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Carreta que transporta gasolina é flagrada levando água para Regência

Carreta que transporta gasolina é flagrada levando água para Regência

Veículo levava água potável para os moradores de Regência quando foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal na BR 101

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 16:32

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Caminhão-tanque foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal na BR 101, em Linhares. (Divulgação/PRF)

Uma carreta com autorização para transportar produtos químicos e combustíveis, como gasolina, foi flagrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia BR 101, em Linhares, região Norte do Estado, levando água potável para abastecer o distrito de Regência, na tarde desta quinta-feira (22). O veículo foi abordado no quilômetro 152 pelos policiais e acabou apreendido. A informação foi divulgada pelo colunista Leonel Ximenes, de A GAZETA.

Segundo a PRF, era feita uma fiscalização com foco no combate à criminalidade quando o caminhão pipa Volvo/VM foi abordado pela equipe. O motorista informou que transportava água potável e que o tanque foi completado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), em Linhares. Além disso, o condutor disse que a carga seria entregue em Regência e apresentou um documento de romaneio emitido pelo Saee.

Durante a fiscalização da carreta, os policiais verificaram que a certificação do veículo era para transportar produtos perigosos, não para ter água potável como carga. No caminhão estava afixado a última certificação, que foi realizada em novembro de 2016. No sistema, foi confirmado que o proprietário anterior estava cadastrado para transportar produtos perigosos.

Ainda de acordo com a PRF, a carreta, a carga e o motorista foram encaminhados para a 16ª Delegacia Regional de Linhares por utilizar um tanque inapropriado para o transporte de produtos para o uso e consumo humano e/ou animal.

Questionada a respeito da abordagem da carreta, a PRF informou que efetua fiscalização veicular em todas as abordagens com intuito de verificar se o veículo está irregular ou não. E, o procedimento de fiscalização minuciosa nos veículos é de praxe, e sempre realizado detalhadamente pelos policiais. Assim, se na verificação o veículo estiver em conformidade, consequentemente será liberado. Caso contrário, a PRF informou que é apreendido e encaminhado ao órgão competente.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

A Prefeitura de Linhares informou que a água para os moradores de Regência é fornecida pelo Saae, mas o transporte é responsabilidade da Fundação Renova, instituição criada para gerir ações de reparação dos danos materiais causados pela lama de rejeitos da Samarco. No entanto, os moradores da localidade contam que enfrentam problemas no abastecimento, segundo o presidente da Associação dos Comerciantes de Regência, Messias Caliman.

Ele disse que a comunidade tem apresentado as reclamações para a Renova e para o Ministério Público do Estado (MPES) para que a situação seja resolvida. “Nossa estação de tratamento de água está pronta, mas houve contaminação por bário, que é cancerígeno, por um problema na água do poço. Então dependemos dessa água que chega através dos caminhões-tanque. Agora, com essa carreta de produtos perigosos trazendo a água que a gente consome, vamos pedir que a Renova troque a transportadora”, explicou Messias.

Os moradores vão fazer uma manifestação na tarde desta sexta-feira (23), em Regência, para pedir a troca da empresa que faz o transporte da água potável para a localidade.

O OUTRO LADO

Procurado, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) informou que é responsável pelo fornecimento da água tratada que está dentro dos padrões de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde. “Toda a logística de transporte da água até a localidade é de responsabilidade da Fundação Renova desde o rompimento da barragem de Mariana”, diz a nota do Saae.

Sobre a água transportada, a vigilância municipal de Linhares informou que encaminhou amostras da água coletada do caminhão pipa para o Laboratório Central do Estado, em Vitória, que será responsável pela análise e emissão do laudo.

Já a Fundação Renova esclareceu que o motorista do caminhão-tanque e o veículo foram conduzidos até a delegacia para prestar esclarecimentos. “No local, foram apresentados os laudos e também realizadas análises técnicas que comprovaram a regularidade no transporte e da qualidade da água. Com isso, o motorista foi liberado para seguir. Não houve, portanto, apreensão do caminhão”, alega a nota enviada.

Além disso, a Renova informou que as carretas que transportam água para Regência passam constantemente por todos os processos necessários para estarem aptos para o transporte de água. “Na última semana, devido às fortes chuvas e às condições da estrada até Regência, a entidade encontrou dificuldades em alguns dias para entregar a água. O fornecimento na região já está normalizado”, finalizou a fundação.

A empresa Comec, dona do veículo e contratada pela Fundação Renova, informou que atua exclusivamente no transporte de água potável e nunca transportou combustível ou produtos químicos. Na ocasião da fiscalização, a empresa informou que a PRF apreendeu o veículo para verificação, porque observou que havia um selo do Inmetro na carreta que indicava a autorização para transporte de produto inflamável.

Apesar disso, desde que adquiriu a carreta em 2016, a Comec informou que utilizava a carreta exclusivamente para transporte de água potável e possui laudo de higienização do veículo e alvará sanitário, que é a certificação necessária para transportar água potável.

POLÍCIA CIVIL

A Polícia Civil informou que a perícia criminal de Linhares foi acionada e realizou a coleta do material para ser submetido a análise pericial para avaliação da qualidade da água. O motorista esteve na delegacia onde prestou esclarecimento, foi ouvido e liberado.

Segundo o delegado titular da Delegacia de Divisões Penais e Outras (Dipo) Romel Pio de Abreu Júnior, a Vigilância Sanitária esteve na Delegacia e informou por meio de sua diretora que rotineiramente são realizadas coletas e análises nos caminhões que transportam água para o SAAE, inclusive no caminhão apreendido.

A vigilância sanitária, de acordo com a PC, se comprometeu a apresentar documentações que comprovam que todos os veículos da empresa passam por uma vistoria cotidiana e que até hoje nunca foi constatado contaminação na água transportada.

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O caso segue sob investigação da Delegacia de infrações penais outras (DIPO) de Linhares e outras informações, segundo a assessoria, não seriam passadas no momento, para não atrapalharem o andamento das investigações.

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