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Casagrande dá largada com maioria na Assembleia

Casagrande dá largada com maioria na Assembleia

Dos 30 deputados, 17 foram eleitos na coligação do socialista. Nem mesmo eleitos por outros grupos sinalizam oposição, mas alguns deputados podem dar trabalho

Publicado em 27 de janeiro de 2019 às 00:55

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Renato Casagrande durante discurso de posse na Assembleia Legislativa. (Carlos Alberto Silva)

A Assembleia Legislativa do Espírito Santo não dá trabalho ao Executivo desde a Era Gratz, salvo alguns casos pontuais, que não chegaram a abalar a hegemonia do Palácio Anchieta na Casa. A próxima legislatura, que começa na sexta-feira, dará a Renato Casagrande (PSB) logo de saída uma maioria formal, uma vez que dos 30 deputados estaduais, 17 foram eleitos na coligação do socialista. Mas não quer dizer que os que venceram nas urnas em lados opostos farão, de fato, oposição.

A maior bancada será a do PSL, com quatro parlamentares. A sigla é a de Carlos Manato, que disputou o governo contra Casagrande em outubro passado. Capitão Assumção, futuro líder do grupo na Casa, diz que a oposição será “ideológica”, mas na prática haverá parceria. “Somos mais à direita, mas com pensamento de contribuir com o Estado. Conversei com Casagrande e vamos ter uma fala mais palatável, digerível”, pontua.

A anistia administrativa concedida pelo governo aos policiais militares acusados de participação na greve de 2017 pode amaciar a bancada, formada, majoritariamente, por integrantes das polícias. Tem aliado do Palácio na Assembleia, no entanto, que aponta certa “instabilidade” de Assumção como motivo de preocupação.

“Mas Majeski deve dar mais trabalho que o PSL”, avalia um casagrandista, ao lembrar de Sergio Majeski, correligionário do governador, mas que tem uma postura combativa, chegando a votar contra o Orçamento enviado pelo Executivo à Casa este mês, como fazia no governo Paulo Hartung (sem partido), por discordar do cálculo do percentual mínimo a ser aplicado em Educação.

“Não sei o que eles querem dizer com ‘dar trabalho’. Estou disposto a contribuir no que for possível com o governo, desde que isso não signifique abrir mão das minhas prerrogativas e do que eu acredito. Vou continuar fazendo o meu trabalho e o governo faz a parte dele. Vai dar tudo certo”, prevê o próprio Majeski.

Vandinho Leite, hoje no PSDB, já foi do PSB de Casagrande e saiu de lá “mordido” por conta da disputa de 2014, quando não conseguiu se eleger à Câmara Federal. Mas no governo avalia-se que a relação com o tucano será tranquila, apesar de outra aresta à vista: Vandinho pode se lançar na disputa pela Prefeitura da Serra, mesmo reduto do socialista Bruno Lamas, que será secretário de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento. A reportagem não conseguiu contato com Vandinho.

COLIGAÇÃO

A coligação proporcional é um arranjo eleitoral – prestes a acabar – que não necessariamente se repete no exercício do mandato. Outros interesses se sobrepõem à confluência nas urnas e não há nenhuma obrigação legal que una os partidos no porvir.

O secretário de Estado da Casa Civil, Davi Diniz (PPS), avalia que “nem o PSL nem o deputado Sergio Majeski vão dar trabalho para o governo”.

Diniz também minimiza uma possível sublevação de deputados ligados às polícias no caso da não possibilidade de concessão de reajuste salarial: “Eles (deputados) têm um papel de facilitar o diálogo com a categoria, ajudando o governo a explicar as condições em relação às finanças e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Têm um papel muito mais conciliador do que de ir para o enfrentamento por ser de uma categoria policial ou de um partido”.

O MDB, antiga legenda de Hartung – desafeto de Casagrande –, esteve ao lado de Rose de Freitas (Podemos) nas eleições, mas nada impele os dois emedebistas da Assembleia à oposição. Na votação do Orçamento, José Esmeraldo (MDB) chegou a dizer que era preciso dar “um voto de confiança” a Casagrande.

No comando da Assembleia, provavelmente, estará o atual presidente, Erick Musso (PRB), que deve ser reeleito no dia 1º. Erick esteve, nos últimos anos, muito próximo a Hartung. Diniz afirma que a relação entre Palácio e Erick será “a melhor possível”. O governo não revela ter atuado para a consolidação do nome do atual presidente, candidato em chapa única, mas ele não teria conquistado os apoios da maioria do plenário, inclusive dos casagrandistas, sem a chancela do Executivo.

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