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Circuito de teatro encerra com peça on-line sobre Rubem Braga

Circuito de teatro encerra com peça on-line sobre Rubem Braga

Monólogo relembra fatos que aconteceram na vida do escritor cachoeirense sob um ponto de vista mais intimista. A peça será exibida nas redes sociais da WB Produções

Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 13:56

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Cena do espetáculo
Cena do espetáculo "Rubem Braga - A vida em Voz Alta". (Vitor Zorzal/Divulgação)

Após trazer artistas como Nany People, Heloísa Périssé e Matheus Ceará para os palcos capixabas, o encerramento do 11º Circuito Banestes de Teatro está marcado para esta sexta-feira (04), a partir das 20h, com a exibição on-line do espetáculo "Rubem Braga - A Vida em Voz Alta". De forma gratuita, a peça será transmitida ao vivo do Palácio Sônia Cabral, em Vitória, como medida para evitar o contágio do novo coronavírus.  

Com texto de Duilio Kuster, o monólogo busca relembrar fatos que aconteceram na vida do escritor cachoeirense sob um ponto de vista mais intimista. Entre alguns dos assuntos tratados, estão memórias da sua infância, a tensão provocada pela Ditadura Militar e a carreira como jornalista. Para falar sobre esses temas, há o resgate de um homem bem humorado e de textos ácidos, mas ao mesmo tempo simples e cheio de metáforas políticas. 

Essa é, aliás, a principal faceta de Rubem Braga que a peça do diretor Leonardo Magalhães desejou ressaltar. "Tentamos potencializar todas as histórias que ele contava, que, por si só, já são mágicas. Para isso, era essencial trazer as emoções contidas nas crônicas.  Queríamos muito resgatar a ideia do Braga falando sobre a própria alma e os sentimentos que guardava. Ou seja, como se o coração dele tivesse falando para o público", explica Magalhães.

No palco, o cachoeirense é interpretado pelo veterano José Augusto Loureiro, que é ator há mais de 43 anos. "Rubem Braga - A Vida em Voz Alta" foi a sua primeira experiência com monólogos e, segundo ele, a responsabilidade de interpretar alguém como o escritor tornou o desafio ainda mais difícil.

"São 18 páginas de roteiro, ou seja, mais de uma hora de texto falado direto. Isso é muito difícil. Mas acredito que conseguimos fazer um trabalho de corpo e alma. Como o texto é baseado nas crônicas dele, além de fatos que fazem parte da sua história, tudo é retratado de um jeito muito leve", ressalta.

A preparação para interpretar o artista também rendeu boas surpresas, como uma admiração pessoal de Loureiro pelo cachoeirense. "Enquanto pesquisava sobre ele, descobri um ser humano muito especial. Além de escritor, o Rubem tinha um carinho enorme pelos familiares e amigos, era uma pessoa iluminada. Quem não conheceu o Rubem Braga como pessoa, desconhece a humanidade que tinha nele", explica.

Braga, inclusive, nutria uma paixão muito grande pelo Espírito Santo. Por todo o espetáculo, são recuperados textos em que o cronista fala sobre o desejo de conhecer o litoral do Estado, além das memórias em Cachoeiro de Itapemirim, onde nasceu. "Tudo isso é citado com muito carinho nos seus textos, assim como tentamos retratar no palco", explica o ator. 

Outra característica do artista que se torna peça-chave do espetáculo é a ironia com que ele falava sobre os problemas do mundo em 1970. "Ele debocha um pouco das coisas que não são muito boas na vida, como o tempo em que ele trabalhou como correspondente da Segunda Guerra Mundial, na Itália. Mas fala de uma maneira que lamenta as guerras, por exemplo. Sempre tenta puxar esse lado mais humanista dos homens", conta Loureiro.

Após a apresentação, haverá um bate-papo com o diretor e o roteirista Duílio Kuster, onde irão falar sobre o próprio Rubem Braga e a importância da crônica. Toda a discussão será aberta às perguntas do público que estiver assistindo. Tanto a transmissão do bate-papo quanto da peça será feita peça no Facebook da WB Produções, que produz o espetáculo, e no canal do Youtube da empresa.

FIM DO CIRCUITO

Um dos sócios da produtora WB, Wesley Telles, conta que houve um saldo positivo com a mudança do circuito para o digital, devido à pandemia da Covid-19. Segundo ele, foram mais de 2 milhões de espectadores durante todo o projeto, inclusive de vários lugares do mundo. "Tivemos espectadores de Portugal, Irlanda, Estados Unidos, França… Ou seja, projetamos algo que era estadual para diferentes países. E nós nos mantivemos de pé em um momento onde a população precisa de carinho. Então, valeu muito a pena", afirma.

Para ele, o principal desafio do formato on-line foi o tempo de preparação para encontrar um formato capaz de entregar a mesma energia dos espetáculos presenciais. "O teatro sempre usou elementos digitais ao seu favor, mas houve uma surpresa muito grande com essa pandemia. Não teve um planejamento tão detalhado, porque tudo parou de uma forma brusca. Ficamos de março até julho acompanhando apresentações em todo o país, para descobrir um jeito de fazermos o festival", relembra.

Mesmo com o surgimento de uma vacina em 2021, aliás, o empresário admite que as lives teatrais vieram para ficar. É o que deve acontecer, de acordo com Telles, em algumas produções da WB. "Quando tudo isso passar, vamos apostar em apresentações híbridas, tanto on-line quanto presencial. Acho que deve ser uma tendência, muitas pessoas viram vantagens no mundo virtual e devem permanecer nele".

*Maria Fernanda Conti é residente do 23º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob supervisão do editor Erik Oakes. 

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