"Evento mensal seria o ideal", diz leitor sobre festa na Rua da Lama

Ministério Público do Espírito Santo notificou a Prefeitura de Vitória para que impeça o projeto Palco da Rua da Lama, que realiza apresentações de artistas capixabas às terças-feiras na via do bairro Jardim da Penha

Publicado em 29/10/2019 às 13h14
Projeto na Lama, na Rua da Lama, em Vitória. Crédito: Projeto na Lama/Divulgação
Projeto na Lama, na Rua da Lama, em Vitória. Crédito: Projeto na Lama/Divulgação

Após receber denúncias anônimas, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) notificou a Prefeitura de Vitória para que impeça o projeto Palco da Rua da Lama, que realiza apresentações de artistas capixabas às terças-feiras na via do bairro Jardim da Penha. Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Vitória informou que município está providenciando resposta à notificação recomendatória expedida pelo MPES.

Na notificação, o Ministério Público argumenta que a "interdição do espaço público para fins privados é ilegal e o controle da emissão de ruídos no município tem como objetivo garantir o sossego e bem-estar público.

Em julho, a Câmara de Vereadores de Vitória aprovou um projeto de lei para regularizar a realização do evento às terças, quintas e sábados. O Projeto de Lei (PL) 5023/2018, do vereador Vinícius Simões, defende que o local é um ponto de encontro tradicional que tem grande potencial para a promoção da cultura na Capital. Com a regularização, a prefeitura passou a organizar a atração, que antes ocorria por iniciativa de donos de estabelecimentos da região.

O assunto foi bastante debatido pelos leitores de A Gazeta nas redes sociais, com manifestações favoráveis e contrárias à realização do evento. Confira alguns comentários selecionados:

Eu apoio! Tanto como consumidor de arte e cidadão, quanto como artista! Incrível como tem gente que ainda não tem tato - ou é mera ignorância e arrogância - de perceber o quanto esse projeto tem revitalizado a economia local, valorizado o turismo de seu bairro e cidade, e o quanto é bom ver o Estado, por conta de projetos como esse, subir no mapa do mercado musical, cultural e turístico junto das outras capitais do país. Passou da hora de alguns capixabas aprenderem a ter consciência cidadã mais evoluída! (Edson Freitas)

Aqui no ES nada pode! Trocaram de local o Jesus Vida Verão por causa de uns mauricinhos da Praia da Costa. As boates não podem ficar abertas a noite toda, o Vital acabou por causa de uns moradores de Camburi… Agora querem acabar com a rua mais badalada de Vitória. Tá difícil. (Lucas Cisquini)

A Rua da Lama sempre foi movimentada. O pessoal fazendo esse “barulho” todo por causa de um evento cultural que é feito de forma organizada, obedecendo todas as exigências da prefeitura. Será que estão pensando em acabar com a feirinha na pracinha do Epa também? Espero que não. (Enilson B. Rodrigues)

Não vejo essa mobilização toda para melhorar a segurança do bairro de Vitória em que acontecem mais assaltos e roubos nos condomínios e pelas ruas. (Victor Kaue)

Vitória já é carente de eventos culturais, várias regiões da cidade sofrem com assaltos, inclusive Jardim da Penha. E sabe uma estratégia para tornar as ruas um pouco mais seguras? Colocando gente na rua! Além disso tem muito comércio quebrando, aí quando resolvem fazer algo para atrair as pessoas, querem barrar. (Raiaq Roos)

A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte! Ninguém faz pela gente, a gente faz, deixa a gente fazer... Para de boicotar, desce lá, vai ouvir uma poesia, um relato de alguém que teve a vida salva pela música, pela pintura, pela dança, vamo tomar um suco juntos, uma cerveja, cantar junto. (Leonardo Norbim)

Primeiro acabaram com a Rua Sete, e segundo vai ser a Lama. Eu tenho vergonha de trazer algum amigo turista aqui, quando se trata que algum point gratuito e divertido, porque Vitória não tem absolutamente nada, estão monopolizando tudo para as boates de preços absurdamente caros. Se for pra pensar no bem estar de morador, o morador silencioso que escolha outra localização para moradia. (Amanda Borba)

A Rua da Lama sempre foi movimentada! O Projeto das terças-feiras só valoriza mais a cultura deste Estado tão lindo. É uma pena ter umas cabeças fechadas. Frequento as terças na Lama pela organização e segurança que a PMV disponibilizou. No meu ponto de vista, esse projeto cultural está sendo a salvação para a musicalidade capixaba não morrer. O Espírito Santo é lindo em cultura, e essa cultura está jogada de lado. Essa é a minha visão. (Bethynho Ava)

Acho que ter eventos mensalmente seria o ideal. Toda semana é cansativo para os moradores da região, que já sofrem com os bares. É fácil falar quando não é a gente que mora ao lado. (Felipe Cirilo)

Se os moradores se opõem ao evento, nada mais justo que a prefeitura vete. A cidade é feita, antes de mais nada, para os seus… A multidão que participa e quer o evento não vive no local e muito menos arca com as externalidades negativas geradas por este. Os moradores, sim. (Marcos Aurelio Lannes Jr.)

