
Acusado de vazar um exame de HIV de um colega de turma da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), um ex-estudante conseguiu concluir o curso e já possui registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) que o autoriza a trabalhar. Agora médico, o jovem cumpriu suspensão de 60 dias na instituição, mas, ainda assim, não perdeu o semestre letivo. Outro aluno apontado no caso teve uma punição administrativa maior, e ainda vai terminar a graduação.
A vítima, de 26 anos, se sente injustiçada. Ele, que agora também é médico, avalia que a universidade não deu a devida importância à exposição de sua vida íntima, nem aos constrangimentos que sofreu pela divulgação de uma condição clínica que deveria ser confidencial.
"Imaginava que, no mínimo, ele tivesse perdido um semestre letivo. Mas, não. Ele conseguiu concluir o curso e é como se nada tivesse acontecido", desabafou.
Aluno de Medicina que vazou exame de HIV de colega se forma na Ufes
Questionada sobre o fato, a Ufes respondeu por nota. "Segundo a Pró-Reitoria de Graduação e a Coordenação do Curso de Medicina, um dos estudantes, após cumprir a penalidade de 60 dias imposta pela Comissão de Inquérito Administrativo Disciplinar (CIAD), retornou e cursou, no final de dezembro, janeiro e fevereiro, a carga horária de estágio que faltava para conseguir colar grau. O estudante suspenso por 90 dias ainda está cursando os componentes curriculares que ficaram pendentes após o cumprimento da medida disciplinar."
VAZAMENTO
O jovem havia recebido o diagnóstico positivo para o HIV no início de 2017. Ele fez o exame na própria universidade, mas depois deu prosseguimento ao tratamento fora da instituição. Um ano depois, os acusados foram fazer estágio no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam) e, segundo o processo administrativo, resolveram pesquisar nomes de outros estudantes dentro do sistema da instituição por curiosidade. Encontraram o resultado do teste do colega e, conforme a denúncia, passaram a informação adiante como um "assunto bombástico."
A vítima ainda demorou cerca de 10 meses a tomar conhecimento do vazamento, quando notificou a Ufes. A instituição instaurou processo administrativo, que resultou na condenação de um dos estudantes a 60 dias de suspensão, e o outro, a 90 dias, conforme a participação de cada um no caso. Os acusados não são investigados, até o momento, na esfera criminal.
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido possível