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Diferença salarial entre brancos e pretos é a maior desde 2012 no ES

Diferença salarial entre brancos e pretos é a maior desde 2012 no ES

Desigualdade de renda no Espírito Santo sobe e atinge o pior patamar da série histórica da Pnad

Publicado em 16 de outubro de 2019 às 11:58

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(Thinkstock)

Espírito Santo registrou em 2018 a maior diferença salarial entre trabalhadores brancos e de outras raças desde 2012, primeiro ano da Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad). No ano passado, o salário médio dos brancos foi R$ 1.065,00 a mais do que o dos trabalhadores pretos. Em relação aos pardos, a diferença foi de R$ 996,00.

Os dados fazem parte da Pnad Rendimento, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (16). Eles consideram o rendimento de todas as fontes de trabalho das pessoas com mais de 14 anos. Os valores são atualizados para preços de 2018. Nessa pesquisa, 37,6% dos trabalhadores se identificaram como brancos. 

Também foi entre os trabalhadores brancos que houve maior aumento na renda média. Entre 2017 e 2018 o rendimento passou de R$ 2.608 para R$ 2.699, uma diferença positiva de 3,4%. Já a renda das pessoas pretas teve aumento de 2,1% e a das pardas caiu 1,05%.

A discrepância é ainda maior se considerada a série histórica. O salário dos trabalhadores brancos do Espírito Santo avançou 13,4% desde 2012, quanto o de pretos e pardos variou pouco mais de 4%.

GÊNERO

Segundo os dados da Pnad, o salário médio das mulheres cresceu 3,9% entre 2018 e 2019, passando de R$ 1.677 para R$ 1.743. Já o salário dos homens caiu 1,2% no mesmo período (de R$ 2.343 para R$ 2.314). Ainda assim, as mulheres ganham, em média, 25% a menos que os homens.

DESIGUALDADE

A pesquisa mostra ainda o crescimento da desigualdade em relação aos diferentes extratos de renda.  Os 50% de trabalhadores mais pobres sofreram queda de 3,6% no salário médio em 2018. O rendimento passou de R$ 874 em 2017 para R$ 842 este ano. Já o salário do 1% mais rico cresceu 9,9% saindo de pouco mais de R$ 21,6 mil para R$ 23,7.

Com esse crescimento, a média salarial do 1% dos trabalhadores mais ricos é  20 vezes maior do que a de 80% da população capixaba.

O aumento da distância entre pobres e ricos fez aumentar ainda o índice de Gini no Estado. O indicador, que mede concentração de renda, saiu de  0,462 para 0,477. Quanto mais perto de 1, maior a desigualdade. 

Para a economista Arilda Teixeira, a desigualdade é um problema econômico e social que está enraizado na nossa sociedade. "É um reflexo dos erros das políticas públicas de educação e saúde dos últimos anos. O grupo que tem que decidir sobre essas políticas está mais concentrado em discutir seus pontos de vista do que fazer as mudanças necessárias para corrigir os problemas. Há muita retórica e pouca atitude. Isso é preocupante", afirma. 

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A especialista analisa que os erros da gestão pública estão recaindo sobre a população, principalmente a parcela menos favorecida.  A economista acrescenta que a desigualdade impede  o crescimento do país. "Pessoas que não têm estudo, não conseguem trabalhar.  Elas deixam de ser mercado de trabalho e também mercado consumidor. Assim, o país perde a oportunidade de expandir a economia por falta de renda de consumo", explica. 

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