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Mais da metade dos eleitos no ES se elegeu com dinheiro da Vale

Mais da metade dos eleitos no ES se elegeu com dinheiro da Vale

Vinte e três candidatos que se elegeram no Espírito Santo receberam da mineradora um total de R$ 2,7 milhões

Publicado em 2 de fevereiro de 2019 às 02:08

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Produção de minério da Vale: doações de campanha. (Vale/Divulgação)

Mais da metade dos candidatos eleitos no Espírito Santo em 2014 recebeu da Vale alguma doação oficial e legal para custear as campanhas eleitorais. Vinte e três dos vencedores receberam R$ 2,7 milhões da empresa e das subsidiárias dela. Eles representam 54,7% dos 42 eleitos na época. Ao todo, foram distribuídos R$ 6,8 milhões para postulantes a deputado estadual, federal, Senado e governo do Estado.

Levantamento do jornal "Estado de S. Paulo", publicado nesta sexta-feira, revela que a Vale e as empresas ligadas a ela doaram R$ 82 milhões para candidatos de 25 Estados. Os repasses aos candidatos do Espírito Santo foram cerca de 8% desse montante.

As doações foram mais robustas para candidatos de Estados onde estão grandes atividades da mineradora. Para os concorrentes de Minas Gerais, onde estavam as barragens de Brumadinho e Mariana, foram 18% de todas as doações, cerca de R$ 14,7 milhões. Para o Pará, R$ 7,2 milhões, aproximadamente 9% dos R$ 82 milhões. Desde as eleições de 2016, as doações de empresas não são mais permitidas.

BANCADA

O Estadão também mostrou que o Espírito Santo teve a maior proporção de deputados federais eleitos com a ajuda da Vale para a legislatura que terminou na última quinta-feira (31). Oito dos dez membros da bancada receberam algum recurso. Em Minas Gerais, 64,15%.

Há quem veja uma ligação direta entre as doações e atuação em favor da empresa. Ou ao menos uma não atuação contra os interesses dela.

"A ação e a não ação podem ser analisadas. E se não se faz nada para um problema que está explícito, tem responsabilidade sobre eventuais consequências", avaliou o cientista político Francisco Albernaz.

Os deputados, claro, discordam. Dizem que agiram conforme as próprias consciências e que não precisaram agir ou não agir como quis a Vale.

Entre os estaduais, Hércules Silveira (MDB) foi o que mais teve dinheiro da Vale, com relação à arrecadação total, 58%. Em nota, destacou não ter sido influenciado e que não pediu os recursos. Eles foram repassados por meio do partido. "O parlamentar reafirma o compromisso com a transparência e a ética na vida pública."

Janete de Sá (PMN) também declarou que os recursos vieram via partido. "Combato algumas práticas da Vale com relação aos trabalhadores. Sou sindicalista", disse.

Entre os federais, a maior proporção de recursos provenientes da Vale foi a de Helder Salomão (PT), 48%. Ele diz que jamais foi influenciado. Inclusive, após a tragédia de Mariana, apresentou projeto para elevar para R$ 10 bilhões a multa por crimes ambientais. Também destacou ter votado contra o financiamento empresarial, em 2016.

Coordenador da bancada federal na legislatura passada, Marcus Vicente (PP), que não foi reeleito, também negou com veemência qualquer influência. "Desde 2005, faço embates com a empresa", disse.

Questionada sobre os interesses institucionais das doações e se manteve contato com os políticos para os quais fez repasses, a Vale não se manifestou nem para o Gazeta Online nem para o jornal de São Paulo.

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