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Moradores seguem sem ônibus e aulas em Porto Novo e Presidente Médici

Moradores seguem sem ônibus e aulas em Porto Novo e Presidente Médici

Depois da morte de um criminoso em confronto com a Polícia Militar na tarde de segunda-feira (02), a região convive com as consequências da violência

Publicado em 4 de abril de 2018 às 09:40

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Ponto de ônibus cheio na pracinha de Porto de Santana, em Cariacica. (Caíque Verli)

Os moradores de Porto Novo e Presidente Médici, em Cariacica, continuam sem ônibus em áreas mais altas dos bairros nesta quarta-feira (04). Depois da morte de um criminoso em confronto com a Polícia Militar na tarde de segunda-feira (02), a região convive com as consequências da violência.

Os coletivos vão até o ponto que fica na praça de Porto de Santana, que está lotado, e quem depende do transporte público chega a andar mais de 20 minutos para pegar um ônibus. Além disso, novamente não terá aula na escola Padre Gabriel Roger Maire, em Porto Novo, porque professores não conseguem chegar ao local. Ao tentarem estudar nesta manhã, alunos voltaram para casa. 

UMA HORA DE ESPERA

A copeira Cirlene de Lima, de 43 anos, ficou com a filha e a neta de 4 meses no ponto de ônibus por pelo menos uma hora. A neta, que está passando mal, teve reação à vacina e está com febre. "O Estado não tem respeito nenhum com a gente. Isso é revoltante", desabafou.

A copeira Cirlene de Lima, de 43 anos, ficou com a filha e a neta de 4 meses no ponto de ônibus. (Caíque Verli)

AUTORES DE DISPAROS IDENTIFICADOS

O tenente-coronel Gomes, comandante da 7ª Companhia da Polícia Militar, informou na manhã desta quarta-feira (04) que a PM vai continuar presente no local, 24 horas, enquanto for necessário. "Nosso objetivo é dar tranquilidade para a população", ressaltou.

Sobre a questão dos ônibus, que não estão circulando pelos bairros Porto Novo e Presidente Médici, o tenente garante que não é por falta de policiamento e que a PM está dando todas as condições para que os coletivos rodem pela região.

O tenente-coronel afirmou, também, que até o momento três homens, todos com passagem pela polícia, já foram identificados como autores dos disparos no bairro Porto Novo. 

GVBUS

O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitana da Grande Vitória (GVBus) confirmou que nove linhas, por conta da insegurança, não estão circulando nos pontos finais dos bairros.

Com informações de Caique Verli

ENTENDA O CASO

A violência explodiu na região de Porto de Santana, Cariacica, entre a noite de segunda-feira e a madrugada desta terça (3). Um homem morreu durante confronto com a Polícia Militar, e o fato acabou deixando rastro de destruição, tiros, protestos, escolas fechadas e levou o medo para a comunidade com mais de 15 mil moradores.

Em meio a essa onda de terror, uma jovem morreu após ser baleada na cabeça, vítima de bala perdida. Ônibus também deixaram de circular em alguns pontos da região. Barricadas foram montadas e pneus incendiados em pelo menos cinco pontos entre dois bairros.

(Bernardo Coutinho | GZ)

O clima de tensão começou por volta das 17h10 de segunda (2), quando Ricardo Bello Teixeira, 20 anos, morreu após levar cinco tiros, em um confronto com a polícia, em Presidente Médici. Segundo a PM, durante patrulhamento de rotina, policiais se depararam com quatro motocicletas paradas em um local ermo e, após fazer buscas nas proximidades, encontraram quatro homens armados no meio da mata.

Ao perceberem a presença dos PMs, os suspeitos atiraram contra os militares, que revidaram e o jovem acabou morrendo. No local, foram apreendidas drogas e munição. De acordo com a PM, Ricardo possuía passagem por roubo, posse/uso de entorpecente e porte ilegal de arma de fogo.

 

PROTESTOS

À noite, às 20 horas, moradores realizaram um protesto por conta da morte de Ricardo Bello Teixeira. A polícia foi acionada e seguiu para o local. Paralelo a isso, em retaliação à morte do rapaz, traficantes passaram a soltar fogos de artifício e a exibir armas, inclusive metralhadoras, pelas ruas de Presidente Médici.

A polícia foi acionada e então, um segundo confronto teve início e durou até a madrugada, de acordo com moradores. Barricadas foram armadas na tentativa de impedir o acesso da polícia em determinadas ruas e no ponto final do bairro.

Um dos pontos de maior conflito foi na Rua São João, onde pneus foram queimados próximos à Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Padre Gabriel Roger Maire, em Porto Novo.

Com marcas de tiros nas paredes, as aulas na Emef, foram suspensas nesta terça (3). Ao todo, 958 alunos da unidade ficaram sem estudar por causa do clima de medo na região. No CMEI Julio Coutinho, que funciona em um prédio anexo ao Caic, as aulas também foram suspensas.

BALA PERDIDA

A estudante Karolaine do Rosário Matos, 18 anos, acompanhava a situação de conflito, na rua, quando foi atingida com um tiro na testa. Era por volta das 21 horas e ela estava numa área conhecida como antigo Morro do Quiabo — bairro Bela Vista — que fica a aproximadamente 300 metros da onde estava acontecendo a confusão.

Karolaine do Rosário Matos. (Facebook)

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Familiares contaram que a estudante tentava voltar para casa e foi atingida, caindo em frente da casa onde ela mora com o padrasto e avó. A jovem foi socorrida pelos próprios familiares, primeiramente para o Pronto Atendimento de Alto Lage e depois para o Hospital São Lucas, onde acabou morrendo na tarde desta terça.

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