Pela manhã, o que à primeira vista parece uma neblina sobre o distrito de Itaoca Pedra, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, é, na verdade, poeira que vem das empresas de moagem de calcário. A atividade, que é importante para o setor econômico da região, traz há 15 anos problemas para quem mora no local.
A comerciante Cirlene Vieira Borges convive com a rotina de limpar os móveis para usá-los. Todos os dias é assim. Muito difícil para conviver aqui. Para tomar café, tenho que limpar a mesa, conta a moradora.
A poeira que afeta as casas e a saúde dos moradores, dá trabalho redobrado para quem é comerciante na região. A atendente de padaria Heloina Antunes revela que o excesso de poeira é tão grande, que os clientes chegam a pensar que o produto está velho. Tenho que passar pano de 3 a 4 vezes por dia. Lavo cedo e à tarde de novo. As mercadorias, às vezes, os clientes pensam que estão velhas e vencidas de tanta poeira, diz a atendente.
Quem mora em Itaoca Pedra espera uma solução. Eu sinto Itaoca abandona, como se fosse um lugar só de trabalho, que não morasse ninguém aqui. A indústria, o trabalho que desenvolvem, é importante. Precisamos deles, mas precisamos de cuidado com nossa saúde e bem estar, disse a moradora Cirlene Vieira Borges.
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informou que, em 2019, a Promotoria de Justiça Cível de Cachoeiro de Itapemirim realizou reunião com a comunidade do Distrito de Itaoca para tratar de questões relacionadas à poluição atmosférica na região. Depois, o órgão requisitou à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Cachoeiro de Itapemirim e ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) a realização de ação fiscalizatória junto às empresas.
Informou que essa fiscalização foi realizada e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente notificou empresas para cumprirem as normas que estão nas licenças de operação. O MPES instaurou Inquérito Civil e Procedimento de Investigação Criminal, ainda em tramitação.
A prefeitura de Cachoeiro informou, por meio de nota, que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente faz parte de um programa de monitoramento da poluição atmosférica. O programa está sendo elaborado com o apoio técnico do Iema desde 2019. Disse ainda que permanece acompanhando a situação por meio das condicionantes de licenciamento ambiental e já está retomando o planejamento com o Iema para dar continuidade às ações de fiscalização.
Com informações do repórter Gustavo Ribeiro, da TV Gazeta Sul
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