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Capixaba é indicado ao Emmy por trabalho de produção de áudio nos EUA

Capixaba é indicado ao Emmy por trabalho de produção de áudio nos EUA

Henrique Landim concorre ao prêmio por seu trabalho na websérie americana "A Red Trolley Show", que mostrava apresentações de bandas no metrô de superfície de San Diego

Publicado em 17 de maio de 2018 às 00:31

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Quem acompanhava a cena musical capixaba na segunda metade dos anos 2000 vai lembrar de um nome: a banda autoral Proxy*, que figurava por vários festivais de rock pelo Estado e rodou várias cidades com seus shows. Vocalista e guitarrista do grupo, hoje desfeito, Henrique Landim, de 31 anos, há oito vive fora do país. No exterior, se dedicou à produção de áudio, e agora colhe os frutos de seu trabalho: Henrique foi indicado ao Emmy, maior prêmio da televisão mundial, que escolhe os melhores programas e profissionais da área – equivalente ao Oscar no cinema.

O capixaba foi indicado em uma categoria técnica, a de Melhor Áudio, pelo seu trabalho no episódio “Creature Canyon – ‘Indian Girl’”, da websérie “A Red Trolley Show”, na qual gravou, mixou e masterizou as performances musicais da produção. Essa já é a quarta indicação de Henrique ao prêmio, as outras três foram no ano passado. “Infelizmente ainda não ganhei, mas só receber a indicação é uma grande honra pra um brasileirinho perdido na ‘gringa’ (risos). Quem sabe dessa vez eu levo uma estatueta pra casa, né?”, comenta. A premiação rola no dia 16 de junho, em Palm Springs, na Califórnia, nos Estados Unidos.

O PROJETO

“A Red Trolley Show” é um projeto musical criado em 2012 e que consiste em apresentações de bandas no metrô de superfície de San Diego, cidade da Califórnia. “A gente basicamente convidava bandas locais ou de fora que estavam em turnê por San Diego para tocar ao vivo no metrô. Era um projeto em parceria com o próprio sistema de metrô e com uma cervejaria que tem uma cerveja chamada Red Trolley”, conta Henrique.

Ele, que já era fã da série, entrou para o projeto em 2014 após entrar em contato com o diretor. “Eu assistia aos episódios e adorava o conceito, mas sempre achei que o som era ruim (risos). Basicamente falei na tora que o projeto era ótimo mas que eles tinham muito o que melhorar, principalmente em termos de produção de áudio, aí eu me ofereci pra ajudar em alguns dos episódios”, relembra.

O diretor do projeto, então, aceitou Henrique na equipe e ele foi, aos poucos, se envolvendo cada vez mais, o que o ajudou a crescer também profissionalmente. “Aí eu consegui formar uma parceria com um estúdio de lá também, onde eles deixavam eu utilizar as salas pra mixar e masterizar de graça.”

O produtor de áudio integrou a equipe de “A Red Trolley Show” entre 2014 e 2017, quando mudou-se para a Nova Zelândia. Além da indicação ao Emmy, ele e os colegas de produção ganharam o prêmio Best Web Series no San Diego Film Awards, em 2015.

VIDA NOS EUA

Henrique Landim mudou-se para os Estados Unidos em 2010, decidido a seguir carreira na área de produção de áudio. Por lá, fez o curso de especialização na área no The Recording Arts Center, além do MBA (Masters of Business Administration).

“Foi ótimo porque além de trabalhar com som eu também ajudava as empresas que eu trabalhava a se desenvolverem como Business Development Manager, e eu também ajudava bandas a crescerem quando o tempo permitia. Eu basicamente não tinha nenhum minuto pra mim mesmo (risos)”, relata.

Como produtor de áudio, o capixaba teve a oportunidade de conhecer e trabalhar com quase todos os seus ídolos em diversos projetos paralelos, como Aaron Gillespie, Anti-Flag, Arctic Monkeys, Bad Religion, Hot Water Music, Jimmy Cliff, Joey Cape, Less Than Jake, Patrick Stump, Pepper, Rocket From The Crypt, Silversun Pickups, Switchfoot e The Kooks, além de personalidades como David Duchovny, Faran Tahir, Jane Seymour e John C. Reilly.

“Foi sempre sensacional trocar ideia com um monte de gênio (risos)”, declara.

Além dos projetos, Henrique trabalhou também no filme “Elysium” (2013), ficção científica estrelada por Matt Damon, e na série Madoff (2016), protagonizada por Richard Dreyfuss.

MUNDO AFORA

Desde julho do ano passado, Henrique mora na Nova Zelândia, mas a mudança dos EUA para lá não estava nos seus planos. Tudo aconteceu após a renovação de seu visto de trabalho ter sido negada pela imigração após Donald Trump assumir a presidência em 2017.

“A empresa em que eu trabalhava ofereceu tentar de novo, mas eu já estava muito cansado dos processos de visto, me deixava muito estressado porque as decisões não eram nada justas, e a argumentação que eles mandavam por ter negado os vistos (eu tive dois vistos de trabalho negados um atrás do outro) não faziam sentido nenhum, e estava claro que eles tavam negando só por negar, entende?”, afirma.

Como não dava para continuar em terras norte-americanas e voltar para o Brasil também não era um desejo, ele e sua esposa, Vivian, viram na Nova Zelândia uma nova oportunidade. “A Vivian tava fazendo bacharelado de Ciência da Computação nos EUA, aí descobriu que aqui na Nova Zelândia tinha uma universidade boa e acessível. Ela aplicou pra transferir os estudos, foi aceita, aí viemos pra cá”, conta.

Em seu novo país, Henrique ainda não pode se dedicar à profissão que sempre quis seguir. “Infelizmente não tem muita coisa nessa área pra fazer por aqui, principalmente se comparar com a Califórnia. Mas as coisas aqui estão tranquilas, apesar de eu ainda não ter encontrado um emprego fixo. Eu faço muito voluntariado pra ajudar na conservação da fauna local e faço freela de tradução e interpretação Inglês/Português, eu tenho um contrato com os hospitais locais também e sou o intérprete oficial deles”, revela. “A gente também tem um quarto extra na casa que estamos morando e a gente aluga pelo Airbnb, o que é bem legal. A gente conhece pessoas do mundo todo e isso ajuda na hora de pagar as contas”, completa.

Apesar do pequeno desvio nos seus planos iniciais, o capixaba tenta enxergar tudo pelo lado positivo. “Eu morei nos EUA por sete anos e vivi um grande sonho. Eu fui pra lá focado em virar produtor e consegui chegar mais longe que muitos americanos, foi um grande privilégio!”, reconhece.

Assista abaixo ao episódio pelo qual Henrique foi indicado ao Emmy:

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