Com o intuito de cuidar daqueles que cuidam de milhares de vidas, estando na linha de frente no combate ao novo coronavírus, cinco psicólogos resolveram criar uma plataforma que conecta profissionais da saúde e trabalhadores que atuam diretamente em hospitais à profissionais voluntários dispostos a atendê-los. Os atendimentos são pontuais, funcionando de forma online e gratuita. Só no Espírito Santo, há atualmente 1.083 profissionais da saúde com Covid-19.
Os dados que mostram a quantidade de profissionais contaminados estão no painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e foram atualizados nesta quinta-feira (28).
De acordo com a Rede de Apoio Psicológico, quem atua na saúde está, não só mais exposto ao coronavírus, como também é grande responsável por salvar milhares de vidas, de forma direta ou indireta: "E se eles estão cuidando de milhares de pessoas, alguém precisa cuidar deles também!", afirma o grupo, formado pelos psicólogos Camila Munhoz, Evelyse Stefoni de Freitas Clausse, Luciana Lafraia, Jonas Boni e Marina Bragante, de São Paulo.
Para receber atendimento, o profissional da saúde ou que trabalha em hospitais - seja da recepção, faxina, como motorista, entre outros, precisa fazer um cadastro na plataforma. Enquanto isso, os psicólogos que querem oferecer atendimento de forma voluntária também fazem cadastro na rede de apoio. E é nesse momento que entram os profissionais responsáveis pelo programa. Eles fazem a ponte entre quem pediu apoio e o voluntário, como um "match" - simplifica o grupo.
Após o cadastro, a equipe envia aos profissionais inscritos, que estão na linha de frente da saúde, uma mensagem via WhatsApp com o número do telefone celular do voluntário e as orientações para que agende uma consulta. Enquanto isso, também é enviado uma mensagem para o psicólogo, que fica aguardando o contato.
"Não providenciamos um acompanhamento psicológico contínuo, mas sim um apoio pontual durante o período de isolamento social, gratuito e online - acontecendo através da ferramenta de videoconferência da escolha do(a) psicólogo (a) e do profissional de saúde. As diretrizes de atendimento terão como base as diretrizes éticas do Conselho Federal de Psicologia (CFP)", explicou a Rede de Apoio Psicológico .
Em meio a crise na saúde, a solidariedade. A plataforma divulgou que no momento não está cadastrando novos psicólogos porque já são mais de 4 mil voluntários que se inscreveram na rede. "Estamos muito felizes por saber que tem tanta gente querendo cuidar de quem cuida. Mas por enquanto, estes voluntários estão dando conta da demanda que temos e agora precisamos focar em chegar a mais profissionais da saúde", afirmou o grupo.
Antes de fazer qualquer conexão entre os envolvidos, o grupo afirma que faz a checagem no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de cada psicólogo(a) e inclui na lista de voluntários apenas aqueles que têm CRP ativo. Além disso, todo psicólogo(a) inscrito aceita o Termo de Voluntariado e é orientado pelas Diretrizes do Projeto.
O atendimento é oferecido para todos os "profissionais da saúde, de qualquer parte do Brasil, que estão trabalhando no combate à Covid-19 e precisam de escuta qualificada para lidar com esse cenário atípico e grave no sistema de saúde", informou a rede de apoio. Além de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, o trabalho também é destinado para todo profissional que está na linha de frente, atuando em hospitais, postos de saúde e pronto atendimentos, como motoristas, faxineiros, recepcionistas e cozinheiros, por exemplo.
Marina completou que incluir no projeto outros profissionais que atuam na saúde, mesmo que de forma indireta, também é uma forma de democratizar a psicologia. Ela afirma que muitos médicos já contam com apoio psicológico porque possuem condições financeiras maiores. Mas nem todo profissional possui o mesmo recurso.
"Nossa proposta é dar apoio psicológico para esse momento especifico e não um acompanhamento clínico. Reconhecemos que há um sofrimento atual, que todo mundo está passando por um momento significativo, e é preciso aprender a lidar com isso", completou.
O programa afirma que irá manter ativo o trabalho de gestão e encaminhamentos da rede enquanto durar o período de distanciamento social devido à Covid-19. Após este período, o grupo irá definir como poderão ser feitos atendimentos pós quarentena. É possível conhecer a plataforma clicando aqui.
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