Por pouco, uma pedra de aproximadamente um metro de comprimento não atingiu três pessoas que estavam na porta de um prédio. Depois dos últimos dias de chuva, o pedaço de rocha deslizou de uma encosta que fica no bairro Maria Ismênia, em Colatina, no Noroeste do Estado. O susto aconteceu no início da noite desta quinta-feira (14).
Aposentada, Maria Zorthea nem conseguiu dormir esta noite, tamanha preocupação. Na hora em que a pedra caiu, uma visita estava indo embora e só não tinha saído porque o guarda-chuva emperrou. Na hora, eu achei que tinha desmoronado um prédio. Foi um susto muito grande, desabafou ela, que tinha ido ao quintal, minutos antes, para alimentar os gatos.
Com o peso e a força do impacto, a pedra destruiu as plantas e o canteiro, que delimitava o terreno do prédio onde a idosa mora com a filha, que é cadeirante. Além delas, no local também vivem mais três famílias. O imóvel fica ao lado de uma área que passou a ser considerada de risco, após as fortes chuvas de 2013, e que ainda não teve as obras de contenção concluídas.
O pouco feito no local só serviu para aumentar o medo da professora Edileuza Caser. Quando começaram a tirar a vegetação, eu me preocupei, porque ela ajudava a segurar a terra. Eu moro há 38 anos aqui e nunca vi nada parecido. Atrás do meu quarto tem outras pedras que oferecem perigo. A minha vida não tem preço, disse ela, apavorada.
A obra que é aguardada por essas duas moradoras de Maria Ismênia faz parte de um pacote que contempla serviços de contenção nos bairros São Braz e Nossa Senhora Aparecida onde a população também continua esperando. Em março deste ano, a Prefeitura de Colatina começou a trabalhar nos locais, mas desde setembro nada foi feito.
A paralisação aconteceu por causa de uma recomendação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que considerou ilegal dois aditivos dados à empresa, no valor de R$ 272 mil. Além disto, o município também teria iniciado as obras sem a garantia de que teria o dinheiro em caixa para concluir os trabalhos.
Enquanto isso, a população segue insatisfeita. É um empurra-empurra. Há uns três ou quatro meses, vieram e colocaram as lonas. Agora já está tudo rasgado. Foi uma perda de tempo e dinheiro. É mais uma época de chuvas esperando. Não só eu, mas outras pessoas também estão em risco, resumiu o soldador Placidino Damascena.
Ao todo, as três obras devem custar cerca de R$ 3,9 milhões e têm precisão de ficarem prontas em dezembro do ano que vem. Ou seja, mais um ano de medo para a dona de casa Fátima Suely Damascena. O medo é que tudo desmorone. Nossa casa está bem em cima dessa área. O que nos resta é torcer para não chover muito e esperar, afirmou.
Por meio de nota, a Prefeitura de Colatina garantiu que a Defesa Civil já visitou o local onde a pedra caiu e atestou que não há mais riscos. A Secretaria de Obras ficará responsável pela remoção da que deslizou. Já em relação às obras, o município disse apenas que trocará as lonas que rasgaram, sem informar qualquer data para retomada.
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