A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (19) mais uma fase da Operação Lava Jato em que cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, suposto operador do PSDB em São Paulo e suspeito de operar propinas da Odebrecht.
Batizada de "Ad Infinitum", a fase também cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-senador e chanceler Aloysio Nunes (PSDB).
A Procuradoria acusa Paulo Preto de ter movimentado pelo menos R$ 130 milhões em contas na Suíça, entre 2007 e 2017.
Em uma dessas contas, segundo o MPF, foi emitido um cartão de crédito em favor do ex-senador Aloysio Nunes, em dezembro de 2017 - que teria sido entregue a ele num hotel em Barcelona. Na época, Nunes era ministro das Relações Exteriores do governo de Michel Temer (MDB). O cartão foi emitido na semana entre o Natal e o Ano Novo.
As investigações são baseadas em informações e documentos colhidos no sistema de propinas da empreiteira Odebrecht.
Paulo Preto é acusado de ter operado em favor da empreiteira, disponibilizando valores em espécie ao setor que comandava o pagamento de propinas.
Mas o ex-diretor da Dersa, segundo os investigadores, também recebeu valores em suas contas na Suíça das empreiteiras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, igualmente investigadas na Lava Jato.
As contas de Paulo Preto na Suíça foram encerradas no primeiro trimestre de 2017, depois de o acordo da Odebrecht ter se tornado público. Em seguida, os valores foram transferidos para contas nas Bahamas.
Para o procurador da República Júlio Noronha, ainda há várias caixas-pretas que precisam ser abertas pela Lava Jato.
PECULATO E DADOS FALSOS
No início deste mês, o Ministério Público Federal pediu à Justiça que o ex-diretor da Dersa seja condenado a cerca de 80 anos de prisão na primeira ação da Lava Jato de São Paulo.
Nela, o ex-diretor é réu sob suspeita de peculato (desvio de dinheiro público), inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.
A Procuradoria diz que ele desviou verbas públicas em reassentamentos de moradores para a construção do trecho sul do Rodoanel, obra viária que circunda a capital paulista. O valor é de R$ 7,7 milhões e, corrigido, ultrapassa R$ 10 milhões.
Ele teria beneficiado, segundo a denúncia, quatro empregadas suas com unidades da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) e auxílios-mudança, que deveriam ir para os atingidos pela obra.
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