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Parlamentares capixabas se dividem sobre declaração de Bolsonaro

Parlamentares capixabas se dividem sobre declaração de Bolsonaro

O presidente teve mais uma atitude polêmica em evento do Corpo de Fuzileiros Navais, no Rio. Ele afirmou que a democracia só existe se as Forças Armadas "assim o quiserem"

Publicado em 8 de março de 2019 às 00:43

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Bolsonaro fez discurso de cerca de quatro minutos. (Alan Santos/PR)

A declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que a democracia só existe se as Forças Armadas "assim o quiserem", durante as comemorações dos 211 anos do Corpo de Fuzileiros Navais, no Rio, nesta quinta-feira (7) foi criticada ou ao menos considerada como uma fala "desnecessária" pela maioria dos membros da bancada capixaba. Alguns, no entanto, também avaliaram que Bolsonaro estava sendo "mal interpretado", assim como justificou o vice-presidente, Hamilton Mourão.

ROSE DE FREITAS (PODEMOS), SENADORA

"Estou tentando interpretar com a melhor boa vontade possível, mas vejo que ele tem falado coisas que não deveria falar. Como presidente da República, ele precisa valorizar o resultado das urnas. Anos atrás, os militares achavam que o brasileiro não precisava votar. Mas o povo quis, foi às ruas pedir eleições diretas. Por isso, essas palavras doem muito, para mim o processo democrático é muito caro. Ele foi infeliz, não refletiu antes de falar, mas espero que faça isso daqui em diante, ou haveria uma ameaça absolutamente irresponsável à nossa nação."

MARCOS DO VAL (PPS), SENADOR

"Tenho percebido, desde a época da campanha, que ele é uma pessoa polêmica, que fala sem pensar. É a característica dele. Isso não vai interferir no nosso trabalho no Senado, em qualquer decisão, aprovação de lei ou algo parecido, pois nosso foco é a sociedade. Não temos que agradar o presidente, e sim quem nos elegeu. Não paro para me preocupar com essas falas polêmicas, e sim com projetos que vão chegar. A gente têm hoje um Congresso, toda uma estrutura política, nem de longe há ameaça à democracia."

FABIANO CONTARATO (REDE), SENADOR

"O presidente precisa ater-se ao decoro e à liturgia do seu cargo. Parar de criar crises desnecessárias. Ele fez mais uma declaração infeliz. O que a sociedade espera dele é sobriedade e capacidade de fazer o Brasil voltar a crescer e gerar empregos. Isso o fragiliza e, consequentemente, dificulta a sua capacidade de interlocução. Ele tem apoio no Congresso Nacional, mas não é cheque em branco."

FELIPE RIGONI (PSB), DEPUTADO FEDERAL

"Não acho nem que foi ataque à Constituição, nem que ele tenha sido mal interpretado. Acho que foi uma tentativa frustrada de exaltar a importância das Forças Armadas, que têm, sim, o dever de proteger a democracia do país. No entanto, a democracia não existe apenas pela vontade delas. Democracia existe pois coletivamente percebemos que este é o melhor sistema. Se a vontade unicamente das Forças Armadas fossem o determinante para que a democracia existisse, nenhuma ditadura militar teria caído no planeta. Isso, infelizmente, mostra que o presidente ao invés de ajudar as mudanças estruturais do país acontecerem, pela segunda vez na mesma semana está atrapalhando. Não é assim que ele vai conseguir unir o Brasil em torno de um projeto nacional de desenvolvimento."

HELDER SALOMÃO (PT), DEPUTADO FEDERAL

"É uma fala absurda, uma afronta à Constituição Federal. A democracia e a liberdade não podem estar vinculadas ao desejo das Forças Armadas, que tem outro papel a cumprir, que é constitucional. Essas falas devem ser denunciadas, repreendidas. Mais uma vez ele mostra despreparo, descontrole. Não foi mal interpretado, e sim mostra um governo com apreço à ditadura, de perfil autoritário."

LAURIETE (PR), DEPUTADA FEDERAL

"Não podemos examinar isoladamente a declaração do presidente. O tom pode parecer afrontoso, mas no conjunto de ideias, o presidente também disse que 'a missão de governar o país será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que tem ideologia semelhantes à nossa, daqueles que amam a democracia e a liberdade'. Devemos levar em conta também que o presidente estava na cerimônia de 211 anos do Corpo de Fuzileiros Navais. Na verdade, a palavra do presidente tem um peso diferente da palavra de Jair Bolsonaro. É apenas o início de um governo totalmente diferente e não podemos julgar por meras frases de efeito."

NORMA AYUB (DEM), DEPUTADA FEDERAL

"Em qualquer lugar do mundo, as Forças Armadas, se quiserem, tem os recursos para tomar o poder. O que foi dito não é novidade. Entendo que por ele ter sido eleito pelo povo, efetivamente não estava tratando de matéria contra a democracia em nosso país. Não cabe outro entendimento."

TED CONTI (PSB), DEPUTADO FEDERAL

"Foi uma declaração infeliz. A democracia é uma conquista. E convém reforçar que todo o poder do Estado Democrático brasileiro emana do povo. A democracia precisa ser fortalecida. Democracia e liberdade andam de mãos dadas. São valores supremos e estão previstos na Constituição."

Os demais deputados foram contactados pela reportagem, mas não deram retorno nesta quinta-feira. 

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