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Frade sobre violência doméstica: “Muito triste o aumento de casos”

Frade sobre violência doméstica: “Muito triste o aumento de casos”

Homilia deste domingo (19), no último dia do Oitavário da Festa da Penha, trouxe uma repreensão aos homens que agridem suas mulheres

Publicado em 19 de abril de 2020 às 20:44

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Frei Gustavo Medella: “Que a repreensão diante dos fatos faça com que aqueles que nos dirigem entrem no eixo e tomem consciência da responsabilidade”
Frei Gustavo Medella: “Que a repreensão diante dos fatos faça com que aqueles que nos dirigem entrem no eixo e tomem consciência da responsabilidade”. (: Divulgação/ Danilo Luca Ferreira Martins)

Uma repreensão aos homens que agridem suas mulheres e um tributo aos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus pontuaram a homilia do último dia do Oitavário da Festa da Penha, em missa celebrada às 17 horas na capela do Convento pelo Frei Gustavo Medella.

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Nós, homens, hoje precisamos também pedir perdão pelas vezes que fomos insensíveis para com as mulheres. É muito triste ver notícias de que, nestes tempos de isolamento social, há um aumento considerável dos casos de violência doméstica. Ou seja, além da opressão da situação que já é dura em si em casa, a mulher, confinada e isolada, precisa aguentar todo tipo de desaforo, violência e exploração da parte do esposo ou de outros. Precisamos mudar esse quadro, que não é do agrado de Deus e não condiz com um país onde a maioria das pessoas se diz cristã.

Frei Gustavo Medella.
 
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Em seguida, o frade rendeu tributo e puxou os aplausos para as musicistas que atuam no louvor das celebrações do Convento. E assim Bárbara Fragoso (vocal), Roselene Gonçalves dos Santos (violão e vocal) e Laís Fernandes dos Santos (flauta) foram homenageadas simbolizando todas as figuras femininas.

“Elas representam todas as mulheres do Estado e do Brasil, as nossas voluntárias, as nossas trabalhadoras. Recebam da nossa parte um carinhoso muito obrigado. Cobrem de nós, homens, o compromisso de sermos mais fraternos, sensatos, respeitosos na lida com vocês. Que Nossa Senhora abençoe a todas sempre”, prosseguiu o vigário provincial.

Em sua homilia, Gustavo Medella falou sobre as portas fechadas, tendo por base o trecho bíblico de João capítulo 20 – “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: ‘A paz esteja convosco’”.

O religioso usou essa passagem para refletir sobre o principal flagelo nos tempos atuais. “Se tirarmos ‘por medo dos judeus’ e colocarmos ‘por medo do coronavírus’, quais são as portas fechadas hoje? E como Jesus transpõe essas portas e se faz presente nessas situações? Estando fechando as portas do hospital e da UTI por medo do coronavírus, de que maneira Jesus se faz presente ali onde a princípio parece que as forças da morte estão muito evidentes?”, perguntou.

A resposta veio em seguida e aponta para os “heróis sem capa”, como têm sido chamados os homens e mulheres que atuam no atendimento aos enfermos. “Ele se faz presente na presença destemida de cada profissional de saúde, que coloca em risco a própria vida, que se afasta do convívio com sua família para ser família daquele que não pode conviver com os seus por conta das restrições de um isolamento sofrido e difícil. E Jesus, na voz desse profissional de saúde, chega bem perto desse doente (...) e leva um pouco de paz para aquele coração aflito.”

Da mesma forma, segundo o frade, também acontece com uma família em dificuldades, amparadas por instituições que levam alimentos a quem começa a passar fome. “Estando fechadas as portas por medo do coronavírus, Jesus se encarna na presença de pessoas e organizações generosas que sabem pensar no outro. A mãe abre a porta e eis que tem a paz, pelo menos temporária, de saber que vai ter um almoço, uma jantinha e um café para si e para os seus. Esses são alguns dos modos em que Jesus continua sendo presença de paz entre nós e através de nós. Ele nos ajuda a vencer o medo. Tolerantes, abertos ao diálogo, teremos melhores condições de vencer o flagelo desta pandemia.”

As musicistas Bárbara Fragoso, Roselene Gonçalves dos Santos  e Laís Fernandes dos Santos (da esquerda para a direita) foram homenageadas durante a celebração
As musicistas Bárbara Fragoso, Roselene Gonçalves dos Santos e Laís Fernandes dos Santos (da esquerda para a direita) foram homenageadas durante a celebração. (Divulgação/ Danilo Luca Ferreira Martins)

“Que entrem no eixo”

A mensagem também trouxe um alerta sobre a responsabilidade das autoridades para com a vida. “A virgem que diz que, de agora em diante, ‘todas as gerações me chamarão de bem-aventurada’ é a mesma que, diante de Deus, é capaz de corajosamente dizer: ‘Eis aqui a serva do Senhor’. A coroa é sinal de humildade. O verdadeiro rei é portador de uma característica chamada magnanimidade. É generoso, capaz de enfrentar as dificuldades sem pensar primeiro em si e nos seus interesses mais mesquinhos, mas olha para o todo da realidade e dá as respostas que cada situação necessita.”

Uma atitude completamente oposta à tomada por Tomé, o discípulo incrédulo que num primeiro momento duvidou da ressurreição de Cristo, ressaltou o frei Medella. “Faltou-lhe a humildade de confiar em seus pares, que estavam mais bem informados. Levou uma repreensão muito merecida. Graças a Deus, entrou no eixo. Que a repreensão diante dos fatos, dos problemas e das dificuldades faça com que aqueles que nos dirigem entrem no eixo e tomem consciência da responsabilidade. Que ajam magnamente.”

O encerramento do Oitavário anuncia a preparação para a festa do Dia de Nossa Senhora da Penha, data a ser comemorada nesta segunda-feira (20).

Acompanhe tudo sobre a Festa da Penha 2020 com formato inédito e virtual em agazeta.com.br/festadapenha.

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