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'Preto', peça da Companhia Brasileira de Teatro, em Vitória

"Preto", peça da Companhia Brasileira de Teatro, em Vitória

Espetáculo com a atriz Renata Sorrah e direção de Marcio Abreu faz reflexão sobre como a sociedade lida com as diferenças

Publicado em 1 de novembro de 2018 às 22:29

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"É importantíssimo, mais do que nunca, falar sobre as diferenças e aceitá-las”. Essa é a opinião da atriz Renata Sorrah, que vem a Vitórianos dias 03 e 04 de novembro com a Companhia Brasileira de Teatro para apresentar o espetáculo “Preto”. Com direção de Márcio Abreu, a peça traz no elenco Cássia Damasceno, Felipe Soares, Grace Passô, Nadja Naira, Renata Sorrah e Rodrigo Bolzan.

Desdobramento de “Projeto Brasil”, a obra mais recente da companhia, “Preto” tem a ver com a grandeza, enormidade e ao mesmo tempo a violência em questões ligadas a violência e ao racismo.

Para o diretor Marcio Abreu, “Preto” no é uma peça sobre racismo”. “‘Preto’ nasceu de uma consciência de a gente pensar o país. São questões que não cabem em uma peça. Não é peça sobre negritude, mas que reflete essas questões. A negritude é de uma potência tão extraordinária! Tudo que a gente tem de cultura vibrante, de forma de pensamento, de uma história não contada (que é a história dos negros no Brasil a partir da diáspora africana) veio dos negros e o contraponto disso é o racismo cultural”, diz o diretor do espetáculo.

MONTAGEM

Por meio de uma fala pública, o discurso de uma mulher negra, a montagem vai passando por assuntos que incluem racismo, a dor do outro, a realidade do negro no brasil, as diferenças e como as pessoas lidam com isso. “O Brasil é negro e poucas pessoas sabem disso ou aceitam”, diz Renata, em entrevista ao Gazeta Online.

Renata começou a parceria com a Companhia Brasileira de Teatro em 2011. Participou de outras peças do grupo, “Esta Criança” (2012) e “Krum” (2015), ambas apresentadas no Espírito Santo.

“Fui ver a peça ‘Vida’ e me apaixonei pela companhia. Eu amei a direção e não conhecia o diretor. Já tinha visto duas peças. Conheci o Marcio, ele tinha vontade de trabalhar comigo e começamos um período de conhecimento, de um conhecer o outro. São sete anos e alegrias de crescimento para mim. E uma reafirmação do porquê eu sou atriz e o que eu quero. É muito estimulante estar junto do grupo. Participamos de festivais, viajamos com as peças, fica claro pra mim porque eu sou atriz”, conta Renata.

Desta vez, Renata volta aos palcos para uma experiência inédita em sua carreira. A dramaturgia de “Preto” foi ganhando forma ao longo dos ensaios, a partir de conversas, estudos e troca de vivências. A dramaturgia é assinada por Marcio em parceria com Grace Passô e Nadja Naira.

REFERÊNCIAS

O grupo se debruçou sobre a obra de Joaquim Nabuco, intelectual e político abolicionista brasileiro, Achille Mbembe, professor e cientista político camaronês, além de Frantz Fanon, Ana Maria Gonçalves e Leda Maria Martins.

“Nabuco foi um estímulo importante para começar a entender o quanto por exemplo essa ideia de abolição no fundo é falsa. Vivemos ecos da escravidão na violência que se instaura no dia a dia do país. As elites querem manter a escravidão nesse pais, mas não vão conseguir. Outra referência importante foi o Achille. Seu trabalho ‘Crítica da Razão Negra’ reconfigura essas questões ligadas à negritude e ao racismo em uma visão pós-colonial. É um antes e depois no pensamento sobre esses lugares de poder que estamos vivendo”, opina Marcio.

OFICINA

Em sua passagem por Vitória, a Companhia Brasileira de Teatro vai ministrar também nos dias 03 e 04 de novembro a Oficina Práticas do Teatro Contemporâneo. Direcionada a performers, bailarinos, diretores, atores e atrizes profissionais e estudantes de teatro, a oficina vai analisar textos, suas estruturas e ferramentas de escrita para tentar compreender os desdobramentos na cena e no ator.

SERVIÇO

"PRETO"

Espetáculo da Companhia de Teatro Brasileira

Quando: 03 e novembro (às 21h) e 04 de novembro (às 19h).

Onde: Teatro Universitário da UFES. Av. Fernando Ferrari, 514, Campus Universitário de Goiabeiras, Vitória.

Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). (esgotados)

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Informações: (27) 3335-2953

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