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Caso Milena: quase 11 horas depois, termina segundo dia de audiências

Caso Milena: quase 11 horas depois, termina segundo dia de audiências

O restante das audiências serão realizadas nos dias 30 e 31 de janeiro

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 23:59

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Depois de 10 horas e meia de duração, terminaram as audiências do segundo dia do processo de julgamento do caso da Milena Gottardi, nesta quarta-feira (17), no Fórum Criminal de Vitória. O policial civil Hilário Frasson e o ex-sogro de Milena, Esperidião Frasson, são acusados de serem os mandantes do crime. Milena foi baleada na cabeça no dia 14 de setembro do ano passado e morreu no dia seguinte.

As três testemunhas que prestaram depoimento na manhã desta terça-feira pediram para falar na ausência dos seis réus. Foram ouvidos um vizinho da Milena, colegas de trabalho da médica, mães de crianças que estudam no mesmo colégio em que as filhas da médica frequentam e a coordenadora da escola. Duas testemunhas ligadas ao caso do Hilário Frasson ter instalado câmeras para monitorar a rotina da ex-mulher também foram ouvidas.

Marcelo Thompson é agente da Polícia Federal e indicou a empresa Webcam para o Hilário contratar o serviço. Já Ulisses é funcionário da empresa que fez a instalação na casa de Milena.

Na época da separação, período entre março e abril, o policial civil Hilário Frasson, inconformado com a situação, entrou em contato com uma empresa de segurança que pertence a um agente da polícia federal aposentado, segundo informações do delegado Janderson Lube, à frente da investigação pela Delegacia de Homicídios Contra Mulher.

Para a polícia, é mais uma amostra das ameaças e da vigília que a vítima sofria em relação ao ex-companheiro. “Dentro da perseguição que ele fazia com Milena, existem indícios de que Hilário procurou profissionais do ramo da segurança para que fossem instaladas câmeras de segurança em dois cômodos do apartamento que pertencia ao casal, inclusive uma delas sobre a cama da ex-mulher para vigiar a rotina”, afirmou o delegado Janderson no dia 19 de outubro do ano passado.

No entanto, a polícia acredita que o ex-policial tenha retirado o equipamento logo após o crime. “O ex-marido foi ao apartamento onde Milena morava com a mãe, após fazer a liberação do corpo da médica no DML, carregando um envelope. Lá permaneceu por cerca de 20 minutos e saiu com cabos entre as mãos. Acreditamos que ele tenha retirado os equipamentos de vigilância”, contou Janderson Lube.

O fato aconteceu no dia 16 de setembro, o sábado em que Milena foi enterrada em Fundão. Hilário não participou do enterro. Somente dias depois a polícia conseguiu um mandado de busca e apreensão para entrar no apartamento de Milena, mas nada foi localizado.

RÉUS NO FÓRUM

Por volta de 9 horas desta quarta-feira (17), as viaturas com os réus, que estão presos preventivamente, chegaram no prédio da Justiça, sob uma forte escolta. Onze agentes penitenciários acompanham os presos no deslocamento e dentro do Fórum. A imprensa não tem acesso ao quarto andar, onde fica o local da audiência.

Os depoimentos desta quarta-feira (17) foram mais curtos, diferentes dos do primeiro dia, que chegaram a durar até três horas. No primeiro dia, foram ouvidos parentes da médica, entre eles a mãe e o irmão de Milena, e amigas, além do delegado Janderson Lube e de um policial civil que acompanharam as investigações.

Na chegada do Fórum nesta quarta-feira (17), o advogado de Hilário Frasson, Homero Mafra, disse que os depoimentos das primeiras testemunhas, embora arroladas pela acusação, foram positivos para a linha de defesa do policial civil.

"A família não colocava ódio, a família faz um depoimento que é verdadeiro. Uma coisa que ficou claro é que ninguém da família falou que Hilário agredia Milena, por exemplo "

Dionathas, acusado de ser o executor, e Bruno, que emprestou a moto utilizada no dia do crime, respectivamente, ficam juntos em uma cela separada no Fórum, quando as testemunhas pedem para que os réus não acompanhem os depoimentos. Hilário e Esperidião dividem o mesmo espaço com Valcir da Silva e Hermenegildo Filho, acusados de serem os intermediários. Os quatro estavam em uma cela ao lado dos outros dois réus, mas, por determinação da Justiça, foram para um espaço mais distante nesse segundo dia após a defesa do executor acusar Hilário de intimidar Dionathas dentro do fórum.

 DIONATHAS e BRUNO ISOLADOS

A defesa de Dionathas Alves Vieira, acusado de atirar na médica Milena Gottardi, e de Bruno Rodrigues Broetto, que teria roubado a moto utilizada por Dionathas no dia do crime, afirmou, no fim da noite desta terça-feira (16), que o policial civil Hilário Frasson, e um dos intermediários, Valcir da Silva Dias, tentaram intimidar Dionathas no intervalo da primeira audiência sobre o caso.

Nesta quarta (17), por conta da intimidação ocorrida nesta terça, o juiz, atendendo ao pedido da defesa, também determinou o isolamento de Dionathas e Bruno dos demais acusados. Dentro do salão do Fórum, a determinação é que eles fiquem distantes.

"Isso foi lamentável. Ontem (terça) o Dionathas relatou que teria sofrido uma ameaça do Hilário, que teria proposto a ele trocar de advogado. Porque o advogado estava atrapalhando o interesse deles, e que ele (Hilário) iria pagar outro advogado para o Dionathas. Para que com essa mudança de defesa ele pudesse tirar todas as acusações contra os demais acusados, e em troca Hilário daria dinheiro para a família dele", contou Leonardo da Rocha Souza, advogado de Dionathas e Bruno.

O advogado também fez questão de destacar que o primeiro dia de audiências foi bastante positivo para os seus clientes.

"Na visão da defesa foi um dia muito proveitoso, esclarecedor. Para o Bruno foi a oportunidade de esclarecer aquilo que a gente já vinha dizendo, que é a ausência de provas objetivas da participação e da ciência ao crime. As provas são fracas. Para o Dionathas veio também confirmar que ele tem colaborado desde o início para o esclarecimento dos fatos", comentou.

PRÓXIMOS PASSOS

O restante das audiências serão realizadas nos dias 30 e 31 de janeiro. No primeiro dia, serão chamadas as pessoas apontadas pelas defesas dos denunciados como mandantes do assassinato da médica: Hilário Frasson e o pai dele, Esperidião Frasson.

Na lista de testemunhas convocadas pelo advogado de defesa Hilário, Homero Mafra, foram intimadas 13 pessoas, entre elas um desembargador aposentado, dois assessores de desembargador, o chefe da Polícia Civil do Espírito Santo, Guilherme Daré, e um padre da Igreja Católica, José Pedro Luchi.

Já no dia 31 de janeiro, devem comparecer as testemunhas apontadas pela defesa de Hermenegildo Palauro Filho, conhecido como Judinho, e Valcir da Silva Dias, ambos acusados de serem intermediários do crime. As audiências para ouvir as testemunhas de defesa de Dionathas e Bruno Rodrigues Broetto, acusado de ter roubado a moto do crime, ainda não foram marcadas.

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Durante as audiências de instrução do processo, são ouvidas testemunhas, ocorre o interrogatório do réu e, se for o caso, são apresentadas as alegações finais. Após essas audiências, o juiz vai analisar e pode ou não decidir se pronuncia ou não o acusado, ou seja, se ele vai ou não a júri popular. Quando o juiz decide pela pronúncia, ele não está decidindo se o réu é ou não culpado, mas se há indícios de autoria do crime.

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