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'Infelizmente ele gostava de ser policial', diz pai de PM assassinado

"Infelizmente ele gostava de ser policial", diz pai de PM assassinado

"Ele tinha muito orgulho de ser policial. Fez prova no Rio, em Minas Gerais, em São Paulo e fez aqui também. Era a vontade dele", desabafou

Publicado em 25 de abril de 2018 às 17:47

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Único familiar do soldado Lucas Sabino Santos Neto no Espírito Santo, o pai da vítima, Lucas Sabino Santos Filho, disse ter tentado alertar o filho sobre os riscos da profissão. O soldado Sabino, como era conhecido entre os militares, foi morto a tiros na madrugada desta quarta-feira (25) em Itacibá, em Cariacica, no mesmo local em que costumava atuar como policial.

Sabino Filho, o pai, já está a caminho do Rio de Janeiro, para o município de Nova Iguaçu, terra natal do militar. Ele conta que o rapaz, de 26 anos, tinha muito orgulho de ser policial, sentimento que o pai demorou para compreender.

Aos 58 anos, Sabino Filho conversou com o Gazeta Online e lembrou que o jovem chegou a passar em um concurso para a Policia Militar do Rio de Janeiro, mas, por perder um prazo da seleção, acabou não dando continuidade.

O pai também conta da relação de Sabino Neto com o soldado Mello. Lotados no 7º Batalhão da Polícia Militar, que cobre todo o município de Cariacica, Sabino e Mello eram amigos, apesar do primeiro trabalhar em Itacibá, enquanto o segundo atuava em Flexal. Mello também foi assassinado.

A ENTREVISTA

Como o senhor ficou sabendo da morte do seu filho?

Ele tinha saído de casa para ir passear com um colega. Estava de folga. Começou a dar o horário dele voltar e comecei a me preocupar. Ele foi para Itacibá, mesmo lugar onde trabalhava.

Como ele estava aqui no Estado?

Estava bem, fez até inscrição para o curso de Educação Física, queria entrar na faculdade. Era um menino inteligente, já tinha atuado na Marinha lá no Rio de Janeiro, onde a gente morava. Estava namorando também.

O senhor se preocupava dele sofrer algum tipo de violência por ser policial?

Infelizmente, para mim, ele gostava de ser policial. Eu falava com ele que isso era coisa de burro. Ele era um cara inteligente, poderia fazer qualquer coisa. A questão de gostar é de cada um. Tem que respeitar. O pai sempre fala para o filho tomar cuidado. A gente era muito amigo, sempre me preocupava em dar um apoio pra ele, dentro da melhor maneira possível. Conselho de amigo, ser um cara justo, honesto. Infelizmente, a vida é assim.

Quando ele veio ser policial no Espírito Santo, ele pensava que seria menos perigoso do que ser militar no Rio de Janeiro?

A gente sempre debatia isso. Ele dizia que não tinha diferença nenhuma, que o risco era o mesmo. Você vai estar passeando de carro, os caras vão te alvejar e te matar. Ele tinha muito orgulho de ser policial. Fez prova no Rio, em Minas Gerais, em São Paulo e fez aqui também. Era a vontade dele.

O soldado Mello, morto recentemente, também era do mesmo batalhão. Eles se conheciam?

Eles eram muito amigos. Meu filho chorou muito quando soube da morte do Mello. Basicamente, ele ficou um dia inteiro deitado em casa, só chorando.

Como é a dor de voltar para o seu Estado sem o seu filho?

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É como se você levasse alguém que conviveu durante muitos anos, ajudou a criar, fez de tudo para ele... (choro) e a cada minuto que passa você vai sendo mutilado, aos poucos. Estou sem forças.

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