Polarização na política: dois lados nem tão distantes assim

Há lições a serem tiradas da experiência retratada no vídeo, produzido por este jornal, que buscou pontos em comum entre eleitores de Bolsonaro e Haddad

Publicado em 10/10/2019 às 05h00
Atualizado em 10/10/2019 às 05h02
Quando os opostos se parecem, com eleitores de Bolsonaro e Haddad. Crédito: Reprodução/A Gazeta
Quando os opostos se parecem, com eleitores de Bolsonaro e Haddad. Crédito: Reprodução/A Gazeta

Com um pouco de interesse, é cada vez mais possível perceber que a polarização política que ganhou tanta dimensão na vida em sociedade nesta década está fundamentada mais nas bravatas de uma minoria do que nos anseios reais de cada pessoa para o Brasil, independentemente de posições políticas. De perto, ninguém é tão radical (ou pelo menos nem todos são), e as interseções entre os opostos são mais evidentes do que se imagina. Um vídeo produzido por este jornal, que deu voz a oito eleitores de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, mesmo que esteja longe de ser um estudo sobre o comportamento do cidadão dentro do espectro político — e nem pretende tanto — serve como um vislumbre de como os estereótipos muitas vezes são frágeis.

A iniciativa, apresentada pela repórter Maíra Mendonça, funcionou mais como um jogo com os oito personagens reais. Analisando seus depoimentos, o internauta é convidado a adivinhar se cada um votou em Bolsonaro ou em Haddad, no segundo turno da eleição presidencial do ano passado.

Mesmo que forjada como uma brincadeira, há lições a serem tiradas da experiência, até nos casos em que o participante seguiu uma linha mais coincidente com o seu voto: ficou evidente que o desejo de um Brasil melhor é compartilhado por todos. Os caminhos para tanto é que são distintos: podem ser muitas vezes até discutíveis, e é para se chegar a um acordo que a própria democracia funciona também como uma mediadora. O voto não pode jamais ser menosprezado, é o instrumento da transformação.

Não quer dizer que ninguém tenha se enquadrado dentro de um perfil já determinado de eleitor: em alguns momentos, uma frase bastou para cravar a escolha do participante. Mas é quando os próprios argumentos se embaralham que se fortalece a esperança de se estabelecer canais de debate nos quais a intolerância dê lugar a um diálogo franco e aberto, com todos tendo o direito de se expressar, respeitando a existência e os espaços alheios. Os oitos participantes do jogo são um pedacinho de Brasil que, de forma muito honesta, permite uma perspectiva otimista, de um país onde os objetivos comuns sejam motivos de união, sem que as diferenças nos separem a ponto de inviabilizarem a convivência.

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