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Lula é denunciado pela Lava Jato por suposta lavagem de R$ 1 milhão

Lula é denunciado pela Lava Jato por suposta lavagem de R$ 1 milhão

Ex-presidente teria usado influência para beneficiar Grupo ARG na Guiné Equatorial

Publicado em 26 de novembro de 2018 às 18:47

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Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo denunciou nesta segunda-feira (26) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, ele teria recebido R$ 1 milhão na forma de doação para o Instituto Lula, ao influenciar decisões do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que beneficiaram o grupo brasileiro ARG. O controlador do grupo ARG, Rodolfo Giannetti Geo, foi denunciado pelos crimes de tráfico de influência em transação comercial internacional e lavagem de dinheiro.

Segundo os procuradores, o empresário procurou Lula entre setembro e outubro de 2011 e solicitou que o ex-presidente interviesse junto a Obiang, para que o governo daquele país continuasse contratando o Grupo ARG para construção de rodovias.

Os procuradores afirmam que as provas foram colhidas nos emails do Instituto Lula, apreendidos em busca e apreensão realizada em março de 2016 na Operação Aletheia, 24ª fase da Operação Lava Jato de Curitiba, e foram encaminhadas a São Paulo pelo então juiz Sergio Moro.

Num e-mail datado de 5 de outubro de 2011, o ex-ministro do Desenvolvimento do governo Lula, Miguel Jorge, endereçado a Clara Ant, diretora do Instituto Lula, afirma que o ex-presidente havia dito a ele que gostaria de falar com Rodolfo Giannetti Geo sobre o trabalho da empresa na Guiné Equatorial. No mesmo e-mail, Miguel Jorge afirma que a empresa estava disposta a fazer uma contribuição financeira “bastante importante” ao Instituto Lula.

ENCONTRO AGENDADO

Em maio de 2012, o empresário enviou a Clara Ant uma carta digitalizada de Teodoro Obiang para Lula e pediu que fosse agendado um encontro com o ex-presidente para a entrega da carta original. Ele diz que viajaria para a Guiné Equatorial no dia 20 de maio e que gostaria de levar a resposta de Lula a Obiang.

Na carta, o presidente da Guiné Equatoriana pediu que Lula intercedesse junto a então presidente Dilma Rousseff para que o país ingressasse na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

No dia 21 de maio Lula escreveu uma carta para Obiang, mencionando uma conversa entre ambos por telefone, no qual afirma que acreditava que o país poderia ingressar, futuramente, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A carta foi entregue ao presidente da Guiné Equatorial pelo empresário.

Na carta, Lula cita o empresário e diz que ele dirige a ARG “empresa que já desde 2007 se familiarizou com a Guiné Equatorial, destacando-se na construção de estradas”. A força-tarefa da Lava Jato identificou pagamento, via transferência bancária, de R$ 1 milhão pela ARG ao instituto em 18 de junho de 2016. A entidade emitiu recibo da doação.

Os procuradores dizem que "não se trata de doação, mas pagamento de vantagem a Lula em virtude do ex-presidente do Brasil ter influenciado o presidente de outro país no exercício de sua função". Diz ainda que o recibo de doação é ideologicamente falso porque serviu apenas para dissimular a origem de dinheiro ilícita, o que configura crime de lavagem de dinheiro.

A investigação foi transferida a São Paulo pelo juiz Sergio Moro e o inquérito tramita na 2ª Vara Federal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Como Lula tem mais de 70 anos, um suposto crime de tráfico de influência já prescreveu.

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A divulgação da denúncia contra Rodolfo Giannetti Geo foi feita no mesmo dia em que os pais do empresário - Adolfo Geo e Margarida Giannetti Geo - morreram na queda de uma aeronave no Norte de Minas Gerais. O jato executivo que levava o casal caiu por volta de 8 horas da manhã em uma fazenda do município de Jequitái. Morreram também o piloto e o co-piloto da aeronave.

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