Após publicação de reportagem de A Gazeta sobre dois estudantes de Medicina da Ufes acusados de vazar o resultado de um exame de HIV do colega da turma, várias pessoas se manifestaram contra a conduta dos universitários. Até o diretório acadêmico do curso divulgou uma nota de repúdio pelo comportamento dos jovens.
O documento, que está circulando por aplicativos de mensagem, diz que "o Diretório Acadêmico de Medicina da Ufes (Damufes) repudia, com veemência, a atitude dos estudantes." Ressalta, ainda, que a conduta não representa o que os demais alunos prezam como ético em relação aos deveres daqueles que aspiram "uma profissão que prega e exige, antes de tudo, respeito e princípios éticos para com o paciente."
A entidade representantiva dos estudantes de Medicina também se mostra solidária ao colega que foi alvo da invasão de privacidade e diz que está disponível para prestar o apoio que estiver ao alcance do diretório. "Encorajamos que sejam aplicadas punições justas aos acusados pelos órgãos responsáveis e nos colocamos à disposição para colaborar em quaisquer outras situações", diz a Damufes em outro trecho da nota.
Para finalizar, o conselho diretor do diretório, que assina a nota, usa parte do juramento de Hipócrates, considerado o pai da Medicina. "Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto."
O jovem que foi vítima do vazamento fez um teste de HIV no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam) e, depois do resultado positivo, iniciou o tratamento fora da instituição. Contudo, o registro do exame ficou no sistema, e dois colegas de turma acessaram a informação de maneira indevida que, depois, foi compartilhada com outros estudantes. Quando tomou conhecimento que sua história havia se tornado pública, a vítima denunciou o caso à Ufes. A universidade investigou e os dois acusados foram punidos com suspensão de 60 e 90 dias, conforme a participação de cada um.
Nas redes sociais de A Gazeta, muitos comentários também, inclusive com críticas à Ufes que aplicou como pena a suspensão em vez de expulsão. "Que profissionais a Ufes está formando?! Se fizeram com um colega, imaginem o que não farão com os pacientes, principalmente se forem da rede pública", questiona Silvia Helena de Bruim.
Já Flavia Cavalcanti refuta a justificativa da Ufes de que um dos atenuantes para que a pena de expulsão fosse transformada em suspensão foi o alto investimento na formação dos jovens, que estão na fase final do curso. "Quer dizer que já que gastou muito, e agora vai gastar mais? E se fosse um funcionário público, não seria demitido porque já gastou muito com salário?", questiona.
Também chegaram depoimentos por e-mail, como o de Cristiane Oliveira. "Eu simplesmente chorei ao terminar de ler essa reportagem. Chorei por dois motivos: primeiro, pelos momentos terríveis que esse estudante (vítima) viveu. Doeu muito. E, segundo, pela impunidade. Os acusados serão médicos que não terão o mínimo de compaixão pelos pacientes. O ser humano não se coloca no lugar do outro. Vivemos em uma sociedade onde o engraçado é a dor e a exposição do outro ao ridículo. Torço para que de alguma forma a vítima encontre justiça."
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