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'Estamos recuperando a imagem positiva', diz presidente do COB

"Estamos recuperando a imagem positiva", diz presidente do COB

Há um ano à frente do Comitê Olímpico, o "capixaba" Paulo Wanderley Teixeira avalia novo momento da entidade

Publicado em 4 de outubro de 2018 às 18:46

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No próximo dia 11 de outubro, Paulo Wanderley Teixeira completa exato um ano como presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Período esse que o potiguar - com o coração capixaba - define como produtivo, positivo, transparente e de muito trabalho. Mais do que isso: é um novo momento do COB.

Paulo nasceu no Rio Grande do Norte, mas se mudou para o Espírito Santo aos cinco anos. Foi em terras capixabas que ele se dedicou ao judô: virou técnico e presidente da Federação Espiritosantense de Judô. Um trampolim para, anos depois, ficar 16 anos à frente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). 

Em outubro de 2017,  ainda como presidente da CBJ, Paulo se tornou vice-presidente do COB. No entanto, assumiu o comando do Comitê Olímpico após escândalos com o então presidente Carlos Arthur Nuzman. De lá para cá, Paulo arrumou a casa, limpou o caixa e, inclusive, já inicia as perspectivas para o desempenho do Brasil em Tóquio-2020.

Você tem toda uma história no Espírito Santo e inclusive começou a carreira política aqui. Foi realmente um pontapé para você crescer no cenário nacional?

Claro, a minha ascensão, o embrião foi no Espírito Santo. Fui presidente da Federação de Judô, Federação Universitária, também fui técnico e daí eu galguei outras posições no cenário nacional.

Paulo Wanderley assumiu o COB em outubro de 2017. (COB/Divulgação)

E você consegue usar a experiência da CBJ agora à frente do COB?

Na verdade o ‘background’ vem justamente das experiências anteriores. Claro, não dá para comparar Federação, Confederação Brasileira de Judô e Comitê Olímpico do Brasil, são proporções diferentes, mas os problemas são semelhantes. Aumenta a proporção, há necessidade de mais conhecimento. Tive passagem por Confederação Sul-Americana, Pan-Americana, isso me deu uma bagagem mais ampla. Agora é um novo momento.

A sua gestão é baseada em três pilares: austeridade, transparência e meritocracia. Qual balanço você faz desse um ano como presidente do COB? Mais motivos para comemorar ou lamentar?

Tudo que foi falado foi posto em prática e está dando bons resultados. Não tenho do que me queixar. Tenho uma equipe muito boa, me cerco de pessoas capacitadas.

Em um dos pilares, a austeridade, eu posso citar a reestruturação de toda a máquina. Demos uma boa enxugada na equipe, que passou de 260 para 200 funcionários. A folha de pagamento, que era bastante alta, foi reduzida em aproximadamente 30%. Os contratos foram reduzidos entre 10 e 50%, inclusive com cancelamentos.

A meritocracia envolve a distribuição de recursos que o COB faz para as federações. Quem entregou mais, recebe mais. Parece lógico, mas nem sempre funcionava assim. Os critérios de distribuição têm duas vertentes: esporte e governança. Tem que ter resultado e boa administração. Todas as federações estão aderindo e faz parte dos critérios hoje impostos.

Quanto à transparência, o Comitê hoje é uma entidade totalmente aberta à comunidade, à imprensa, ao governo e aos próprios colaboradores internos. Todo mundo sabe o que tudo está acontecendo, está tudo no portal: salários, contratos... Essa transparência veio consolidar a imagem positiva que o COB está tendo. Temos um bom relacionamento com entidades internacionais, como Comitê Olímpico Internacional (COI), governo, Ministério do Esporte, atletas. Isso foi graças à reforma estatutária feita logo quando assumi.

Você acabou assumindo o COB em meio à polêmica e denúncias envolvendo o Carlos Arthur Nuzman. Como você enxergou essa oportunidade na época, que surgiu diante de tantos problemas?

Foi uma surpresa. Me senti incomodado com a situação quando assumi como presidente. Intempestivo. Mas é passado. Cabe a nós uma nova história.

Carlos Arthur Nuzman (à esquerda) e Paulo Wanderley. (Heitor Vilela/COB)

Acredita que já conseguiu retomar a credibilidade do COB ou é um trabalho a longo prazo?

Considero que foi bastante efetiva essa aceitação do Comitê Olímpico dentro do cenário político, público. Estamos sempre caminhando, eu nunca considero a obra acabada. É igual igreja, está sempre construindo (risos).

Recentemente o Brasil participou do Mundial de Judô e teve apenas uma medalha – foi a pior participação do País desde 2009. Por que a gente não vê uma evolução refletida em medalhas de ouro?

O judô historicamente tem bons resultados. O judô tem a característica de se recuperar rápido. Não foi um bom Mundial, mas o esporte pode se recuperar a curtíssimo prazo. Por outro lado, tivemos a oportunidade de testar novos atletas que são promessas. Temos três judocas que participaram e mostraram a que veio. Muito provavelmente estarão em 2020 e com mais probabilidade ainda em 2024. Daniel Gargnin, Jéssica Pereira e Beatriz Souza, todos expoentes da categoria júnior.

Qual avaliação você faz da Rio-2016 e espera evolução para Tóquio-2020?

Foi um sucesso o evento. No Brasil e no mundo. Uma festa pura. Nós aumentamos o número de medalhas em relação à Olimpíada anterior, fizemos um maior número de finais, entramos para disputar finais em 75 provas. Tivemos um diferencial muito grande porque participamos com muitos atletas, já que o Brasil seria sede. Para Tóquio a equipe deve ser menor, com uns 250 atletas. O termômetro maior vai ser o campeonato mundial de cada modalidade em 2019, além do Pan-Americano de Lima. Ou seja, no ano que vem conseguiremos ter uma noção melhor da realidade e da expectativa de medalhas para Tóquio.

Como o COB vem lidando com novos esportes olímpicos que não são tão famosos por aqui, a exemplo do beisebol?

Beisebol, softbol e escalada são novos, ao contrário do caratê, surfe e skate, que já são mais conhecidos. Estamos dando a oportunidade para que evoluam. O objetivo é a vitória sobre si próprio. Se a modalidade não tem tanta representação, estamos dando esse suporte. Claro que o cenário olímpico é diferente, tem outras regras e responsabilidades maiores, mas certamente as modalidades com maior representatividade continental e mundial são as com maiores chances de medalhas.

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