Brasil deve aproveitar chances de exercer protagonismo internacional

O país possui bagagem suficiente, cultural e política, para marcar sua posição diante do mundo. Basta ter mais habilidade

Publicado em 14/09/2019 às 17h09
Atualizado em 16/09/2019 às 02h53
Pintura da bandeira do Brasil. Crédito: Divulgação
Pintura da bandeira do Brasil. Crédito: Divulgação

O Brasil desperdiça boas oportunidades de protagonismo internacional, mesmo que simbólico. A questão do meio ambiente é central nesse aspecto. Se o despreparo do governo federal em lidar com a gestão dos recursos naturais brasileiros pode provocar um desmonte ambiental de forma institucional, é fato que o país nunca teve a capacidade de estar realmente na linha de frente das grandes batalhas ecológicas que vêm sendo travadas principalmente dos anos 80 para cá. Não esteve totalmente alheio, é verdade, mas poderia ter construído uma imagem de Estado que não fosse facilmente abalada por investidas de governos menos habilidosos.

Para especialistas, o marco zero do consenso de que não existe possibilidade de crescimento econômico descolado da preservação ambiental foi a Eco 92, realizada no Rio de Janeiro naquele ano com a participação de quase 200 chefes de Estado. O Brasil, então, esteve no centro do mundo. Mas, com o passar dos anos, o país, com sua biodiversidade colossal e detentor do ativo ambiental mais significativo do planeta que é a Amazônia, deixou de ser admirado para ser tornar motivo de preocupação, atualmente levada às últimas consequências. Inviabiliza-se cada vez mais que se exerça o soft power na área, algo que poderia fortalecer sua influência mundial.

Esse “poder suave” não é dado de bandeja, é cultivado por meio de posições bem demarcadas e diplomacia (outro setor que pode sofrer reveses). É exercer influência sem ameaças militares, pela disseminação de valores capazes de se disseminarem pelo mundo.

Os Estados Unidos souberam usá-lo a seu favor com Hollywood, e assim continuam com as gigantes de tecnologia. Culturalmente, o Brasil também tem caminhos para solidificar esse prestígio, por meio da música, do cinema, da tv e do turismo. Mas ainda permanece aquém das possibilidades.

O Brasil carece de consolidar uma autoridade moral internacional, mas não parte do zero. No próximo dia 24, o presidente Jair Bolsonaro deve fazer a abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, confirmando a tradição que se mantém desde a décima sessão da cúpula, em 1955. Um lugar de destaque conquistado pela relevante atuação do então ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, na fundação da ONU. Há bagagem suficiente ao país, portanto, para marcar sua posição diante do mundo. Basta habilidade.

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