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Troca de ministros mantém a marca do fisiologismo governista

Troca de ministros mantém a marca do fisiologismo governista

Titulares de pastas no governo Temer saem de cargos antes do prazo, com discurso eleitoral

Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 03:01

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Ricardo Barros e Marcos Pereira pretendem disputar a eleição para a Câmara dos Deputados e estão de saída do governo federal. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A eleição se avizinha e o desembarque de ministros do governo Michel Temer (PMDB) já começou. O movimento não chega a ser surpreendente, apesar de antecipado, e a substituição dos nomes apenas ressalta o fisiologismo reinante no governo federal. Essa, é claro, não é uma característica exclusiva de Brasília.

A saída dos integrantes da Esplanada dos Ministérios que pretendem disputar o pleito é obrigatória, mas o prazo segue até o dia 7 de abril. Os titulares dos ministérios do Trabalho, Ronaldo Nogueira (PTB), e da Indústria, Marcos Pereira (PRB), decidiram sair antes. O da Saúde, Ricardo Barros (PP), informou ontem que vai seguir o mesmo caminho, ainda sem data marcada.

No lugar de Nogueira entra a deputada federal Cristiane Brasil, também do PTB e filha do ex-deputado Roberto Jefferson.

Para o professor de Administração Pública da UnB José Matias-Pereira, a troca de ministros não influencia o funcionamento da máquina pública. Embora também não seja essa a maior preocupação do governo.

“Não é algo que pode provocar perdas ou paralisar políticas públicas. E o que é importante para o governo nesse sistema esdrúxulo é que o partido tenha o comando do ministério e, em troca, se comprometa a votar a favor do governo”, resumiu.

A expectativa é que haja, até abril, cerca de dez baixas no ministério de Temer por conta das eleições. Os substitutos deles, no entanto, devem se comprometer a não entrar na corrida, como fez Cristiane Brasil.

VISIBILIDADE

 

Chefiar uma pasta no governo federal proporciona visibilidade eleitoral, mas pode ter outras vantagens.

“Não só os ministros, mas os partidos que tomam conta dessas máquinas acabam sendo beneficiados, ganham visibilidade e arrecadam recursos para financiar as eleições e interesses pessoais por meio da corrupção”, afirmou o professor da UnB.

O tiro, no entanto, pode sair pela culatra, ao menos na questão eleitoral. É o que avalia o coordenador do Laboratório de Política e Governo da Unesp, Milton Lahuerta. “Os ministros usam as pastas para ter visibilidade, sim, mas agora essa visibilidade pode ser negativa, diante da rejeição que o governo enfrenta. Eles devem, imagino, ter pesquisas que mostram isso. E aí abrem mão de visibilidade porque é uma visibilidade contaminada”, disse. É difícil saber se essa “desvinculação” será possível.

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O governo, segundo Lahuerta, sai enfraquecido com a antecipação do desembarque. “O ideal para o governo seria que ninguém saísse agora. Ter que remontar o ministério é custoso. Há desavenças, uns se sentem contemplados, outros rejeitados. Mostra uma base frágil.”

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