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Casados, militar e enfermeira do Samu falam sobre a cura da Covid-19

Casados, militar e enfermeira do Samu falam sobre a cura da Covid-19

Tenente-coronel da PM e enfermeira  foram contaminados pelo novo coronavírus e tiveram que ser internados

Publicado em 28 de maio de 2020 às 18:35

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 Tenente-coronel da Polícia Militar, Rogério Fernandes Lima, e a esposa, a enfermeira do Samu, Flora Emília Lima, ambos contaminados pelo novo coronavírus
Tenente-coronel da Polícia Militar, Rogério Fernandes Lima, e a esposa, a enfermeira do Samu, Flora Emília Lima, ambos contaminados pelo novo coronavírus. (Arquivo pessoal)

As primeiras semanas de maio foram bem difíceis para o tenente-coronel da Polícia Militar Rogério Fernandes Lima, e a esposa, a enfermeira do Samu Flora Emília Lima. Os dois foram contaminados pelo novo coronavírus e tiveram que ser internados. A situação mais grave foi a do militar, que teve 50% do pulmão comprometido pela doença. “Fui internado sem poder me despedir de meus filhos”, relata.

O casal está curado e ambos já retomaram suas atividades: ela atua no Samu e ele na Diretoria de Tecnologia, Informação e Comunicação da PM. O maior dilema deles foi como intercalar os cuidados com os filhos de 10, 6 e 4 anos, já que ambos estavam doentes e não contavam com uma rede de apoio. 

“Nossos pais são idosos e com algumas comorbidades, a pessoa que nos ajuda em casa foi dispensada, para não se infectar, e a irmã da minha esposa também foi contaminada”, conta o tenente-coronel.

A primeira a sentir os sintomas foi Flora, de 42 anos, já no início de maio. Ela, que atua no transporte de pacientes no Samu, foi afastada do trabalho, enquanto aguardava o resultado dos exames. “Achei que não precisaria ser internada, mas notei que estava muita cansada com mínimos esforços. A tomografia já havia apontado pneumonia em 25% do pulmão, mas é a clínica, o exame físico que indica a internação. Quando me senti pior diante de pequenos esforços, o médico decidiu me internar”, relata.

Ela foi para o hospital no dia 8 e passou o dia das mães internada. “Fiquei muito angustiada. Estava longe dos meus filhos, e eles ficaram bem sentidos. Mas fizemos várias chamadas de vídeo”, conta.

 Tenente-coronel da Polícia Militar, Rogério Fernandes Lima, e a esposa, a enfermeira do Samu, Flora Emília Lima, ambos contaminados pelo novo coronavírus
Tenente-coronel da Polícia Militar, Rogério Fernandes Lima internado por contaminação pelo novo coronavírus. (Arquivo pessoal)

No dia seguinte a internação de Flora, foi a vez do seu marido começar a apresentar os primeiros sintomas da doença. “No dia 9, eu já senti dor no corpo e dor de cabeça.Logo depois já senti alterações no paladar, ora ficava muito salgado ou amargo”, explica.

No dia 11, uma segunda-feira, Flora recebeu alta médica e foi para casa se recuperar. “Voltei para casa, mas ainda me sentia cansada para qualquer esforço. Ficava mais deitada. Meu marido é quem cuidava das crianças e da casa”, conta.

Mas antes que pudesse de fato ficar bem, viu o quadro do seu marido piorar. No dia 14, sentindo dor no peito quando respirava, o militar passou por vários exames. “Fiz o raio X, o teste para Covid-19 e a tomografia, que apontou que 50% do meu pulmão já estava comprometido. Dali já fui encaminhado para internação. “Fui internado com a roupa do corpo, sem documentos”.

A maior aflição, relata Rogério, eram os filhos. “Nem pude me despedir deles. E com esta doença, nunca sabemos o que pode nos acontecer”.  O militar explica que evitou falar que estava com a doença, preocupado com sua mãe, que é idosa e tem problemas cardíacos. “É uma doença sorrateira, que evolui muito rápido, por isso é preciso tomar os cuidados necessários, e quem é do grupo de risco o cuidado deve ser redobrado”.

O militar diz que não teve febre ou falta de ar, mas muita dor no corpo, dor de cabeça e dor no peito quando respirava mais fundo. “Pelo que a gente tem conhecimento, cada organismo reage de uma forma diferente no combate a doença”, conta.

 Tenente-coronel da Polícia Militar, Rogério Fernandes Lima, e a esposa, a enfermeira do Samu, Flora Emília Lima, ambos contaminados pelo novo coronavírus
Tenente-coronel da Polícia Militar, Rogério Fernandes Lima, e a esposa, a enfermeira do Samu, Flora Emília Lima, ambos contaminados pelo novo coronavírus. (Arquivo pessoal)

O casal diz que ainda sente os reflexos da doença, como um pouco de cansaço em situações de esforço físico maior ou até alguma dor no peito. Os cuidados também permanecem, já que não há certeza de que há imunização contra a doença. O tenente-coronel teve alta no último dia 18.

Segundo Flora, com a contaminação do marido, toda a família teve que fazer um novo período de quarentena. “As crianças voltaram a repetir o isolamento, que acabaria no final de semana que meu marido internou. Tivemos que voltar a contagem, com todos isolados dentro de casa, sem poder nem descer”, explica.

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