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Greve de professores em Vitória continua e pais reclamam do movimento

Greve de professores em Vitória continua e pais reclamam do movimento

A greve começou no dia 26 de março e, segundo o Sindiupes, não tem data para terminar

Publicado em 19 de abril de 2018 às 20:36

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Professores da escola Éber Louzada, em Jardim da Penha, aderiram ao movimento. (Reprodução | Google Maps)

Enquanto o impasse entre os professores e a Prefeitura de Vitória permanece, as famílias dos alunos reclamam que os filhos estão sem aulas. O movimento, que nesta quinta-feira (19) completa 25 dias, já foi declarado ilegal pela Justiça. A decisão determinou que os professores retornassem ao trabalho imediatamente no dia 2 de abril sob multa diária de R$ 4 mil. No entanto, a categoria decidiu continuar com a paralisação

Como os professores definiram que manteriam o movimento de greve, o procurador-geral de Vitória, Rubem Francisco de Jesus, informou que a prefeitura recorreu à Justiça, que aumentou a multa para R$ 40 mil por dia. 

Uma nova assembleia foi marcada pelos professores para as 8 horas desta sexta-feira (20). No encontro, a categoria irá fazer uma avaliação do movimento. O representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Paulo Loureiro, disse que até o momento nenhuma contraproposta foi apresentada e, portanto, a greve deve continuar.

“Não conseguimos diálogo com a prefeitura. Estamos buscando o Ministério Público do Estado para fazer a intermediação, mas até o momento nenhuma audiência foi agendada conosco.”

Porém, Rubem declarou que as negociações só serão retomadas quando a categoria voltar ao trabalho. Ele disse ainda que a prefeitura não tem condições de pagar os 28% de reposição salarial que a categoria pontuou como bandeira de luta do movimento.

"Nós estamos em um processo de uma crise aguda e o gestor público tem uma espada sob sua cabeça que é a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, apesar disso, o diálogo sempre esteve aberto. Essa greve foi uma surpresa para a gestão porque vínhamos discutindo o assunto há seis anos e de repente o sindicato comunicou que deixaria a mesa de negociação e deflagrou a greve. Inclusive, a greve foi considerada ilegal pelo abandono às negociações", afirmou o procurador-geral de Vitória.

FAMÍLIAS INSATISFEITAS

Loureiro informou aproximadamente 5 mil professores aderiram ao movimento e em torno de 35 mil alunos estão sendo afetados diretamente pela greve. Diante desse cenário, as famílias não estão satisfeitas com esse tempo que as crianças estão fora da escola.

A estudante de psicanálise Ana Paula Carvalho Souza de Oliveira tem uma filha de 7 anos que estuda no segundo ano do Ensino Fundamental da escola Éber Louzada Zippinotti, em Jardim da Penha. A preocupação da mãe é que a menina seja prejudicada e fique sem ter acesso ao conteúdo pedagógico programado.

“Olhando pelo lado dos professores eu acho o movimento válido. Vejo que é a forma que eles têm de chamar atenção da população, mas isso não resolve. Quem acaba ficando prejudicado são as crianças. Em situações anteriores eles queriam repor as aulas nos sábados, mas aí poucas crianças aparecem. Aí eles as juntam em uma sala e passam vídeo. Não vamos aceitar esse tipo de reposição. Nós vamos cobrar”, disse.

Ana Paula Carvalho Souza de Oliveira e a filha Louisy Gabrielly Souza de Oliveira, de 7 anos, que está sem aula na escola Éber Louzada, em Jardim da Penha, desde o último dia 26 de março. (Arquivo Pessoal)

A servidora federal Valeria Demoner, que tem um filho de 9 anos que estuda no terceiro ano, também na escola Éber Louzada, acredita que o movimento não está sendo bem conduzido.

“Eu sou a favor da greve porque os professores deixaram de receber um direito deles. Eu acho que a luta é digna, mas houve  até invasão em algumas escolas de manifestantes. Querendo ou não é uma violência chegar fazendo baderna em uma escola, com cartaz, gritando, as crianças que estavam concentradas na sala ficaram assustadas. A partir disso passei a olhar a greve com uns olhos não muito bons.”

Valeria comentou que o filho a questiona se a professora não quer mais dar aula para ele, mas a servidora disse que explica para ele sobre o movimento de greve.

Pai de um aluno de 11 anos, da sexta série da escola Éber Louzada, o administrador Ricardo Rezende se posiciona contra a greve e ressalta que o direito de uma pessoa não pode sobrepor ao de outra. “Acho uma grande falta de respeito dos professores. Todo ano é essa história.”

Questionado se as famílias dos alunos tem apoiado o movimento, o representante do sindicato explicou que as comunidades têm apoiado os professores. “Nós temos dialogado com o Conselho Popular de Vitória, as escolas fazem reuniões com os pais constantemente. Uma parte nos cobra o retorno, mas estamos dialogando porque nós temos é que cobrar da administração municipal”, disse Loureiro.

Em relação às aulas perdidas pelos alunos, o procurador-geral de Vitória explicou que a reposição será discutida com o Conselho Escolar.

O MOVIMENTO

Segundo Loureiro, os 3% de reposição da perda em relação à inflação de 2017 apresentada pela Prefeitura de Vitória não são suficiente. A categoria luta por 28,3% que representa a recomposição salarial dos últimos quatro anos. Além disso, os professores também brigam pelo plano de carreira que está congelado.

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“Nós estamos há quatro anos sem receber nem a inflação de reajuste. Além disso, temos o plano de carreira que parou de ser pago desde 2016. Nós não temos o plano de carreira que é uma lei municipal há dois anos. A gente também reclama da falta de condições das escolas que estão sucateadas”, explicou.

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