Consciência Negra: "Temos muito trabalho adiante", opina leitor

Desde o último sábado, A Gazeta publica uma série de reportagens com levantamentos estatísticos sobre a realidade do povo negro capixaba, em torno do Dia da Consciência Negra, comemorado neste 20 de novembro

Publicado em 20/11/2019 às 12h12
População negra continua sendo alvo de racismo, e as consequências do preconceito são sentidas em diversas áreas. Crédito: VisualHunt
População negra continua sendo alvo de racismo, e as consequências do preconceito são sentidas em diversas áreas. Crédito: VisualHunt

Na dia a dia, no ambiente de trabalho e nas ruas, a população negra continua sendo alvo de racismo, e as consequências do preconceito são sentidas em diversas áreas. Representando 63,3% da população capixaba, as pessoas autodeclaradas pretas e pardas lidam com o desemprego, recebem os menores salários, têm baixa escolaridade, vivem em moradias inadequadas e são os que mais sofrem com a violência.

Desde o último sábado, A Gazeta publica uma série de reportagens em torno do Dia da Consciência Negra, comemorado neste 20 de novembro. Entre os dados dos levantamentos estatísticos sobre a realidade do povo negro capixaba, estão aqueles que mostram que além das desigualdades sociais, o bolso do negro também é o menos favorecido. Quando trabalha em uma instituição pública, um homem branco capixaba recebe, em média, R$ 9.006,05. Já uma pessoa preta, no mesmo segmento, recebe R$ 6.114,22. No sexo feminino, as mulheres brancas recebem R$ 2 mil a mais do que as pretas.

Segundo o Atlas da Violência, divulgado em junho, o número de assassinatos de negros no Espírito Santo é quase cinco vezes maior do que a de brancos. Na política, eles também sofrem com a sub-representação. Levando em conta os últimos três pleitos, apenas 5% da bancada federal era composta por deputados pretos, enquanto na Assembleia Legislativa esse índice é ainda menor, 3,3%. 

A série de reportagens teve grande repercussão nas redes sociais. Entre os comentários, havia aqueles que diziam não acreditar nos dados levantados com fontes oficiais e pesquisas, como a Síntese dos Indicadores Sociais do Espírito Santo 2018, elaborada pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Leia alguns comentários dos leitores: 

Não se conhece os efeitos deletérios e ainda atuais dos anos de escravidão. A intensa desigualdade social e absurda limitação aos canais educacionais sempre refletiram sobre a população negra em sua quase plenitude. Nas últimas décadas, esses males vêm se reduzindo, embora ainda estejam em padrões inaceitáveis. Muito trabalho adiante. Seguimos. (Edwar Felix)

Precisamos evidenciar os protagonismos de negros, mulheres e LGBTs. É uma forma de enfrentamento e união das minorias. Os indicativos nos levam para situações cada vez mais críticas. A reforma da Previdência, os preconceitos sendo evidenciados e exaltados por muitos, a desigualdade social novamente em ascensão. Novembro negro é um mês de reflexão, de se pensar em ações e planejar estratégias. Mês de evidenciar o protagonismo negro. (Deb Feme)

Só leva a existir mais discórdia entre as pessoas, porque com esse vitimismo todo, esses grupos que querem dividir a sociedade ainda mais vão exigir regalias e privilégios (os chamados direitos) junto ao Estado, e alguém tem que pagar por essa conta, sendo assim, os que são obrigados a pagar por esses "direitos" vão tomando cada vez mais ranço por qualquer classe que se sobressai por força do Estado. Ou seja, eles mesmos provocam a discriminação e o preconceito e depois querem vir com essa chatice. (Valber Vieira)

Oportunidades passam por qualificação também, e os negros não tinham acesso a escolas, universidades ou cursos como os brancos tinham... A história está mudando e, dentro de alguns anos, acredito que as coisas voltem para o eixo, desde que não vendam a educação para a iniciativa privada e privem os negros de se formarem. (Alex Santiago)

Somos todos iguais. Não é pela cor, é sim pelo mérito. Como Pelé , Jimi Hendrix, Mike Jordan, Joaquim Barbosa chegaram a ser bem-sucedidos? Esses temas não ajudam em nada, o que na prática precisa é fortalecer a família. É daí que sairá pessoas boas, sejam negras, sejam brancas. (Graziani Modolo)

