Na Grande Vitória, 129 pacientes estão internados em prontos-atendimentos (PAs) aguardando vagas para serem transferidos e ter um tratamento realizado em um hospital. Levantamento feito por A GAZETA com as administrações municipais mostra que 23 pessoas esperam em Vila Velha, 21 em Cariacica, 34 em Vitória e 51 na Serra.
O objetivo do PA é ser atendido, medicado e encaminhado para casa se estiver estável. E se precisar de uma internação, ele precisa ser removido para um hospital, explica Marcelo Machado, que é o coordenador do PA Adulto do Trevo, em Alto Lage, Cariacica.
Segundo Marcelo, uma das regras do Sistema Único de Saúde (SUS) é que o paciente fique no máximo 24 horas em um PA até ser transferido. Após atendido e constatado a necessidade da remoção, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) é responsável por encontrar uma vaga para interná-lo.
É comum um paciente ficar 10 dias no PA, e já aconteceu de fazer o tratamento da doença toda na unidade. Mas o PA não é um hospital e não tem uma estrutura para dar todo o suporte em termos de especialidades e de exames complementares.
Na Serra, a situação é a mesma. Segundo a subsecretária de Gestão em Saúde, Janine Pereira Jacinto, já teve espera de até mais de 15 dias. Segundo ela, as unidades de pronto-atendimento ficam o tempo inteiro em contato com a Central de Regulação da Sesa para conseguir a transferência.
Já precisamos buscar algum tipo de medicamento que não faz parte do PA para atender a demanda, pois se o paciente está conosco é de nossa responsabilidade. A própria prefeitura compra o remédio. Não podemos fazer disso uma rotina, mas também não podemos deixar de atender.
Segundo a Prefeitura de Vila Velha, a média de pacientes que permanecem por um período superior a 24 horas no PA da Glória é de 130 por mês. Já no PA de Cobilândia, a média mensal é de 47 pessoas.
Segundo a defensora pública Priscila Libório, existem dois tipos de pacientes: os que precisam de uma cirurgia ou vaga de UTI com urgência e aqueles que necessitam de alguma cirurgia mas não é caso de vida ou morte. Esse segundo tipo é o que mais sofre. É recorrente. Eles ficam alguns dias no PA, são liberados com paliativos, mas como não têm o problema solucionado, acabam voltando dias depois.
Ainda segundo ela, como o déficit de vagas é grande, em alguns casos só a ação judicial pode garantir acesso à saúde. Uma reportagem de A GAZETA mostrou que há atualmente 12 mil processos na Justiça do Estado de pacientes que buscam acesso a serviços de saúde. Desses, 7.213 são de tratamento médico-hospitalar, que incluem cirurgias.
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