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Dez dias após abertura de canal, nível da Lagoa Juparanã continua alto

Dez dias após abertura de canal, nível da Lagoa Juparanã continua alto

De acordo com moradores de Patrimônio da Lagoa, em Sooretama, o nível da lagoa continua subindo

Publicado em 16 de abril de 2018 às 14:30

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Em Patrimônio da Lagoa, no município de Sooretama, a água invadiu casas e ruas. (Reprodução | TV Gazeta Norte)

Nesta segunda-feira (6), faz 10 dias que a Fundação Renova abriu um canal na barragem do Rio Pequeno, em Linhares, Norte do Estado, para tentar escoar a água da chuva acumulada na Lagoa Juparanã. Mas a cheia, que já dura dois meses e inundou fazendas e casas, parece estar longe de acabar. De acordo com moradores de Patrimônio da Lagoa, em Sooretama, o nível da lagoa continua subindo.

Na casa da recepcionista Eliziane Zucoloto, a água chegou ao quintal, que foi aterrado. "Tem um mês que está enchendo e duas semanas que alagou o aterro. Tem muita gente que está com a casa alagada. Fico preocupada, porque cada vez está aumentando mais", afirmou.

O nível da Juparanã está tão alto que a água quase cobre a Ilha do Imperador, cartão postal de Linhares. Quem se aproxima vê apenas o topo de algumas árvores. Segundo o presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas (CBH) Pontões e Lagoas do Doce, Antônio Ruy Junior, onde era praia, areia na ilha, a água está a 1,60 metro de altura aproximadamente.

"Nós temos uma entrada que chegou até 80 mil litros de água em fevereiro. Hoje temos mais de 13 mil litros, na última medição feita na sexta-feira (13), por meio da Agência Nacional de Águas (ANA). O volume é muito grande em relação ao que está saindo".

Além disso, de acordo com Ruy, não é só o Rio São José que deságua na Juparanã. Outros mananciais também alimentam a lagoa, como os córregos do Veado e da Capivara. Para ele, pode demorar meses para o nível voltar à normalidade. "Aquele dreno artificial não vai conseguir vazar em 45 dias (prazo dado pela Renova). Pode demorar até o final do ano, quando começar uma nova enchente", afirmou.

Cheia da Lagoa Juparanã atinge casas e cobre quiosques em Linhares. (Reprodução | TV Gazeta Norte)

A lagoa deságua no Rio Pequeno, onde foi construída uma barragem, em 2015, para evitar que a lama de rejeitos de minério da Samarco invadisse o Rio Pequeno e a Juparanã. O problema é que a barragem represou a água. Bastou então a chuva dos últimos meses, na região da cabeceira do Rio São José, para que fazendas e casas fossem alagadas, já que não há escoamento. Segundo o Sindicato Rural de Linhares, pelo menos 500 produtores rurais foram afetados e 20 propriedades estão totalmente inundadas.

O presidente do CBH Pontões e Lagoas do Doce, Antônio Ruy Junior, aponta uma solução para resolver o problema da cheia. "A proposta é que sejam colocadas várias adutoras, até 10, com capacidade de até 30 mil litros por segundo, por gravidade, da ponte para baixo, de 400 a 500 metros, para evitar problemas com a estrutura da ponte e com as casas das populações ribeirinhas".

A geógrafa Zila Maria Sabaine, do Instituto Biolago, disse que a enchente deste ano está sendo maior que a de 2013. "Só que não é uma enchente natural, é uma enchente provocada pela retenção da água pela barragem. Depois que a água for secando muito devagar, vai causar mau cheiro e mosquitos. O prejuízo é muito grande".

(Com informações de Érika Carvalho | TV Gazeta Norte)

PARA PREFEITURA, ÁGUA COMEÇOU A BAIXAR

Diferentemente do que moradores afirmam, a Prefeitura de Linhares disse que o nível da Lagoa Juparanã está baixando, ainda de que forma vagarosa. "Atualmente entram 14.340 litros por segundo e a vazão é de 22.500 litros por segundo. De acordo com esse monitoramento, a previsão dos técnicos é de que em 30 a 40 dias, a situação esteja normalizada".

No município, são 6 famílias desabrigadas devido à cheia da Lagoa Juparanã. Segundo a prefeitura, todas são assistidas pelo benefício aluguel social, da Secretaria Municipal de Assistência Social. As áreas de risco são constantemente monitoradas pela Defesa Civil Municipal.

FUNDAÇÃO RENOVA

A Fundação Renova esclarece que desde o dia da abertura do canal para escoar a água da chuva acumulada na lagoa Juparanã, no último dia 6, até a manhã desta segunda-feira (16), a vazão da água para o rio Pequeno aumentou de 1.870 litros por segundo para 22.500 litros por segundo, operando em 76% da sua capacidade total. Além do canal, as bombas instaladas no local ainda estão em pleno funcionamento, com uma capacidade de vazão de 670 litros por segundo.

A Renova informa ainda que toda ampliação no canal é feita de forma gradativa e controlada e com o monitoramento e inspeção sistemática dos técnicos da Fundação. Estas ações visam minimizar os riscos e garantir a segurança de quem mora às margens do rio Pequeno, bem como preservar a estrutura da ponte na rodovia ES-248.

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