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Aleksandar Petrovic: 'Quero um Brasil que defenda até sangrar'

Aleksandar Petrovic: 'Quero um Brasil que defenda até sangrar'

Técnico da Seleção Brasileira masculina de basquete admite preocupação de formar um grupo de atletas em forma e em atividade nos seus clubes para classificar equipe a Tóquio...

Publicado em 7 de abril de 2021 às 14:53- Atualizado há 3 anos

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(Divulgação/CBB)

Faltam 82 dias para o Pré-Olímpico de Split, na Croácia, quando o Brasil buscará sua vaga na Olimpíada de Tóquio-2020 no basquete masculino. Muito antes disso, porém, o país começou sua preparação em busca de um lugar no Japão. Após a Copa do Mundo da China, o técnico Aleksandar Petrovic iniciou seu planejamento, observou jogadores, de jovens aos mais experientes, e nas próximas semanas irá anunciar a lista de convocados para a disputa da competição entre os dias 29 de junho a 4 de julho.Petrovic jogará o Pré-Olímpico em casa. Split fica a menos de 100km de Šibenik, onde o técnico nasceu, e por três vezes foi técnico da Seleção da Croácia, a última delas na Olimpíada do Rio 2016. Para ele, jogar o torneio em seu lar será comum e o treinador acredita, inclusive, que tem vários trunfos a seu favor:

- A Seleção da Croácia sabe que conheço eles e todas as suas armas. Mas, neste momento, só estou preocupado com a estreia diante da Tunísia - garante o treinador.

+ Veja a tabela de jogos da fase final da Liga dos Campeões

Petrovic bateu um papo com a CBB sobre a preparação para o Pré-Olímpico. Confira abaixo.CBB: Como você encara o Pré-Olímpico?Petrovic: É importante pensar em tudo que pode passar. Como vamos chegar na Europa, o período de treinos, uma possível quarentena para talvez entrar em Split, protocolos da Covid-19. Tudo isso está sendo pensado e planejado pela Confederação da melhor forma possível. Não devemos treinar nenhum dia no Brasil, e sim na Europa. No demais, estou sempre falando com jogadores, assistentes, falando dos rivais, como sempre falamos. Da Tunísia, da Croácia. Tenho toda a programação e estou pronto para o Pré-Olímpico.

Quais critérios você levará em conta para a convocação?Primeiro, é uma lista extensa de 24 jogadores que irá para a FIBA. Segundo, vamos sair com a lista final, esperando o fim do NBB para ver como está a saúde dos jogadores, Covid-19. Vamos convocar 16 jogadores para os treinos. Preciso ter esse cuidado. Então, em 25 de junho, em Split, vamos cortar para os 12 jogadores que vão jogar esse curto, mas intenso Pré-Olímpico.

Teremos uma mescla de jovens com atletas mais experientes? Como você pretende dosar isso?Essa é a ideia. O Pré-Olímpico é bem diferente de qualquer coisa. No último um ano e meio, estamos construindo junto com nossos assistentes e com a CBB uma nova Seleção, que jogará os próximos dez anos para o Brasil. Já temos uma lista de dez, 15 nomes que estarão muito bem para o futuro do Brasil. Mas, agora, falando do Pré-Olímpico, vamos convocar a melhor equipe possível de momento. Podemos falar de dez jogadores que são os melhores das suas posições, mas, como terceiro armador e terceiro pivô, vão sair jogadores com especificidades diferentes dos demais. Em caso de Raulzinho e Marcelinho como principais, tenho que eleger bem o terceiro armador. Que pode me trazer algo bem diferente do que os dois entregam. A melhor equipe possível, nesse momento, terá veteranos, jovens, jogadores da NBA, da Europa, Austrália. E por isso, preciso mensurar tudo até o fim de maio.O Brasil tem uma leva excelente de novos armadores, mas não cabe todo mundo na lista. Como trabalhar essa questão?O meu trabalho é preparar jovens e Seleção de futuro. Temos jovens, nomes novos e seguro que jogarão bem para o Brasil. Mas, falando de Pré-Olímpico, não se trata de jovens, veteranos. E sim, a melhor equipe que possamos ter neste momento. Agora mesmo, temos atletas, tirando EUA e Argentina, oito armadores de um grande nível, isso é algo muito bom para o Brasil e para o futuro. E me deixa em uma decisão difícil. Todos sabem que Raul e Marcelinho Huertas estão jogando o melhor basquete de suas vidas e estão dentro. E necessito eleger um terceiro armador com coisas especiais. É importante saber que é uma decisão complicada.

