> >
Por que o ES é o segundo Estado do Brasil em casos de chikungunya?

Por que o ES é o segundo Estado do Brasil em casos de chikungunya?

Foram 13.228 registros da doença até o fim do mês de agosto, ficando atrás apenas da Bahia, com pouco mais de 33 mil casos. Veja como se prevenir

Publicado em 25 de setembro de 2020 às 13:00

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão dos vírus da dengue, febre chikungunya e Zika
Mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão dos vírus da dengue, febre chikungunya e Zika . (Agência Brasil)

Durante a pandemia do novo coronavírus, que vem deixando rastros significativos na população capixaba, outra doença também registra números alarmantes no Espírito Santo: a chikungunya. De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, o Espírito Santo é o segundo Estado do país com o maior número de casos da doença. Foram 13.228 registros da doença até o fim do mês de agosto, ficando atrás apenas da Bahia, com pouco mais de 33 mil casos. Se considerar a incidência  - número de casos a cada 100 mil habitantes -, o ES fica na primeira posição, com 329,2.

De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), três pessoas morreram por causa da doença neste ano. Os dados do Ministério da Saúde, que registram casos até agosto, mostram duas mortes. Nesse contexto, a reportagem de A Gazeta procurou especialistas para responder a seguinte pergunta: por que o ES é o segundo Estado do Brasil em casos de chikungunya?

PANDEMIA DE COVID

Segundo a epidemiologista e professora do Departamento de Enfermagem da Ufes Ethel Maciel, vários fatores combinados estão causando o disparate no número de casos. Entre eles, a própria pandemia do novo coronavírus e suas consequências, e também o fato de muitas pessoas não terem tido contatos anteriores com o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

“Como tivemos poucas pessoas que tiveram casos nas epidemias anteriores, temos o que chamamos de muitas pessoas suscetíveis. Muitas pessoas que não entraram em contato com o vírus e que podem ou poderiam se contaminar. Também o fato das pessoas ficarem mais em casa, de forma mais exposta, descartando mais lixo e de forma não muito correta, permitindo o acúmulo de água parada nos arredores da residência. Também tivemos uma diminuição das visitas domiciliares dos agentes de saúde, por causa da pandemia. Isso dificultou”, disse.

O QUE DIZ A SESA

O chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental da Sesa, Roberto Laperriere Júnior, também destacou a circulação intensa do vírus em Estados vizinhos como fator preponderante para o aumento de casos no Espírito Santo.

“O Rio de Janeiro, em 2019, teve mais de 80 mil casos de chikungunya. Devido à grande circulação de pessoas do Rio com o sul do ES, principalmente de visitantes, turistas e do comércio também. A gente já vinha acompanhando esse aumento e que se confirmou do fim do ano passado para o início de 2020”, afirmou.

Laperriere chama a atenção para esse aumento. "A gente acompanha os casos e sei que temos, hoje, seis vezes, quase sete vezes mais casos de chikungunya do que tínhamos no ano passado, no mesmo período”, destacou. 

Caixa d'água destampada pode ser tornar foco de dengue
Caixa d'água destampada pode ser tornar foco do Aedes aegypti, que transmite a chikungunya. (Ricardo Medeiros)

SINTOMAS POR MUITO TEMPO

Entre os sintomas da chikungunya, estão a dor de cabeça, febre e fadiga. Esta última, em alguns casos, permanecem com o paciente por muito tempo. Por isso, Ethel destaca a importância de se evitar a doença.

Aspas de citação

Às vezes, a gente fica olhando as mortes. Se a doença não mata muito, as pessoas não se preocupam. Mas a doença causa fadigas crônicas. Há pessoas que não se recuperam por muitos anos

Ethel Maciel
Epidemiologista
Aspas de citação

"A pessoa perde a força muscular e tem dificuldade para exercer atividades simples, como tarefas domésticas. Isso acontece na dengue, também, mas muito mais na chikungunya”, disse Ethel.

Além de atrapalhar a realização de tarefas simples, as sequelas da doença podem atrapalhar a atividade profissional do paciente. Roberto Laperriere destaca que a transmissão da doença afeta também o setor socioeconômico, pelo fato de a pessoa poder ficar semanas, meses e até anos sem poder cumprir a rotina normal de trabalho.

Aspas de citação

A chikungunya pode levar ao afastamento do paciente das atividades laborais durante semanas, meses e na literatura fala em até anos. Isso causa um impacto, além da saúde, um impacto socioeconômico. Tendo em vista que esse paciente afastado gera um custo, e isso não é desejável para nenhuma economia do mundo

Roberto Laperriere Júnior
Chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental da Sesa
Aspas de citação

PREVENÇÃO

A chikungunya é uma doença causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue. Por isso, as mesmas condições que previnem a dengue são capazes de diminuir os casos de chikungunya, como: não deixar água parada, manter vasos e pratos de plantas limpos, guardar garrafas com a abertura virada para baixo e cobrir pneus e caixas d'água.

Segundo Roberto Laperriere, grande parte dos focos do mosquito estão próximos ou dentro das casas, por isso, a participação da população é fundamental no combate da doença.

Este vídeo pode te interessar

“A gente sabe que 80% dos depósitos estão próximos ou dentro das residências. A secretaria recomenda que a população escolha um dia para fazer o checklist semanal, com eliminação de qualquer possível criadouro”, indicou.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais