem quase nenhuma sustentação real , porque passaram cada vez mais a se configurar como exigências da sociedade, comenta.
Mas as empresas não podem ficar só nos discursos. Além de mostrar os benefícios de seus produtos e serviços, também precisam se posicionar sobre questões ambientais e sociais. As preocupações com as mudanças climáticas, cada vez mais evidentes e mais amplamente informadas à sociedade, a consciência das consequências do desenvolvimentismo desenfreado, a busca por alternativas viáveis para a nossa sobrevivência como espécie, fizeram com que as pessoas passassem a cobrar das empresas atuações mais concretas, finaliza Aparecida Torrecilas.
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