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Por ordem de Lula, marqueteiro pediu dinheiro a Emílio Odebrecht

Por ordem de Lula, marqueteiro pediu dinheiro a Emílio Odebrecht

Relato foi feito pelo marqueteiro João Santana ao juiz Sergio Moro

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 22:56

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O ex-presidente Lula. (Ricardo Stuckert)

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o marqueteiro e delator João Santana afirmou, na tarde desta segunda-feira (5), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intermediou pagamentos da Odebrecht em 2009 para a campanha vitoriosa do presidente Mauricio Funes em El Salvador, na América Central. As declarações foram feitas no âmbito do processo em que o petista é acusado de receber propina da Odebrecht por meio de reformas num sítio em Atibaia. Lula nega as acusações.

Santana disse que numa reunião no Palácio do Planalto, o ex-presidente mandou que o marqueteiro procurasse Emílio Odebrecht para que a empreiteira fizesse pagamentos, já que o dinheiro para a eleição de Funes havia acabado faltando menos de um mês e meio para o fim da disputa.

O marqueteiro, que a época coordenava a campanha naquele país, contou que voltou ao Brasil para encontrar Lula e pedir que o petista resolvesse o problema de falta de recursos na eleição. "Eu vim conversar com o presidente Lula. Eu disse: 'presidente, a situação é como se a gente tivesse comprado um boeing e não tivesse querosene. Falta um mês para acabar. E, se não entrar dinheiro para mídia, não tem chance'", contou o marqueteiro, que em seguida emendou: "O presidente (Lula) disse: você vai ligar para o Emilio Odebrecht, que ele resolve". 

Segundo o marqueteiro, o patriarca da empreiteira respondeu que trataria do repasse com o ex-ministro Antônio Palocci: "O Emilio afirmou 'você diz ao nosso chefe que eu prefiro tratar isso com o italiano (Antonio Palocci)'. Eu voltei a El Salvador e 10 dias depois o problema estava resolvido", relatou Santana.

O marqueteiro contou que trabalhou na campanha de Funes a pedido de Lula e do ex-ministro Gilberto Carvalho. Segundo Santana, o PT se comprometeu quitar seus serviços de marketing, que foi de cerca de R$ 3 milhões, por meio da Odebrecht.

A publicitária Mônica Moura, mulher de Santana também contou detalhes sobre a campanha de El Salvador. Mônica afirmou que partiu de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do então presidente Lula, o convite para que João Santana fizesse a campanha para eleição de Mauricio Funes em El Salvador. Segundo ela, há 20 anos a direita ganhava as eleições naquele país e o PT tinha interesse que a esquerda saísse vitoriosa.

"O PT tinha interesse não só em El Salvador, como em vários países da América Latina, que a esquerda ganhasse as eleições", disse Mônica. "O Gilberto (Carvalho) disse que o presidente Lula tinha interesse que o João (Santana) fosse fazer a campanha", completou.

A publicitária disse que, de alguma forma, o PT "financiou" e intermediu a campanha de Funes, já que ela negociou com Antonio Palocci que a Odebrecht pagaria parte do valor. Novato na política, Funes, que é casado com uma brasileira, venceu a eleição. Segundo Mônica, a Odebrecht pagou R$ 1,5 milhão para a campanha em El Salvador, também por meio de caixa 2.

A defesa de Lula nega todas as acusações dos delatores. O ex-presidente afirma que é vítima de perseguição política.

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