Entre tantos sentimentos que surgem após a descoberta e o tratamento do câncer de mama, manter a confiança e a autoestima elevadas se torna mais um desafio. Mulheres que já venceram a doença ou que lutam contra ela, entretanto, mostram que é possível encará-la de forma leve e com bom humor. Na tarde da última segunda-feira (30), elas se reuniram para um ensaio fotográfico na Curva da Jurema para o projeto “Você é Única”.
A gestora de Recursos Humanos, Rozana da Silva Santos Cenachi, de 39 anos, descobriu o câncer de mama em 2018. A aceitação já veio desde o início e ela sempre tentou encarar a doença como mais um desafio que teria na vida. Para buscar um melhor tratamento, saiu do Pará para o Espírito Santo com o marido, filho e uma irmã.
“A médica falou que eu estava com câncer, caíram umas lágrimas porque passou um filme na minha cabeça, mas não foi nada desesperador. Eu perguntei: tem cura? Ela disse que tinha, então eu disse 'vamos que vamos'”, contou Rozana, que terminou o tratamento em abril deste ano.
Mas ela não foi a única que tentou encarar a doença de forma positiva. A recriadora Larrubia Coimbra, 60, descobriu a doença em 2017. Durante cada quimioterapia acreditava que não aguentaria, mas se apegou na fé para vencer cada etapa do tratamento. De lá para cá foram oito meses de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia.
“Eu simplesmente não perguntei a Deus o porquê, mas para quê? Há um propósito para isso. Eu agradeço a Deus todos os dias por estar aqui, quando você faz quimioterapia acha que não vai amanhecer, ai você amanhece”, contou.
CABELO
A preocupação de Larrubia no início era o cabelo, ela sempre gostou de tingir os fios longos com um vermelho bem vivo. Inicialmente, cortou no ombro para não se assustar e só depois raspou. Ela conta que raspar o cabelo a fez se enxergar a sua beleza muito além dos fios. Tanto que após o tratamento o cabelo cresceu, mas continuou deixando ele baixo.
“No dia que meu amigo me mandou um whatsapp dizendo “nunca imaginei que uma mulher careca, maquiada e de bem com a vida fosse ser tão sexy”, aí acabou, nem lenço e nem nada. Eu tinha que me assumir, você não pode ter tristeza porque perdeu o cabelo. Você tem tristeza porque perdeu o amigo, o filho, o pai”, conta.
Rozana contou que já ouviu relatos de mulheres que preferiram morrer ao estar sem cabelo, mas ficar careca não afetou tanto a sua vida. Amigos e familiares, inclusive, passaram a raspar o cabelo em apoio a ela.
“Não fiquei triste por ter perdido o cabelo. Encarei de boa porque eu sempre falo que a careca é melhor que o câncer. O cabelo cai e nasce, foi nisso que me apeguei. Eu até gostei da careca, me diverti muito. Em novembro do ano passado terminei a quimioterapia e desde dezembro começou a nascer o cabelo”, completa.
A técnica de enfermagem Marilene Nogueira Machado, 53, descobriu a doença em 2015. Ela contou que a profissão, o apoio da família e de amigos no tratamento foi fundamental, isso a fez encarar a doença com mais leveza.
“Como eu já lidava com pessoas doentes e já via o sofrimento de pessoas, isso me ajudou muito a aceitar o que veio para mim. Todo mundo está sujeito a passar por isso. Essa enfermidade que eu vivenciei e ainda estou tratando só me deu mais força de viver e de valorizar a minha vida e as pessoas que estão ao meu redor”, finalizou.
PROJETO "VOCÊ É ÚNICA"
Outubro é o mês dedicado para falar sobre a prevenção do câncer de mama, o mais comum entre mulheres no Brasil e também a doença que mais mata no Espírito Santo. Para dar início às ações, o cabeleireiro Dirceu Paigel e a gestora do salão Dirceu Paigel Estética Capilar, Carla Thiebaut, realizaram a projeto “Você é Única”, que está em sua segunda edição.
Para dar início às ações, foi realizado um ensaio fotográfico com cinco mulheres em tratamento e que já venceram a doença. As fotos produzidas neste ensaio vão se transformar na mostra “Você é Única”, que acontece no Shopping Vitória, dia 17 de outubro, junto com a realização do “Chá Rosa”, tradicional evento de confraternização entre mulheres, promovido também por Dirceu.
Dirceu, que é especializado em perucas e mega hair, explicou que o mês de outubro é importante para conscientizar as mulheres sobre a necessidade de prevenção. Além disso, mostrar para as que possuem a doença que é possível enfrentar essa fase de maneira leve e bonita.
Outubro Rosa
Para o ensaio, ele disponibilizou perucas, que foram escolhidas de acordo com o gosto das mulheres. “A proposta é mostrar para os pacientes de câncer que tem muita coisa além da vida do câncer. Elas pode passar por esse período de tratamento bonitas”, disse.
Carla acrescentou que o projeto surgiu com a experiência de lidar com mulheres que saem do consultório médico e chegam até o salão. “A gente sabe que a mulher quando está com a autoestima firmada, o tratamento se torna mais leve. A ação é para mostrar às mulheres que elas têm valor, são únicas e podem prosseguir na vida”, afirmou.
PARCERIA
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Para contribuir com esse projeto, houve a parceria de três maquiadoras, a fotógrafa Jociane Bristt, além também de digitais influencers Lorena Motta Barbarioli, Lorraine Stoodley, Juliana Modenese e Juliana Morgado.
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