No último domingo (8) completou um ano que os amigos Geanderson Custódio, de 9 anos, e Dhanyel Brandão dos Santos, de 12 desapareceram no mar da Barra do Jucu, em Vila Velha, após saírem escondidos para brincar. Os meninos brincavam na água quando o mais novo, Geanderson, foi arrastado em direção às pedras, bateu com a cabeça e desmaiou. Preocupado, Dhanyel, tentou socorrer o amigo, mas também acabou sendo arrastado pela correnteza.
Algumas pessoas que estavam na praia no dia da tragédia contaram que o guarda-vidas já havia alertado os meninos sobre o perigo. Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas e, ainda naquele dia, começaram os trabalhos de busca.
À época dos fatos, a mãe de Dhanyel, Fabrícia Oliveira dos Santos, de 34 anos, conversou com a reportagem de A Gazeta e contou que o filho e o amigo foram para a praia escondidos, e que ela só ficou sabendo do desaparecimento à noite, quando uma conhecida da família ligou.
Dhanyel morava com a família em Barramares e Geanderson em João Goulart, bairros que ficam na região da Grande Terra Vermelha, também em Vila Velha.
Fabiana chegou a dizer para a reportagem, na época, que os dois gostavam muito de praia e que não foi a primeira vez que os meninos foram para o local sozinhos. Eles já tinham feito isso. Eu briguei, falei que não era para irem para lá sozinhos nunca mais. Eu estava despreocupada achando que ele estava na casa do amigo. Não consigo acreditar que isso está acontecendo, lamentou no dia do desaparecimento.
Um vídeo, feito por um morador da região da Barra do Jucu, em Vila Velha, flagrou Geanderson Custódio, de 9 anos, e o amigo Dhanyel Brandão dos Santos, 12, brincando na praia antes de desaparecem no mar no fim da tarde daquele sábado (8). Nas imagens, é possível observar como o tempo estava fechado e as ondas agitadas.
Assustado com o tamanho das ondas e com o tempo em Vila Velha, um morador, de 70 anos, decidiu fazer as imagens. No outro dia, quando ouviu dizer que duas crianças estavam desaparecidas na água, o idoso descobriu que havia registrado as últimas imagens dos meninos brincando.
Na manhã da segunda-feira, 10 de dezembro de 2018, um corpo foi encontrado com uma roupa vermelha, no mar da Praia da Concha, na Barra do Jucu, em Vila Velha. Pelo vídeo gravado no dia do desaparecimento, Dhanyel estava vestindo um short vermelho. No local, a mãe de Dhanyel, Fabiana Oliveira, confirmou que o menino resgatado era o filho dela.
Questionado pela reportagem de A Gazeta sobre como foi o procedimento de buscas pelos meninos, o Corpo de Bombeiros respondeu, nesta terça-feira (10), que em casos como este realiza buscas ostensivas em um período de 96 horas a contar da data e horário da submersão da vítima.
Nesse caso específico, a aeronave do NOTAer foi usada para fazer buscas na área acompanhada da embarcação Marlim, do Corpo de Bombeiros. Quando o corpo foi avistado no mar pela aeronave, que passou a informação à embarcação para que fosse feita a recuperação do cadáver.
Em nota, o órgão lamentou e disse que, durante os procedimentos, o corpo da outra vítima, Geanderson, de 9 anos, não foi encontrado e, desde então, não houveram novos acionamentos que indicassem a localização do corpo.
Após o corpo de Dhanyel ser encontrado, Rosilene Custódio, de 50 anos, mãe de Geanderson, fez uma vilígia na esperança de ver o corpo do filho boiando no mar. Ela chegava no início do dia e só deixava a praia quando a noite chegava. Fico olhando pra ver se aparece o cabelo loirinho dele, o corpinho. Preciso enterrar meu filho, lamentou a catadora de papelão. À época, ela conversou com a reportagem de A Gazeta e falou sobre a angustia de ter o filho desaparecido.
* esta entrevista foi concedira à reporter Glacieri Carraretto em 11 de dezembro de 2018.
Ele não era de vir pra praia, vinha escondido. Ele falou que tinha ido com a tia do amigo, eu chamei a tia e ela confirmou que tinha levado e pedi pra me avisar sempre. Trabalhava na feira todo domingo, na banca ou de carrinho, não era bagunceiro. Todo mundo gostava dele.
Os dias tem sido difíceis. Todo dia que eu chegava do serviço, ele tava me esperando pra dar um abraço. Não ia dormir enquanto eu não chegasse do trabalho, para me abraçar. Era muito bonzinho, todo mundo pedia para ele fazer alguma coisa, ele fazia. Bucar algo aqui ou acolá, não era de malcriação. Não sei o que aconteceu que fez ele vir pra cá.
Ele era um menino doce, muito carinhoso, sonhava em ser policial ou professor. Mas nem chegou a realizar o sonho dele. Estava tão feliz sábado pois tinha ganhado um carrinho de controle remoto, estava muito feliz, pois era o sonho dele. Dizia que só ia deixar o Daniel brincar com o carrinho. Eles eram muito amigos, brincavam juntos, assistiam desenhos, frequentavam a minha casa.
Agora peço a Deus pra ajudar a encontrar o corpinho dele. Meu desejo mesmo era que ele estivesse internado em um hospital, que alguém achou ele e levou pro juizado, sei lá.
Sim. A esperança é de que o mar traga para cá, fico olhando pra ver se o cabelinho loiro dele aparece na água. A gente quer dar um enterro digno pra ele, Deus abençoe que meu filho apareça.
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