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Chico Maranhão costura 51 anos de história em novo álbum

Chico Maranhão costura 51 anos de história em novo álbum

Autor do frevo "Gabriela", interpretado pelo grupo MPB4, cantor e compositor lança "Contradições", 10º projeto de sua carreira

Publicado em 1 de novembro de 2018 às 22:52

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Em outubro de 1967, o frevo “Gabriela”, canção do cantor e compositor Chico Maranhão, entoava no palco do III Festival da Música Popular Brasileira, na voz do grupo MPB4. De lá pra cá, desde que sua composição alcançou a 6ª posição no festival, Chico lançou várias obras e agora decidiu costurar sua história nesses mais de 50 anos no álbum duplo “Contradições”.

São 22 músicas em um CD com apenas duas regravações, “Ponto de fuga”, um samba antigo que faz o link com o passado ea “Trilogia sonora à São Luís” que reúne “Os telhados de São Luís”, “Sobrado” e “Sobrados e Trapiches”.

Duas parcerias, também estão presentes no álbum, com o poeta Nauro Machado (falecido em 2015), na faixa “Quando Baixa o Crepúsculo” e “Roça Brasil”, com o cantor Chico Teixeira, em Roça Brasil.

O baião “Mandioca Pinga Sushi” traz na letra uma resposta a um trecho do conhecido discurso de Caetano Veloso no III Festival Internacional da Canção, de 1968, na apresentação de “É Proibido Proibir”, que segundo Chico se referiu a ele de forma inadequada.

“Este disco, além de outros “por quês”, deveria comemorar 50 anos de “Gabriela”, ideia que foi abandonada por já fazer 51 e não conseguia se lançar. Mas um dos motivos que provocou a urgência do lançamento do disco é que repentinamente estando em São Luís soube do lançamento de um filme sobre os festivais da Record na década de 1960 e não gostei da maneira como “Gabriela” foi considerada no filme”, entrega.

TRAJETÓRIA

Chico une toda sua história desde 1968 como uma bordadeira de boi, emendando ponto a ponto situações do passado, do presente e até mesmo do amanhã. Um disco cheio de contradições, que por isso ganhou esse título. Contradições de temas, de momentos, de épocas. Entre o presente e o futuro, entre o grito e o silêncio; como negação, como aceitação, como esclarecimento. Como o amor, o ódio a mágoa.

Chico carrega a cultura maranhense em sua música. Estão lá o Bumba Meu Boi, baiões, modinhas, frevos mas sem clichês.

“O que seria eu sem os elementos da minha cultura? O que seria este disco sem as vibrações do Tambor de crioula? Da Mina? Sem “a luz clara da manh㔠(de São Luís)? Sem “Paraná – panaçauá tibiri guaçú” (Praia Grande na língua Tupi)? Sem o ronco do Tambor onça no samba mais simples? Só pode exaltar raízes quem tem raízes para exaltar!”, diz.

Chico saiu de São Luís do Maranhão para estudar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU-USP. Lá se juntou ao efervescente movimento criativo e artístico dos estudantes. Em 1964 recebeu o convite de seu colega de faculdade Chico Buarque para tocar violão na montagem da peça pelo “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, para o TUCA (Teatro da Universidade Católica). E dali nunca mais parou. “Em São Paulo aprendi que a saída para vários de nossos inexplicáveis impasses como civilização encontra-se no que chamamos Arte”, diz.

"Contradições" de Chico Maranhão. (Kuarup/ Divulgação)

Contradições

Chico Maranhão.

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