As projeções do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), que acompanha a evolução da Covid-19 no Espírito Santo, não se confirmaram neste início de mês e o número de mortes no Estado ficou menor. O resultado observado indica uma tendência de queda na taxa de transmissão do coronavírus em território capixaba e, consequentemente, na quantidade de óbitos.
As estimativas feitas pelo grupo apontavam que, se a taxa ficasse em 1,5, atingindo o limite superior da curva de transmissão, no dia 8 de julho haveria mais de 2,6 mil mortes. Contudo, o indicador ficou abaixo até da taxa média de 1,33, e naquela data havia 1.911 óbitos confirmados no Espírito Santo, ou seja, a queda no nível de contágio evitou a morte de pelo menos 700 pessoas.
Pablo Lira, presidente do Instituto Jones do Santos Neves (IJSN) e integrante do NIEE, assegura que a diferença não significa que houve erro no levantamento, uma vez que os cálculos usam como referência a taxa que é obtida com a realização do inquérito sorológico. O resultado melhor é reflexo, segundo ele, da queda na taxa de transmissão nos municípios da Grande Vitória, agora perto de 1.
"No mês de junho, tínhamos essa estimativa e, no cenário mais crítico com a doença avançando de maneira intensa, haveria mais de 2,6 mil mortes. Isso não se confirmou e, ao contrário, observamos uma desaceleração dos casos ativos e a tendência de estabilização no Espírito Santo. O número de óbitos ficou abaixo da média prevista, e a redução se dá principalmente pela contribuição da Região Metropolitana, com maior peso populacional", explica.
Questionado se o fato de municípios do interior ainda apresentarem uma tendência de crescimento poderia se refletir nos dados do Espírito Santo, Pablo Lira considera pouco provável. A Grande Vitória, no início da pandemia, apresentava taxas de transmissão ainda hoje superiores às das cidades fora da Região Metropolitana.
A redução da transmissão vem ocorrendo de maneira gradativa, com impacto no número de óbitos, porém Pablo Lira ressalta que ainda não é momento de comemorações por indicadores mais favoráveis, muito menos negligência em relação às medidas de segurança, tais como distanciamento social e uso de máscaras.
Todas as ações adotadas desde o início da pandemia para reduzir interações sociais e evitar aglomerações, afirma Pablo Lira, foram importantes para o processo de diminuição do ritmo de contágio, e a população deve continuar respeitando as orientações da área da Saúde para evitar uma nova aceleração na curva de transmissão da Covid-19.
"A taxa de fato está caindo, mas os números ainda são altos e não podemos comemorar. Esses indicadores servem para o capixaba identificar que estamos no caminho certo na gestão da pandemia, mas é preciso continuar com perseverança, construindo esse novo padrão de normalidade. Precisamos aprender a conviver com a doença, já que, para ter uma vacina, vai demorar um pouco mais", frisa.
Pablo Lira pondera ainda que, quando se trata da Covid-19, é fundamental que a população se baseie em dados para se informar, e se afaste tanto dos discursos negacionistas em relação à gravidade da doença, quanto dos posicionamentos alarmistas. "Nós, cientistas, produzimos dados para passar a realidade. É importante que as pessoas fiquem atentas a isso; precisamos ter equilíbrio", finaliza.
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