Todos que você citou são exceções. Sabe por que você lembra o nome de todos eles? Porque eles foram exceções. É um absurdo um país de população majoritariamente negra não ter uma maioria negra ocupando os grandes cargos na maioria das empresas e órgãos públicos do Brasil. Negros ganham menos se comparados com brancos que ocupam o mesmo cargo e têm a mesma jornada de trabalho. Esse é o intuito da reportagem. (Vitor Siqueira Pereira)

Engraçado que os notáveis que o brother citou acima não dependem necessariamente de uma formação. Caso fosse necessário esses nomes não teriam sido citados. Queria saber por quantos médicos negros o colega já foi atendido, porque eu nunca fui. (Gabriel Souza)

Por isso crianças da favela querem ser jogadores MCs, é onde tem referência. Achava que isso já estava bem claro para todos! E não usaram diploma, usaram talento, que é uma coisa que não se pode negar! (Vanessa Milhorelli)

Somos todos brancos, negros, índios e pardos no Brasil! Nós somos reflexo do que fizemos ou não no passado. Ganhar bem é meritocracia, quem é capaz mostra com seus esforços, capacitação e determinação. Quem está embaixo pode subir e quem está em cima pode descer, sou pardo. Não ganho tão bem ainda porque não me esforcei mais, mas estou lutando para melhorar. (Aguilar Junior)

Existe uma lacuna que talvez seja relacionada à questão do racismo. Trabalho em uma empresa e vejo que os cargos de chefia são ocupados por pessoas brancas (na sua maioria) ou um ou outro de pele morena (não essencialmente de pele negra). Sobre os concursos, todos correram por igual para um cargo de técnico, agora para subir de carreira todos passam por um processo seletivo interno e daí que vem às vezes as injustiças. Tem que haver uma análise por parte das organizações a respeito dessa seleção e análise de competências para funções primordiais da empresa. (João Mendonça)

Onde trabalho ganhamos todos iguais. Claro que um engenheiro ganha mais do que um técnico. Claro que um pedreiro ganha mais do que um ajudante de pedreiro. Que seja preto, branco, pardo, amarelo, não importa a cor, depende da sua qualificação profissional. (Oziel Amaral)

Tem muitos estudos sobre as disparidades entre brancos e negros no mercado de trabalho, salários, acesso à educação, cargos, chefias, etc. Quem realmente tiver interesse busca no Google Scholar. (Ronaldi Gobbi Simoes)

Existe no mercado um mecanismo chamada faixa salarial. Por exemplo, para um conferente de armazém, o cargo é dividido entre conferente 1, 2 e 3. Ele entra como conferente 1 e pode ter vários reajustes até passar para os níveis 2 ou 3. Assim sendo, é possível, sim, que exista diferença salarial no mesmo cargo. Tendo em vista que quem concede esse reajuste é a gestão imediata, pode sim haver anomalias caso a empresa não tenha uma política séria de inclusão. (Eriveltho Sarmento)

Isso existe por conta de experiência, engajamento, capacidade produtiva. É o jeito de remunerar melhor quem produz mais e melhor. Não é um mecanismo de institucionalização de racismo. (Marcio Sperandio Cott)

Acredito que quem é assassinado não é por que é verde ou amarelo. É por que está envolvido diretamente com coisas erradas. Podem dizer que está naquela condição por falta de oportunidade. Ok, até onde eu sei as escolas e cursos profissionalizantes são abertas a todos. Racismo existe, sim, agora se apegar a isso para se fazer de vítima e botar a culpa nos outros não é legal também. (Henrique Machado)

É de um mau-caratismo sem tamanho não reconhecer a história do próprio país e não identificar/assumir que o racismo é consequência de tudo isto! O que tem de gente reclamando sobre essas matérias do jornal e sobre essas pautas. Cara! Um dia no ano é pouco para discutir e relembrar tudo isto! (Pollyanna Santos)

Você percebe o quanto estamos atrasados socialmente e na educação, quando a maioria da população não consegue ter o mínimo de senso crítico, interpretar a reportagem e os dados de um especialista, e fazer uma relação mínima que seja com a marginalização do povo negro e a violência. Triste! (Diego Mayer)

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