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Amante do Samba Soul, Wesley Nóog lança 'O Samba é da Gente'

Amante do Samba Soul, Wesley Nóog lança "O Samba é da Gente"

Sétimo disco do músico traz dez faixas inéditas, das quais cinco recebem a assinatura de Nóog

Publicado em 1 de julho de 2020 às 14:00

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O cantor paulista Wesley Nóog está lançando "O Samba é da Gente", seu sétimo trabalho de carreira. (Joko Oliveira)

Pouco conhecido do grande público, Wesley Nóog é  muito conceituado entre a "nata" da MPB.  O paulista, radicado há quatro anos no Rio de Janeiro,  já dividiu o palco com artistas como Chico César, Jair Rodrigues, Nando Reis, Seu Jorge e Zeca Baleiro, além de ter se apresentado em várias turnês internacionais. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, teve a oportunidade de se apresentar em um espetáculo de "bluesgrass", um gênero derivado do jazz que mistura instrumentos como banjo, guitarra acústica e violino. Tamanho "background" serve de matéria-prima para o seu sétimo disco de carreira, “O Samba é da Gente”, disponível nas plataformas digitais. 

Produzido pelo maestro Paulão 7 Cordas, arranjador e diretor musical de Zeca Pagodinho, o álbum traz dez faixas inéditas, das quais cinco recebem a assinatura de Nóog, em um bem-vindo flerte com o samba soul. Entre os destaques, faixas como “Casa de Irene”, composta pelo cantor em parceria com Gabriel Spazziani e Renato Dias, e "Bate Palma Aí", um convite ao mais democrático dos ritmos, o samba de raiz.

"O disco nasceu ao avaliar o contexto atual da nova cena carioca, na zona sul do Rio, onde se 'criam' rodas de samba de forma espontânea e altamente popular. É uma espécie de homenagem a essa cultura fantástica", filosofa o cantor, em entrevista ao "Divirta-se" para falar sobre o novo projeto. Prevista para julho, a turnê de lançamento do CD teve que ser adiada para novembro por conta do isolamento social.

Durante o bate-papo, Nóog versou sobre suas referências musicais e fez questão de abordar o atual embate racial que toma conta da sociedade, seja americana ou brasileira. "O racismo institucional declarado, como o praticado nos Estados Unidos, é uma espécie de "doença mental" da elite branca, que não consegue superar o talento preto".

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    O álbum nasceu da necessidade de avaliar o contexto atual do novo samba carioca, especialmente o da zona sul do Rio. Por lá, tem muita gente talentosa despontando, como também ações envolvendo compositores de vários projetos coletivos, como o "Samba na Fonte". Percebemos uma gama de novos compositores de alto potencial. Muitos, porém, sem acesso aos meios de produção e distribuição. Fizemos uma triagem do material que recebemos. Um dos objetivos do disco sempre foi dar voz a esse pessoal talentoso. O apoio do maestro Paulão 7 Cordas foi fundamental. Trabalhamos juntos anteriormente, em uma roda de samba coordenada por ele. O Paulão ficou sabendo que precisávamos de um diretor e produtor musical e logo sinalizou interesse em trabalhar conosco.

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    Tenho forte influência do soul, em nomes como Aretha Franklin, All Green e The Stylistics, entre inúmeros outros que ouvia em função de minhas origens protestantes metodistas. Em nossas escolas dominicais, era tradição ouvir esse som. Em relação ao samba de raiz, tenho influências de Clementina de Jesus,  Cartola, Paulinho da Viola e Partido em Cinco. Eles serviram como uma espécie de "argamassa" na construção do meu edifício artístico (risos).

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    Gosto bastante de "Bate Palma Aí" e "Casa de Irene". Assino cinco faixas no álbum. "Casa de Irene", inclusive, é grande sucesso nas rodas de samba e nas rádios do Rio de Janeiro, o que me deixa extremamente alegre.

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    Este parceiros "entraram" em minha vida em função de estarmos nos mesmos palcos e eventos, o que ajudou muito em meu currículo. Em relação ao Chico, por exemplo, fiz abertura do "Festival Femadum", em que ele foi homenageado com a música "Mama África". Quanto ao Zeca, nossos filhos estudavam na mesma escola e mesma sala de aula. Nos encontrávamos nas reuniões de pais e mestres. Nesse período, fizemos uma temporada de três meses em uma casa de shows muito famosa em Sampa na época, o Zari Club.

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    O "Pôr do Samba", com Wesley Nóog & Roda Jardim Suspenso, acontece todo verão, na praia do Arpoador, local que foi palco nos anos 1980 e 1990 de grandes shows da música brasileira. Além disso, conta com o pôr do sol mais belo do Rio. Estamos indo para o quarto ano. Não fizemos essa temporada por conta da pandemia.  Em três anos, alcançamos quase 660 mil pessoas. Nossos convidados, normalmente, são compositores e sambistas de projetos coletivos e das escolas de samba do Rio de Janeiro, o que fortalece e dão robustez ao projeto, somando valores e preservando a cultura sambística.

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Wesley Nóog, cantor. (Joko Oliveira)
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    De fato, o planeta está em ebulição. A humanidade está passando por um processo de mudança, onde esse tipo de concepção, racismo e homofobia, por exemplo, não cabem mais. Os pretos americanos sempre estiveram na linha de frente nesse combate, o que muito nos inspira. O racismo institucional, declarado como tal nos Estados Unidos, é uma espécie de "doença mental" da elite branca, que não consegue superar o talento preto.  Em relação ao Brasil, não é diferente, embora o racismo aqui não seja institucional e sim com traços sociais ligados à pobreza. Isso leva a um outro um patamar de conflito em função da falta de oportunidades. O preto no Brasil é extremamente perseguido pelo racismo "velado", o que reflete na população preta como a principal vítima de homicídio.

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O preto no Brasil é extremamente perseguido pelo racismo velado, o que reflete na população preta como a principal vítima de homicídio.

Wesley Nóog
Cantor e compositor
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    Em relação à pandemia, o que chamo de tenebroso "Dilúvio Covid-19", a situação da classe artística no Brasil é ultrajante, principalmente os mais novos, que não têm o apoio que muitos "medalhões" possuem. Os governantes, que administram os recursos que chegam à União em formato de nossos impostos, têm obrigação moral de criar mecanismos para resolver o gravíssimo problema da pandemia. Basicamente, precisaria apenas de vontade política e planejamento, coisa que não vejo disposição para tal ultimamente. Parece que esse governo quer apenas o caos generalizado, para que possa impetrar políticas de ódio, desgastando a nossa democracia. 

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    Estou em uma série de atividades que envolvem ioga, que pratico com minha mulher, para ter equilíbrio mental, físico e espiritual. Também estou investindo em estudos literários e musicais, no intuito de criar novas composições. Trabalho muito na internet também, fazendo lives e participando de festivais on-line. Vejo as lives e as redes sociais como as novas ferramentas para manter o contato constante com o público. A "indústria" tal qual se conhecia não existe mais, foi "solapada" pelas novas formas de comunicação. Isso obriga o artista,  principalmente os independentes, a ser mais criativo. Obviamente, as aglomerações para shows ao vivo não serão possíveis em certo espaço de tempo. Isso faz com que sejamos ainda mais empreendedores para lidar com esse distanciamento social.

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