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Moro ordenou busca e apreensão em empresa na Mata da Praia

Moro ordenou busca e apreensão em empresa na Mata da Praia

Um dos ex-sócios da empresa é apontado como operador do PMDB e foi condenado duas vezes na Lava Jato

Publicado em 8 de maio de 2018 às 19:35

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Empresa Hangar, na Mata da Praia, Vitória, alvo da Operação Lava Jato. (Vinícius Valfré)

A única ordem de busca e apreensão no Espírito Santo, expedida pelo juiz federal Sérgio Moro na 51ª fase da Operação Lava Jato, foi cumprida em uma empresa localizada na Mata da Praia, em Vitória, nesta terça-feira (08). O alvo foi a Hangar Business Serviços de Assessoria Ltda.

O magistrado autorizou a coleta de computadores, documentos, dinheiro em espécie e "obras de arte de elevado valor, quando não apresentada prova documental cabal de sua origem lícita". O mandado de busca e apreensão foi cumprido, mas não há informações sobre quais foram os objetos encontrados.

Dois carros da Polícia Federal foram usados. Um era descaracterizado, preto. O outro era uma viatura. Os policiais chegaram por volta das seis horas da manhã e só partiram por volta do meio-dia. A movimentação foi discreta. O veículo descaracterizado ficou em frente à sede da empresa, localizada em um centro comercial. O automóvel identificado ficou estacionado em uma rua lateral. 

A apuração apontou que um dos sócios da empresa capixaba, com um terço da cotas, era, na época dos fatos investigados, João Augusto Rezende Henriques, operador do PMDB, já condenado em primeira e segunda instâncias no âmbito da Lava Jato.

De acordo com informações da Junta Comercial do Estado, a atividade da empresa, que existe desde fevereiro de 2008, é "consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica". Hoje, o operador não aparece mais como sócio da empresa.

OS FATOS

O lobista João Augusto Rezende Henriques foi preso em setembro de 2015 na 19ª fase da Operação Lava Jato. Apontado pelos membros da força-tarefa como o operador que depositou propina para o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em contas na Suíça, foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por intermediação de propinas de cerca de US$ 31 milhões, em um contrato de fornecimento de navio-sonda. Os recursos foram lavados em contas secretas no exterior. As penas somadas contabilizam 13 anos e oito meses. 

De acordo o pedido de mandado de busca e apreensão da fase deflagrada nesta terça-feira (8), Henriques teria intermediado um pedido do PMDB para receber 5% de um contrato de serviços superior a US$ 800 milhões entre a Petrobras e a Odebrecht. Parte dos valores teria sido destinado a políticos da cúpula do partido.

EMPRESA

A reportagem conseguiu falar com um dos atuais sócios da Hangar Business. Os dois atuais sócios, que são capixabas, não são citados no despacho do juiz Sérgio Moro. Ele pediu para não ser identificado e afirmou que a empresa está com as atividades paralisadas desde 2013. Disse que o local onde a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão funciona como escritório dele, para outros empreendimentos.

"Não entendi nada. Nunca tive nenhuma relação com esse João Henriques, quando entrei na empresa ele já não fazia mais parte. Meu pai, que também era um dos sócios, também não teve contato com eles. Tanto que a Polícia Federal não levou quase nada de lá. Não tenho nada a ver com Lava Jato", disse o empresário.

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Outra empresa que teve sede no Espírito Santo e tinha João Augusto Henriques como sócio é a Partners Air, que atualmente funciona no Rio de Janeiro. O sócio-administrador da empresa, Carlos Magno Barcelos, que também foi sócio da Hangar Business, ressaltou que já saiu da empresa desde 2010.
“Fui sócio da Hangar, mas já saí há muito tempo. Nunca tive contato com João Henriques. Me disseram por alto da busca da polícia federal aí em Vitória, mas quase não vou mais a esta sala”, contou.

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