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Alunos de Medicina são repudiados por divulgar exame de HIV de colega

Alunos de Medicina são repudiados por divulgar exame de HIV de colega

Caso foi noticiado, em primeira mão, por A Gazeta, após denúncia da vítima. Universitários foram punidos com suspensão

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 09:01

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Exame de sangue: estudante fez teste de HIV no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam). (Kasvi)

Após publicação de reportagem de A Gazeta sobre dois estudantes de Medicina da Ufes acusados de vazar o resultado de um exame de HIV do colega da turma, várias pessoas se manifestaram contra a conduta dos universitários. Até o diretório acadêmico do curso divulgou uma nota de repúdio pelo comportamento dos jovens. 

O documento, que está circulando por aplicativos de mensagem, diz que "o Diretório Acadêmico de Medicina da Ufes (Damufes) repudia, com veemência, a atitude dos estudantes." Ressalta, ainda, que a conduta não representa o que os demais alunos prezam como ético em relação aos deveres daqueles que aspiram "uma profissão que prega e exige, antes de tudo, respeito e princípios éticos para com o paciente."

A entidade representantiva dos estudantes de Medicina também se mostra solidária ao colega que foi alvo da invasão de privacidade e diz que está disponível para prestar o apoio que estiver ao alcance do diretório. "Encorajamos que sejam aplicadas punições justas aos acusados pelos órgãos responsáveis e nos colocamos à disposição para colaborar em quaisquer outras situações", diz a Damufes em outro trecho da nota.

Para finalizar, o conselho diretor do diretório, que assina a nota, usa parte do juramento de Hipócrates, considerado o pai da Medicina.  "Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto."

O jovem que foi vítima do vazamento fez um teste de HIV no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam) e, depois do resultado positivo, iniciou o tratamento fora da instituição. Contudo, o registro do exame ficou no sistema, e dois colegas de turma acessaram a informação de maneira indevida que, depois, foi compartilhada com outros estudantes. Quando tomou conhecimento que sua história havia se tornado pública, a vítima denunciou o caso à Ufes. A universidade investigou e os dois acusados foram punidos com suspensão de 60 e 90 dias, conforme a participação de cada um. 

REDES SOCIAIS

Nas redes sociais de A Gazeta, muitos comentários também, inclusive com críticas à Ufes que aplicou como pena a suspensão em vez de expulsão. "Que profissionais a Ufes está formando?! Se fizeram com um colega, imaginem o que não farão com os pacientes, principalmente se forem da rede pública",  questiona Silvia Helena de Bruim.

Já Flavia Cavalcanti refuta a justificativa da Ufes de que um dos atenuantes para que a pena de expulsão fosse transformada em suspensão foi o alto investimento na formação dos jovens, que estão na fase final do curso. "Quer dizer que já que gastou muito, e agora vai gastar mais? E se fosse um funcionário público, não seria demitido porque já gastou muito com salário?", questiona.

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Também chegaram depoimentos por e-mail, como o de Cristiane Oliveira. "Eu simplesmente chorei ao terminar de ler essa reportagem. Chorei por dois motivos: primeiro, pelos momentos terríveis que esse estudante (vítima) viveu. Doeu muito. E, segundo, pela impunidade. Os acusados serão médicos que não terão o mínimo de compaixão pelos pacientes. O ser humano não se coloca no lugar do outro. Vivemos em uma sociedade onde o engraçado é a dor e a exposição do outro ao ridículo. Torço para que de alguma forma a vítima encontre justiça."

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