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'Obrigado, mas precisamos de patrocínio', diz ator ao receber Prêmio Shell

'Obrigado, mas precisamos de patrocínio', diz ator ao receber Prêmio Shell

Luis Miranda ganhou o troféu de Melhor Ator por "O Mistério de Irma Vap". Cerimônia em SP teve premiação pulverizada e apelos pela sobrevivência da cultura

Publicado em 11 de março de 2020 às 11:24

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Luis Miranda recebe o Prêmio Shell de Melhor Ator por 'O Mistério de Irma Vap'. (Divulgação)

Com poucos títulos repetidos em suas nove categorias -apenas "Mãe Coragem" e "O Mistério de Irma Vap" concorriam em mais de duas delas- a 32º edição paulista do Prêmio Shell, realizado nesta terça (10), foi marcado pela pulverização. Nenhum dos 25 espetáculos no páreo ganhou mais de uma estatueta.

Apresentada pelos atores Leopoldo Pacheco e Vilma Melo, a cerimônia realizada num espaço na Vila Olímpia, na região sul, foi marcada por discursos politizados. Algumas vezes, de onde menos se esperava.

Foi o caso do agradecimenro do francês Cyril Desclés, diretor de "Cais Oeste". Ao receber o prêmio destinado a Carlos Calvo pelo cenário da peça, ele afirmou que todas as instituições do seu país natal têm muita solidariedade com os contratempos pelos quais o país vem passando.

As falas mais fortes da noite ficaram, no entanto, reservadas para o final. Luis Miranda, ganhador do troféu de melhor ator por "O Mistério de Irma Vap", fez um apelo pela sobrevivência do campo, um dos que mais sofreu com tentativas de censura e a diminuição do teto da Lei Rouanet.

"Estamos sofrendo uma guerra terrível, sobrevivendo de caridade. A gente é sério, não é palhaçada. Precisamos de patrocínio, além dos prêmios. Obrigado, mas precisamos de incentivo."

Luis Miranda e Mateus Solano em imagem de divulgação da peça "O Mistério de Irma Vap". (Divulgação)

Já a dramaturga e autora de novelas Maria Adelaide Amaral, homenageada da noite, lembrou os tempos da ditadura ao subir ao palco.

Finalizou o discurso com uma crítica ao governo atual. "Não tem a menor condição de ter um governo que vira as costas para a cultura e ainda se orgulha disso", declarou.

Também houve momentos descontraídos. Janaina Leite, que recebeu o prêmio de dramaturgia por "Stabat Mater", levou sua mãe para o palco ao agradecer. Aos 76 anos e nenhuma experiência prévia no teatro, ela contracena com Leite e com um ator pornô na peça.

E Beto Bruel, iluminador de "Lazarus", musical escrito por David Bowie, dedicou à equipe a obtenção do visual distorcido com espelhos e projeções geométricas do espetáculo. "Realmente, foi uma coisa muito difícil de fazer", disse.

Na próxima terça (17), acontecerá a cerimônia do Prêmio Shell Rio de Janeiro, no Copacabana Palace.

VENCEDORES DO 32º PRÊMIO SHELL

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  • Iluminação: Beto Bruel, por "Lazarus"
  • Figurino: Simone Mina, por "Insônia - Titus Macbaeth"
  • Música: Dani Nega, Eugênio Lima e Roberta Estrela D'Alva por "Terror e Miséria no Terceiro Milênio ? Improvisando Utopias"
  • Cenário: Carlos Calvo, por "Cais Oeste"
  • Inovação: Estopô Balaio, por "Cidade dos Rios Invisíveis"
  • Dramaturgia: Janaina Leite, por "Stabat Mater"
  • Direção: Daniela Thomas, por "Mãe Coragem"
  • Ator: Luis Miranda, por "O Mistério de Irma Vap"
  • Atriz: Tania Bondezan, por "A Golondrina"

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