Quantos e quais são esses moradores? O benefício deve ponderar a sociedade e a maioria... A cultura merece ser evidenciada. Semana passada conheci o trabalho de uma cantora capixaba que não conhecia. (Franco Francisco)

Lutamos desde dezembro de 2014 para envolver todos os músicos capixabas e poder revitalizar a Rua da Lama e a cena da música popular do Espírito Santo. Neste ano convencemos a PMV que seria necessária a presença do município para que o projeto evoluísse e pudesse atender toda sociedade, com preocupação na harmonia entre músicos, comerciantes, frequentadores e vizinhança. Agora que conseguimos essa conquista junto à PMV, não consigo entender essa vontade de alguns poucos de destruir tudo de forma arbitrária e gratuita. (Diogo Cypriano)

Não vemos a mesma voracidade do MP com a Vale, que destrói a cidade silenciosamente. (Wilbert Suave Silva)

O cara paga uma fortuna no metro quadrado para morar em Jardim da Penha, no mínimo quer ter direito de ir e vir, além de silêncio e tranquilidade. (Luciano Gomes)

Não frequento o local, mas se for para acabar com incômodo, passem a investigar outros bairro. Não é só os de classe média que sofrem com o barulho, não. Na favela também. (Sidneia Paixao)

Em plena terça-feira? Esse pessoal não trabalha, não? E o pessoal que trabalha a semana toda fica como? Está certo mesmo, tem que acabar com essa farra! (Kelvin R. Ramos)

Em frente à minha casa tem um praça com feirinha top e o moradores adoram, não são iguais a uns velhos chatos que acham que são donos do Estado inteiro. Compra apartamento em rua cheia de bares, depois quer que os bares fechem! Quer paz? Vai morar no Alfaville Jacuí! (Marcio Boschetti)

Os moradores não querem o fechamento dos bares, que já funcionam no local há décadas. Querem apenas que a rua não se transforme em um grande “Mandela”, com carros de som ligados por toda a madrugada, vandalismo, comércio de drogas ilícitas e, pasme, até jovens fazendo sexo no meio das rua. Tenho certeza que se isso acontecesse na feirinha em frente a sua casa você também ficaria insatisfeito. (Patricia Silva)

Sou muito apaixonada pela Rua da Lama. Na minha juventude era maravilhosa. Mas tudo no seu limite. (Ana Fábia)

A província ainda não saiu da era medieval... triste demais isso! Que na Lama a arte sempre pegue fogo! Resistência é a palavra chave! (Alex Krüger)

Está sendo realizado dentro de tudo que foi estabelecido para amenizar todos os impactos, e os artistas estão sempre abertos ao diálogo a fim de encontrar a melhor forma de conviver em sociedade com os moradores. Não existe um interesse privado e sim interesse coletivo e público, voltado para a projeção da arte, da cultura e do turismo. Acredito no equilíbrio e não entendo o sentimento de algumas pessoas que não compreendem que a Rua da Lama não é uma rua qualquer. É um ponto turístico e muito maior que uma simples rua do bairro. Estamos buscando um ponto de equilíbrio e convidamos todos a ir conhecer, antes de criar impressões equivocadas. Todos temos o direito ao espaço público, e só com diálogo chegaremos num bom acordo. (Vinicius Gigante)

Como morador, falo que o evento normalmente termina às 23h em ponto. O problema é que termina ali e começa o forró no posto até 3h da manhã! O som é muito alto e fica simplesmente impraticável para dormir. (Camila Lima)

Só quem mora no local tem a credibilidade de votar a favor ou contra, pois são as pessoas diretamente afetadas. Eu já morei na Rua da Lama e não concordo em palcos na rua ou qualquer outro evento que traga uma multidão. Sugestão: tentem trocar isso para o Triângulo e veja quanto tempo dura. (Marcus Vinicius Furtado)

O morador de Vitorinha é hilário: horas atrás estava implorando pela volta do Vital (quem não se lembra dos arrastões, tiros e pipoco?), mas é contra um evento cultural com um público bem menor. (Fabio Martins)

Evento cultural mais que maravilhoso. Enaltece os artistas capixabas, o comércio da região ganha e o público agradece! Mais amor e apoio para esse evento. (Lêda Rosetti)

Absurdo essas festas, barulhada atrapalhando quem precisa descansar para trabalhar. (Patrícia Santiago)

Ministério Público, Luciano Rezende, Prefeitura de Vitória, gostaria de reclamar da feira de sábado na Rua Comissário Octávio de Queiroz, onde o barulho infernal dos ferros batendo no chão começa na madrugada de sexta, por volta das duas da manhã, e só acaba no sábado, às duas horas da tarde. Rua essa que é fechada por volta de meia-noite e, se porventura chegarmos depois disso, temos que chegar até o prédio a pé e sem nenhuma segurança. Rua essa que se precisarmos usar o carro no sábado, temos que deixá-lo dormir na rua de sexta pra sábado. Rua essa que deixa um cheiro forte de peixe, trazendo então moscas varejeiras, baratas e ratos. Rua essa é uma das principais do bairro. Então, Prefeitura de Vitória e Ministério Público, vamos nos preocupar com o que realmente importa. (Aline Marx)

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