"Semba de lá, que eu sambo de cá / Já clareou o dia de paz/ Vai ressoar o canto livre/ Nos meus tambores, o sonho vive"... O poético enredo da Vila Isabel no Carnaval de 2012 resume com perfeição o 2 de dezembro, quando é comemorado o Dia Nacional do Samba.
Original dos antigos batuques trazidos pelos africanos que vieram como escravos para o Brasil e, inicialmente, chamado de semba, o samba sempre foi visto como um grito de liberdade, uma forma de expressão dos oprimidos.
O dia 2 de dezembro especificamente não é uma data comemorativa oficial e foi aprovado como lei do Estado da Guanabara (atual município do Rio de Janeiro) em 1964. Possivelmente por esse motivo passou-se a divulgar a ideia de que a data seria uma homenagem aos sambistas.
Emerson Xumbrega, intérprete e presidente da atual campeã do Carnaval Capixaba, a Independente de Boa Vista, afirma que a ocasião é mais um motivo para celebrar a resistência de fazer arte em um país que não valoriza a própria cultura de raiz.
Serve, também, para manter acesa uma chama, uma certeza no coração de cada sambista: estamos sempre em busca de afirmação, de mantermos a nossa voz dentro das manifestações populares, principalmente numa época em que o setor público nos apóia cada vez menos, espinafra, dizendo que o 2 de dezembro não é apenas um dia para fazer batuques.
"Pelo contrário, é um momento de militância. Uma chance de comprovar que o carnaval arrecada milhões de reais em turismo e gera empregos, mais ainda é visto como politicamente ruim por uma parcela dos governantes", desabafa.
Identidades à parte, o dia, claro, também é motivo de festa para os apaixonados pelo "ziriguidum". Aqui no Estado, um calendário vai se estender durante a semana, a começar com A Roda, um encontro de bambas que acontece neste sábado (30), às 18h, no Ilha Shows, em Vitória. No cardápio, nomes como Vou Pro Sereno, Revelação, Tiee, Sambadm e Jennifer.
Cria da zona oeste carioca, especificamente de Realengo, reduto da Mocidade Independente de Padre Miguel, o Vou Pro Sereno é uma das atrações mais esperadas da noite.
Com mais de 20 anos de estrada (foi formado em 1997), o grupo promete trazer para Vitória um espetáculo que mescla suas músicas mais conhecidas, como "Sem Moderação", "Logo De Um Jeito", "Nosso Amor É Perfeito" e Mulher Não Manda em Homem".
Mulher..., sem dúvidas, é a música mais pedida, especialmente pelo público feminino. Elas adoram o refrão e se identificam, sempre respondendo no meio da letra: Elas mandam em homem, sim. Sabe que as gatas têm razão?, brinca um dos vocalistas do grupo, Júlio Cézar.
Por falar em hits, uma das faixas dos cantores, Nada Pra Fazer, caiu nas graças das torcidas de futebol e até dos boleiros. Na conquista do Grêmio na Taça Libertadores, em 2017, um vídeo com o volante Maicon caiu nas redes sociais comemorando o título com os amigos, tendo o samba como trilha sonora.
Ainda nas imagens, aparece também o lateral Leonardo Gomes cantando, com os dois jogadores mandando recados para os integrantes do grupo.
"Essa música foi composta com o intuito de ser um hino para a roda de samba que tínhamos em Realengo. Daí, a canção tomou um corpo e andou por si, especialmente com as torcidas de futebol. Somos flamenguistas e os rubro-negros gostam de cantá-la durante os jogos. O sucesso foi tanto que ela precisou entrar no repertório dos shows, lembra.
O VPS (como o Vem Pro Sereno é conhecido pelos fãs) se organiza para o lançamento de um projeto especial: o disco de 20 anos, que virá com 14 faixas, oito com produção musical de Bruno Cardoso (Sorriso Maroto) e Lelê, responsáveis por nomes como Diogo Nogueira e Mumuzinho. Outras seis faixas são de responsabilidade do grupo.
Além disso, estamos preparando um novo DVD, garvado dentro do projeto Roda de Samba Nada Pra Fazer. A ideia é viajar por várias capitais, adianta. Pelo visto, 2020 promete para o VPS.
Além da festa "A Roda", no Ilha Shows, na Praia do Canto, em Vitória, o Dia do Samba será comemorado nas quadras de algumas escolas de samba, casas de shows e no reduto do ritmo no Estado: o Centro de Vitória. Confira o roteiro abaixo.
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