Você sempre fala sobre a Tunísia na estreia, que sua preocupação é essa, certo?Tenho muita experiência com Pré-Olímpicos. Já estive em dois. E nas duas me classifiquei. Em 1992 para os Jogos Olímpicos de Barcelona, e em 2016, para a Rio 2016, em Turim, quando, com a Croácia, nos classificamos para os Jogos Olímpicos. Tenho experiência de como encontrar caminhos e soluções. É importante a Tunísia. Conheço muito bem. Tem um quinteto de muita qualidade, mas baixo. Uma vez, quando um jogador entra em problemas com faltas ou cansaço, é importante ganhar o primeiro jogo. Quero ver um Brasil bem defensivamente. Quero ganhar com mais pontos possíveis, dez, 12 pontos, significa já classificar para as semifinais. No segundo dia, contra a Croácia, é puro treino. E só isso. E temos dois dias de folga, onde vemos as equipes do outro grupo tranquilo e me preparar para as semifinais. É um torneio curto demais e não se pode pensar além da Tunísia. Por isso quero convencer a todos que o que importa é isso.

O que podemos esperar da lista brasileira para o Pré-Olímpico?Da lista de 24 jogadores, podemos esperar de tudo. Jogadores jovens, veteranos, jogadores que estão na NBA, é uma mescla, penso, perfeita. Mas temos que saber do desenvolvimento de cada um dos convocados até lá. E é um torneio muito curto. É preciso chegar com quem está jogando, em forma, em atividade nos seus clubes. Não tenho tempo para melhorar a forma dos jogadores. Não são 30 dias. Outro problema é que podemos chegar em Split sem amistosos, pela pandemia. E isso pode ser um perigo. Quero um Brasil que defenda até sangrar. Até o limite. É a única forma para ganhar os jogos.

Qual é o seu recado para os torcedores brasileiros?A mensagem é fácil. Sabemos que é uma competição curta, e por isso precisamos construir um Brasil um pouco diferente não só de ataque, mas defender bem. Vamos construir uma química muito forte. Agora mesmo, nesses quatro anos liderando o Brasil, tenho muitas boas sensações falando dessa química aqui dentro. Temos problemas com a pandemia, esse Pré-Olímpico seria a um ano teríamos Leandrinho, o Anderson Varejão. Um se aposentou, o outro não está jogando, então será mais complicado, mas o Brasil sempre deve seguir adiante e conseguir ótimos resultados. O torcedor do Brasil ficará feliz com a forma como o Brasil irá jogar. Não é fácil ganhar a Croácia na Croácia, ou a semifinal com os times do outro grupo, mas estaremos prontos para um grande torneio.Confira a tabela do Pré-Olímpico

A competição está confirmada na Europa e terá no Grupo A a Alemanha, Rússia e o México, e o Grupo B conta com Brasil, Croácia e Tunísia. O Brasil estreia no dia 29 de junho, às 15h, diante da Tunísia. Na segunda rodada do Grupo B, já no dia 30 de junho, a Seleção terá pela frente a dona da casa, a Croácia, no mesmo horário. O Brasil folga no dia 1º de julho e caso se classifique para o mata-mata do Pré-Olímpico, irá cruzar com as equipes do Grupo A da disputa. A final do Pré-Olímpico de Split está marcada para o dia 4 de julho, quando será definido o campeão e o time classificado para Tóquio 2020.

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O sistema de disputa funciona da seguinte forma: na primeira fase, em minigrupos, os times se enfrentam dentro das chaves, com Brasil, Croácia e Tunísia, e Alemanha, México e Rússia se encarando. Os dois melhores de cada chave avançam para as semifinais, quando os grupos se cruzam. O primeiro do Grupo A pega o segundo do Grupo B, e o primeiro do Grupo B pega o segundo do Grupo A. Os dois vencedores fazem a final do Pré-Olímpico.

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